Especial Dia da Mulher: nos bastidores elas são imbatíveis

Muitas vezes com uma jornada dupla, tripla e até quádrupla, esposas de treinadores e competidores precisam ‘se virar nos 30’ para dar conta de tudo

Não tem jeito, a função da mulher moderna é ser multitarefa. Em muitas famílias, fica para a mulher cuidar da casa, dos filhos, do marido, dar suporte ao trabalho do marido e tocar seu próprio negócio. E foi pensando nelas que elaboramos esse ‘Especial Dia da Mulher: nos bastidores elas são imbatíveis’.

Conversamos com esposas de treinadores e competidores a fim de saber como elas conciliam filhos, casa, casamento, trabalho, lazer, estudo, ufa…. e ainda buscam tempo para elas mesmas. Os desafios constantes de lidar com uma alta demanda de responsabilidades, certamente, geram uma série de decisões.

Sem dúvida, elas precisam achar uma forma de organizar e sincronizar tudo. Por outro lado, será que elas sentem medo de não conseguir dar conta? Como será que, no meio do cavalo e do rodeio, essas guerreiras fazem?

Cavalo x Mulher. Em outras palavras, uma jornada dupla, tripla, quádrupla. E é por isso que nesse Dia da Mulher queremos homenageá-las contando algumas das muitas histórias que estão espalhadas no nosso meio.

E foi essa a pergunta que fizemos a elas: como você concilia a vida de casa, vida pessoal de lazer, com as viagens/prova do marido/filhos e ainda na administração dos centros de treinamento/haras?

Tatiana

Tatiana Ganasevici Gruman – Haras RT

“Acho que a mulher, por natureza, é sempre taxada como essa figura de ‘super heroína’. Somos nós que, de fato, ‘damos conta’ e aí se não dermos. Portanto, há a preocupação com nosso lugar na sociedade e a possível sensação de ter falhado se não conseguirmos. Na prática, é um serviço de equilibrista. Mas, eu penso que você tem que gostar.

Os cavalos foram e são uma paixão para mim. Acima de tudo, foram eles que me fizeram formar essa família. O amor veio do meu pai e o destino me fez conhecer o Renan. Então, acho que o grande segredo para essa ‘conta fechar’ seja amar o que estamos fazendo. Existem muitos dias que me sinto sobrecarregada e outros nem tanto.

Aí está o equilíbrio de novo. E a chave é manter a organização. Mesmo com dificuldades, a gente consegue acertar e dar asas para os nossos sonhos. Os momentos de lazer são poucos, mas necessários. Relaxar é fundamental para manter o psicológico bom. Apesar de lidarmos com animais, também lidamos com pessoas e com sonho das pessoas.

O Francisco, nosso filho, também gosta bastante, já que ele encontra muitos amigos nas provas. Nesse último ano, as aulas online ajudaram nisso – em não acumular faltas devido as nossas ausências para as viagens de provas.

Em resumo, para conciliar é preciso manter a cabeça equilibrada, gostar dessa vida para ela ser possível e proveitosa e não se culpar demais quando não conseguir resolver tudo. Sempre há um novo dia e mais oportunidades para por tudo no lugar!”

Viviane Ferreira – ACR (Associação dos Campeões de Rodeio)

“Eu sendo dona de casa, mãe de duas crianças pequenas, esposa e, além disso, estar junto do Edevaldo (Ferreira, competidor de montaria em Touros) na administração da ACR tenho que saber administrar bem meu tempo a fim de dar conta do dia.

Para isso eu tenho meu tempo programado. Acordo muito cedo, cuido dos afazeres da casa, tarefas das crianças, almoço. Então, a partir das 14h, deixo a agenda toda exclusivamente para ACR, sem hora para acabar. É um dia a dia corrido, mas consigo até dar umas passeadas e me dedicar a gastronomia, que eu adoro”.

