Uveíte Recorrente Equina

Também conhecida como ‘Cegueira da Lua’

A Uveíte Recorrente Equina é uma enfermidade muito frequente em cavalos. Pode levar a um quadro de cegueira, dependendo das possíveis alterações oculares e podem comprometer o olho.

É conhecida como uma inflamação na camada vascular (média) que compõe o bulbo ocular. Sendo também classificada como úvea ou trato uveal. As estruturas que compõem a úvea são a íris, corpo ciliar e coróide.

Essa inflamação tem como causa mais frequente a ação de diversos agentes. Entre os quais, os principais são a Leptospira Interrogans (leptospirose) e a microfilária do nematóide Onchocerca Cervicalis.

Outras causas: trauma direto ou perfurante, adenite equina, brucelose, também são descritas em livros. Seu prognóstico dependerá do diagnóstico precoce, do tratamento e do acompanhamento do caso. Sendo uma patologia com muitos episódios recidivos de inflamação ocular.

O globo ocular é constituído por três túnicas: túnica fibrosa (esclera e córnea), túnica vascular (íris, corpo ciliar e coróide) e túnica nervosa (retina).

A uveíte, como já falado anteriormente, consiste na inflamação das estruturas que fazem parte da túnica vascular, a úvea (íris, corpo ciliar e coróide).

Essa inflamação ocorre por diversas etiologias, traumáticas (perfurantes ou diretas), brucelose, toxoplasmose, Leptospirose, adenite equina, entre outras.

Pode acometer somente o segmento anterior do olho, somente a segmento posterior ou ambos os segmentos, sendo classificada como panuveíte.

A fisiopatologia da Uveíte Recorrente Equina é meio incerta. Porém, acreditamos que pela clinica recidivante, a resposta positiva ao uso de corticóides e presença de infiltrados de células inflamatórias, como os linfócitos presentes na íris e corpo ciliar, levam a crer em uma reação imunomediada.

A recidiva é explicada pela literatura como uma resposta amnésica que é criada a partir da retenção de linfócitos de memória no interior do trato uveal.

Diagnóstico

Para chegar ao diagnóstico, é de extrema importância o exame minucioso e detalhado das estruturas anexas ao bulbo. E de estruturas que fazem parte do globo ocular.

Importante ressaltar que devemos sempre realizar esse exame em ambos os olhos iniciando pelo histórico/anamnese, exame físico oftálmico e exames complementares. Se forem necessários, como por exemplo, ultrassom de retina.

Os sinais clínicos dependerão do tempo da uveíte. Em uveítes agudas, iniciais ou recorrentes, as alterações oculares presentes serão muito semelhantes a uma ulcera de córnea. Apresentando assim epífora (lacrimejamento), fotofobia (sensibilidade á luz), blefarospasmos (olhos fechados), hiperemia conjuntival, hifema (uveítes traumáticas),opacidade corneana e miose.

Quando há, após alguns dias, a passagem do estado agudo para uma fase quiescente, temos melhora dos sinais clínicos inflamatórios. Porém, histologicamente, ainda será encontrado presença de inflamação uveal em menor intensidade.

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Na fase crônica observávamos a presença de sinéquias (anterior ou posterior da câmara), atrofia da íris, catarata, luxação ou subluxação do cristalino, glaucoma, entre outras.

Em equinos, a principal causa da catarata ocorrerá secundária a uma uveíte. Importante o clinico veterinário solicitar o exame de sorologia para leptospirose, brucelose e toxoplasmose.

Tratamento

O tratamento será efetivo e menos recorrente quando soubermos a causa da uveíte. Mas não são todos os casos que teremos o diagnóstico.

O objetivo do tratamento nesses casos será o alívio da dor, a redução da inflamação, a preservação da pupila e principalmente a prevenção da cegueira que pode ocorrer.

Em casos onde é diagnosticada a causa principal que está levando a uveíte, devemos fazer uso de medicamentos sistêmicos. Para o tratamento local tópico, utilizamos colírios corticosteróides (acetato de prednisolona).

Podemos também utilizá-los na aplicação subconjuntival (acetato de metilprednisolona em 0,5 a 1m) de acordo com os sinais clinicos.

A frequência das aplicações tópicas ou subconjuntivais dependerá da severidade dos sinais clinicos presentes. Em Uveites graves podemos fazer o uso de colírios a cada duas horas.

Por via endovenosa, pode-se utilizar antiinflamatório; analgésico e até mesmo alguns antibióticos, quando necessario.

Com a presença de úlceras de córnea, vamos substituir os corticóides pelo uso de AINES (Flurbiprofen). Para alivio da dor intraocular, será utilizado midríaticos e cicloplégicos (Atropina 1% ou a 4%).

O uso de antibióticos tópicos só serão feitos em situações de uveítes com presença de úlcera de córnea, e intravenoso será utilizado em animais positivos para Leptospirose (estreptomicina-penicilina).

Conclusão

É de extrema importância o conhecimento dessa patologia pelo clinico veterinário. Por ser uma doença que acomete frequentemente a espécie equina, a uveíte recorrente deve ser diagnosticada e tratada o mais rápido possível.

A fim de que tenhamos um ótimo prognóstico sem possíveis complicações como a cegueira. Logo após a melhora dos sinais clínicos, sempre bom manter acompanhamento, por ser uma doença que tem grande recidiva.

Por Carolina Almeida Foga, Rachel Campbell e Hélio Itapema
Referencia bibliográfica: http://www.scielo.br/pdf/cr/v30n2/a30v30n2.pdf | http://www.sovergs.com.br/site/38conbravet/resumos/188.pdf
Clinica de Equinos Itapema (11) 94020-2080
Fonte: Editora Passos
Fotos: horsetalk

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