Saúde & Bem-estar

Doenças emergentes em Equinos

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Cavalos atletas estão constantemente em contato com doenças que podem regredir seu desenvolvimento esportivo e trazer prejuízos financeiros aos seus proprietários.

A notificação de doenças graves reemergindo como o mormo, a raiva, encefalomielite e influenza equina tem sido frequente, por isso é de suma importância a atualização por parte dos criadores sobre as doenças reemergentes no Brasil e para que possam tomar os devidos cuidados profiláticos.

Influenza equina
A influenza equina é uma doença infecciosa do sistema respiratório causada por um RNA-vírus da família Ortomixoviridae, gênero Influenzavírus A. O vírus dessa doença sofre mutações constantes e pode ser mais ou menos severo de acordo com seu subtipo, saúde do animal, manejo e condições ambientais.

Influenza. Foto: Vet Smart

Patogenia e sinais clínicos
Pelo motivo deste vírus atacar o sistema respiratório superior dos equinos os sinais clínicos mais aparentes são: tosse, febre, apatia, redução do apetite, secreção nasal serosa podendo evoluir para mucopurulenta caso haja infecção secundária.

Métodos diagnósticos
As amostras para diagnóstico laboratorial devem ser coletadas por médicos veterinários, através de swab nasofaríngeo, que deve ser encaminhado ao laboratório. A amostra de sangue é utilizada no exame de hemoaglutinação para pesquisa de anticorpos e o swab nasofaríngeo para pesquisa da presença do vírus. A positividade do teste deve ser notificada a defesa agropecuária.

Tratamento
O tratamento da influenza é sintomático e deve-se reduzir o nível de vírus no ambiente isolando os animais infectados, além de que os animais não devem ser submetidos a estresse desnecessário. Equinos que sofrem infecções graves podem ficar fora de forma para competições por 50-100 dias após a infecção.

Raiva equina
A raiva é uma enfermidade viral, infecciosa e aguda, de notificação obrigatória, pode ser transmitida através de contato de ferimentos com saliva de animais infectados e morcegos hematófagos sendo a espécie principal o Desmodus Rotundus.

Patogenia
Essa doença ataca o sistema nervoso central dos mamíferos sendo as manifestações clínicas dependentes da fase da doença ou parte afetada que pode ser o cérebro, tronco encefálico e medula espinhal.

Sinais clínicos
Os sinais característicos da fase prodrômica, ou seja, a doença no cérebro, são movimentos involuntários, cegueira, atitude de pressionar a cabeça contra objetos, agressividade, apatia, sonolência e mudanças de atitude. Essa fase é curta e é caracterizada por mudanças de conduta.

Os sinais clínicos da fase excitativa que é a doença no tronco encefálico apresentam-se com o andar descontrolado do animal, retração do globo ocular, dificuldade de apreensão e mastigação, queda do lábio e perda dos movimentos da língua. Essa fase é marcada pela agressividade e sinais exacerbados.

Na fase paralítica, ou seja, ao atingir a medula espinhal, a doença causa paralisia dos membros torácicos e pélvicos, portanto o animal permanecerá em decúbito lateral ou esternal.

Métodos diagnósticos
Normalmente o animal vai a óbito de 24 horas a 7 dias após apresentar os sinais clínicos, sendo o diagnóstico feito após a morte. Considerando o perigo de contaminação e que o resultado dos métodos de diagnóstico depende das condições de conservação e coleta da amostra, é recomendado que esse material seja manuseado por um médico veterinário.

Em geral, o veterinário encaminha a cabeça do animal refrigerada para o laboratório. Caso o resultado seja positivo para raiva equina é obrigatório a notificação para a defesa agropecuária.

Tratamento e Profilaxia
Uma vez que não há tratamento para a raiva, as medidas de controle e profilaxia baseiam-se no controle de vetores e a vacinação dos animais. A vacinação deve ser feita nos primeiros 3 a 4 meses de idade sendo a segunda dose um mês após.

Mormo
Mormo ou lamparão é uma doença infecto-contagiosa dos equídeos, ou seja, o cavalo infectado tem a capacidade de infectar outros animais.

Patogenia
Essa doença é causada pelo Burkholderia mallei que se faz presente em secreções de animais infectado como: o pús, secreção nasal, urina e fezes. O agente penetra por via respiratória, digestiva, genital ou cutânea (por lesão) e posteriormente cai na corrente sanguínea onde alcança e lesa órgãos como pulmões e fígado.

Sinais clínicos
Os sintomas mais comuns são a presença de nódulos nas mucosas nasais, pulmões, gânglios linfáticos, catarro e pneumonia. Na forma aguda ocorre febre, fraqueza, prostração, pústulas na mucosa nasal que se transformam em úlceras profundas com uma secreção amarelada e posteriormente sanguinolenta.

Métodos diagnósticos e tratamento
Não há tratamento para o mormo. Os animais suspeitos devem ser submetidos à prova complementar de maleína por um veterinário do serviço oficial e caso o animal seja positivo, deve-se notificar imediatamente a defesa sanitária onde vão tomar as medidas necessárias para o controle da doença na região.

Encefalomielite equina
A encefalomielite é uma doença zoonótica viral que acomete equinos e é conhecida como “falsa raiva”, “doença de Aujesky” e “peste-de-cegar”. Essa doença pode ser dividida em três grupos: a leste (EEE), oeste (WEE) e venezuelana (VEE), sendo a VEE rara em território brasileiro. Não há uma faixa etária mais predisposta, podendo atingir desde potros a animais adultos.

Encefalomielite. Foto: Microequinos

Patogenia
A doença é transmitida por morcegos hematófagos, carrapatos e pelos mosquitos Aedes spp. e pelo Culex spp. e tem sua porta de entrada pela pele do animal quando picado pelo vetor contaminado. O alphavírus (RNA da família togaviridae) que é transmitido para o equino tem tropismo por células nervosas, onde provoca ações inflamatórias típicas causando-lhes distúrbios neurológicos.

Sinais clínicos
Os sintomas nos equinos são equivalentes a perturbações na locomoção, com falta de coordenação motora, caminhar irregular e em círculo; febre; hipersensibilidade ao ruído e tato; períodos de excitação com aparente cegueira; sonolência; apatia; quedas frequentes; visão comprometida; emagrecimento rápido; pálpebras caídas; apoio da cabeça em obstáculos.

Métodos diagnósticos
O diagnóstico é feito por sorologias com técnicas de hemaglutinação-inibição, fixação de complemento, imunofluorescência indireta e soroneutralização. Em casos do animal ou o homem vir a óbito pode ter-se o diagnóstico definitivo através de necropsias.

Tratamento e profilaxia
A enfermidade dura de dois a sete dias sendo o tratamento eficaz somente no início com aplicação de soro antiencefalomielítico com o animal em local calmo, limpo e escuro. A profilaxia é feita controlando os vetores, desinfetar os alojamentos e vacinar os animais.

Por Dr. Arthur Araujo Chaves
Médico Veterinário | Doutorando em Fisiopatologia Médica e Cirúrgica de Grandes Animais (Unesp campus Araçatuba) | Professor do Curso de Medicina Veterinária do Unisalesiano/Araçatuba-SP

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