Especial Dia da Mulher: nos bastidores elas são imbatíveis! Muitas vezes com uma jornada dupla, tripla e até quádrupla, elas dão conta de tudo
Leslie

Leslie Gomes Osti – Haras Jamaica

“O amor é que me faz conciliar o emprego com a família. Por mais que as coisas sejam estressantes, tudo eu faço com amor, se não sai como a gente planeja. A minha família é um amor incondicional, onde recarrego minhas energias, me refaço. Assim como sofro, comemoro, perdoo. A minha família é tudo o que eu sou, a minha base para ser o que eu sou.

Em outras palavras, o companheirismo com o meu esposo (Roque Osti), e o amor, é claro, me fazem conciliar a casa, as filhas e o esposo, e o emprego. Acho que eu posso dizer que eu sou uma mulher maravilhosa, amo minhas filhas, amo meu esposo e amo o que eu faço”.

Jaqueiny

Jaqueiny Monike – Haras Tri Mais Ranch

“Confesso que não é fácil conciliar a vida de esposa, mãe, dona de casa e ainda provas e viagens! Mas o AMOR é sempre MAIOR e fala mais ALTO. Quando vamos para as provas, a correria começa. Faz um pouco das malas, arruma as traias, volta para as malas. Em seguida, vai ao mercado enquanto o marido está dando banho na tropa.

Daí volta, termina de colocar as últimas roupas e itens nas malas. Confere se está certinho, se está tudo arrumado, remédios, roupas e as botas. Logo depois, confere as papeladas e documentos de todos e dos cavalos. Arruma a caminhonete, filha, marido e cachorro (risos), que é mais um membro da família que temos que cuidar.

Ufa!!! Uma jornada dupla, tripla, quádrupla … sei lá quantas!?. Mas mesmo assim agradeço em ser MULHER. Não me canso de agradecer. Ainda mais quando o resultado chega, seja de mim, da minha filha, marido ou mesmo dos meninos que nos ajudam nessa batalha”.

Ana Claudia Teodoro Baião – Baião Reining Horses (Arizona/EUA)

“Para mim, o mais difícil, um exercício diário, é dançar conforme a música. Não adianta querer dar conta de tudo o tempo todo, tem que saber priorizar. Quando eu comecei a trabalhar de ‘groom’ aqui nos Estados Unidos e a gerenciar o centro de treinamento do Muehlstaetter, onde meu marido o Pedro era treinador, minha rotina era basicamente acordar bem cedo e voltar para a casa todos os dias depois das 8 horas da noite. Se parar nem para almoçar. Era uma correria só, mas eu e o Pedro estávamos sempre juntos. 

Quando eu engravidei trabalhei até o final da gestação, mas em um ritmo menos acelerado. Hoje meu filho tem 2 anos e meu trabalho só aumenta. Além de mãe, dona de casa, esposa, ‘groom’, sou a pessoa que é responsável por toda a parte administrativa/financeira do centro de treinamento. Não é fácil e pior ainda é quando você não tem uma rede de apoio, como no meu caso. Eu não tenho ninguém da família perto que possa me ajudar e isso acaba sendo muito desgastante para mim.

Rotina é uma coisa que eu ainda não tenho, pois o Ben ainda não está na escola. Mas, basicamente, a parte da manhã eu tento organizar a minha casa enquanto ele dorme. Quando ele acorda vamos para o rancho. Voltamos para o almoço e a tarde faço alguma coisa de escritório ou das redes sociais que eu gerencio. E a noite eu preparo o jantar, o Pedro chega do rancho e conseguimos ficar juntos um pouco. Caio na cama muito cansada.

Alguns dias preciso encaixar um supermercado, sair para fazer compras para o rancho ou passar no veterinário para pegar algum medicamento, e ainda gravar, editar e postar conteúdos para as redes sociais. Tem dias que não consigo fazer absolutamente nada do que eu queria ou planejei e tem outros que faço e ainda sobra tempo. Quem é mulher vai me entender, a gente consegue se desdobrar em mil para conseguir dar conta do recado certo?!

Incluo ainda nessa equação toda as provas. Sempre vou junto, com o filho a tira colo, para trabalhar e torcer muito. Confesso que está faltando o tempo para mim, isso eu ainda não tenho! Mas eu sei que quando o Ben entrar na escolinha vai dar para organizar isso melhor. Aproveito o final de semana e deixo livre, sem cobranças. Dormir até um pouco mais tarde, sair para passear, comer fora, assistir filmes e aproveitar em família! Eu acho que o segredo disso tudo é a gente conseguir não se cobrar tanto!”

Ana Paula Mailho Savini – Haras Savini

“Na verdade, tudo vai se encaixando. Apesar de cuidar da casa e das minhas filhas, ainda tenho a empresa e o haras. Nunca é fácil! Acabo delegando os afazeres da casa e procuro ter gente de responsabilidade comigo.

Chega a ser cansativo, porque no haras a burocracia fica tudo comigo. Mas mesmo assim é muito gratificante! Tudo que eu faço pela minha família acaba sendo recompensado. Participar desse grande turbilhão de emoções e sentimentos que as muitas jornadas me proporciona. São momentos ímpares de muita felicidade, porque eu fico cada vez mais próxima das minhas filhas”.

Fernanda Nogueira Dias – CT Miguel Dias

“Sou esposa do treinador Miguel Dias e administro o centro de treinamento. Minha vida no Quarto de Milha começou como competidora. Me casei com meu treinador e vieram meus filhos, que logo seguiram nossos passos. Então, deixei de competir pelos compromissos com filhos, casa e a administração do nosso CT.

A vida no meio de competição, para mim, é bastante corrida, pois tento ajudar nas reservas de baias (que sempre acabam em 1 segundo), na escolha dos dias de inscrever para as categorias Test-horse. E ainda decidir qual prova é mais viável para determinado momento. Também organizo trailer, malas, exames e vacinas, GTA…

Uma loucura semanal, mas que ao mesmo tempo é muito prazeroso para quem ama tanto o esporte, como sempre foi meu caso. O cavalo que, antigamente era um mundo masculino, hoje acredito que não só nós mulheres conquistamos nosso espaço, como também dominamos o esporte como um todo. Temos mulheres que são treinadoras de cavalo, competidoras e empreendedoras”.

Jéssica Barbon – WP Ranch

“Ao receber este ilustre convite parei para analisar a fundo essa questão de conciliar as mais diversas funções que desempenho: esposa, minha carreira profissional e na administração do WP Ranch, ao lado do meu marido Bruno Vaz. E percebi que, apesar de ter assumido literalmente jornada tripla, não enxergo como sobrecarga e sim como uma escolha ligada à amor e dedicação. Tudo que sai do coração não se torna um fardo e sim um propósito.

Há quase uma década eu assumo um propósito, abraço um sonho, cultivo expectativas, alimento planos e colhemos cada vez mais os frutos do que sonhamos, juntos. Não é só sobre casamento, não é só ter uma carreira profissional, ou sobre administrar jurídico, financeiro do rancho. Não é só sobre participar de eventos, que seja debaixo de sol, quer seja debaixo de chuva.

Também não é só sobre todas as viagens que fazemos para competições, ou sobre não ter tanto tempo para lazer. É sobre cumplicidade, ao meu companheiro de vida, aos nossos animais e respeito aos nossos clientes.

Eu costumo dizer que tudo por aqui sempre girou em torno do Winning Pep, a nossa grande estrela, e que honra poder tê-lo! Na nossa casa ‘só dá’ o Winning, nos nossos investimentos financeiros, nas viagens que durante muitos anos se resumiram a ele, até nas nossas alianças (risos) e, principalmente em todos os nossos sonhos.

Não serei hipócrita de dizer que não tivemos momentos difíceis, ou que nunca me vi cansada. Essa jornada realmente não é fácil, isso sem contar que no início ainda era universitária. Mas poder chamar a história deles de ‘nossa’ é um enorme prazer pra mim”.

Especial Dia da Mulher: nos bastidores elas são imbatíveis! Muitas vezes com uma jornada dupla, tripla e até quádrupla, elas dão conta de tudo
Andréia

Andréa de Oliveira Finotti – Haras Phoenix

“Meu dia começa às 6h30 da manhã tratando os cavalos. Logo depois levo minha filha na escola, tomo café da manhã e vou montar os cavalos. Entre um cavalo e outro, aproveito para colocar uma roupa na máquina ou estender ou recolher. Assim, por volta de 11 horas volto para casa, preparo o almoço e levo meu enteado para escola. 

Em seguida, faço anotações dos dias que tem prova, visita de veterinário, ferrador. Organizo a chegada de feno, alfafa, ração e serragem até as cinco. Depois venho para casa para limpar e organizar as coisas da casa. Isso quando não vamos para prova. Semana de prova somo tudo isso a arrumar as coisas no trailer e no caminhão a fim de sairmos de viagem.

O final do dia fica para tomar um bom banho e buscar meu enteado na escola, passar no mercado e voltar para casa. Faço uma janta e enfim, curto o marido. No dia seguinte, começa tudo outra vez: monta cavalo, encilha, desencilha, dá banho, solta no piquete; estende e recolhe roupa, limpa casa, faz comida, leva e busca as crianças na escola; passa no mercado, faz inscrição para prova, enquanto a filha brinca; por fim vem o marido, fazer um cafuné, conversar um pouco, cuidar e curtir“.

Luzia Taboga – CT Taboga

“Em primeiro lugar, tenho de ser grata a Deus por tudo o que tenho. Gratidão pela vida, pela saúde, pela família, amigos e pelo trabalho que desempenho ajudando no negocio da família. Não é muito fácil, mas a gente aprende a dar conta de todas as funções com perfeição. Acho que isso já é algo natural das mulheres, conciliar casa, família, filhos, e trabalho externo. 

Sempre gostei muito dos desafios e sempre tentei aprender sobre assuntos os quais eu não dominava ou domino. Não sei se isso é bom ou ruim, porém aprendi com o tempo que nem sempre as coisas são como a gente quer. Mas quando fazemos com amor o que gostamos sai muito bem feito.

Tento fazer as coisas sempre ficarem o mais próximo possível da perfeição. E que, antes de qualquer coisa que queiramos iniciar, temos que planejar e se organizar para ter tranquilidade para as situações inesperadas que algumas vezes acontecem. Acredito que todas as mulheres são guerreiras. As que fazem os serviços da casa e as que além da casa também têm um trabalho externo. A maior parte das mulheres hoje conciliam casa, família e trabalho externo. São funções totalmente diferentes e que em todas exigem muita dedicação.

Eu vou falar por mim. Desde quando me casei adoro minha função de mulher do lar cuidar da casa, marido, filhos. Tenho dois que são minha inspiração e orgulho e ainda tenho meu netinho Diogo, que adoro passar a maior parte do tempo possível com ele. Gosto de receber os amigos e me faz muito bem trabalhar no CT, que é o negocio da família. Então, exige de mim muita dedicação. Faço a parte administrativa e ajudo na organização de tudo que se faz necessário para uma boa evolução nos trabalhos internos e externos. 

Quando temos que viajar com a equipe e os cavalos nas competições, sim é cansativo, mas tem a recompensa de se fazer um trabalho bem feito e somos uma equipe familiar. E agora eu passo algumas funções que eram minhas para uma aliada muito importante, a Natieli, minha nora. Sem dúvida, este é o maior retorno e orgulho, vê-los dando continuidade ao trabalho que eu e o Carlão começamos com dedicação e amor. Não só o Luis e a Natiele, mas também o Rodrigo e a Nila.

Quero deixar uma mensagem a todas as mulheres em seu dia especial: ‘Proverbios 31.10. Uma mulher virtuosa quem pode encontra-la? O seu valor muito excede ao de rubis’. Falo deste versículo porque o rubi é uma pedra preciosa e rara. E assim são as mulheres, muito preciosas. Que nunca desistam de seus sonhos, busquem a Deus em primeiro lugar. Ele mostrará o que cada uma deve fazer da melhor maneira para que seus sonhos se realizem”.

Bruna Cunha – CT Paulo Cunha

“Em dias atuais, as várias jornadas de trabalho estão frequentes nas vidas de nós mulheres. Tento, através das minhas diversificadas atividades, colocar amor em tudo o que faço. E não é fácil, porque tudo isso requer cuidados especiais. Tenho que procurar dar o melhor de mim para minha família

Quanto às provas e o Centro de Treinamento, concílio treinando juntamente com o Jefferson, meu esposo, nos mesmos horários. Conto com a ajuda dos meus sogros para cuidar do meu filho. A noite reservo aos trabalhos domésticos e filho.

Quando preparamos para viagem de provas, os trabalhos triplicam. São mais extensos, como arrumar traias e cavalos e dar os aparatos finais para que tudo ocorra bem nas provas e com os animais. Por isso a dedicação e o amor no que faço me faz sentir realizada!“.

Michele

Michele Aparecida Gonçalves – CT Cláudio Silva

“Para dar conta de tudo, levanto às 5 da manhã. Faço o café do Cláudio para ele sair já pra trabalhar. Aí fico por conta dos pequenos, com o café e mamadeira deles. Em seguida faço as tarefas de casa, limpar e colocar as roupas na máquina. Ás 10 horas começo a preparar o almoço. A tarde começa com as aulas online dos meninos. 

Fico ao lado deles e às 3 horas da tarde vou para os haras. Cuido de toda a parte administrativa do CT. Ás 6 da tarde todo mundo jantando e depois banho e cama. Não tem jeito, temos que ser motorista, professora, médica, babá, amiga e até psicóloga.

Quando vamos sair para prova, um dias antes eles arrumam as traia e eu organizo os acessórios todos, como caneleira que vai em cada cavalo, uns usam liga, então separo tudo. Também faço trança nos animais, ajudo a carregar as traias. Depois de tudo arrumado dos animais, parto para arrumar as nossas malas e pegar estrada“.

Especial Dia da Mulher: nos bastidores elas são imbatíveis! Muitas vezes com uma jornada dupla, tripla e até quádrupla, elas dão conta de tudo
Neia

Dulcinéia Correia Melo Peixoto – Rancho São Jorge/Hípica Versátil

“Conciliar a vida pessoal, filhos e marido com as viagens não é fácil, mas que valor teria se fosse fácil. No meu caso, com marido treinador, tenho alguma vantagem. Porém, os passeios são limitados, porque quem trabalha com animal não tem dia nem hora. Os filhos ficam para segundo plano, hoje que já são crescidos, e têm vida própria. Quando eram menores, dificilmente conseguíamos sair todos juntos. Mas é o preço da vida que escolhemos.

Administrar o haras, que é nossa casa também, vou contar como é difícil. Porque todos os problemas diários do centro de treinamento estão dentro da nossa casa o tempo todo. Como fechar a porta e dizer ‘agora é só a casa’, impossível. Ainda mais que os animais precisam de nossa atenção 24 horas. Temos que conhecer cada um e ter a percepção se estão bem. Contudo, com o passar dos anos você já faz tudo no automático.

Os familiares já sabem e quando marcam festa ou qualquer comemoração nos perguntam se temos compromisso de trabalho. Nossos finais de semana, geralmente, são em prova, e mesmo assim é difícil ir às festas da família. Em contrapartida, temos o privilégio de acompanhar nossos filhos de perto, coisa que normalmente os pais não podem, por saírem para trabalhar todos os dias.

Tudo se resume em organização, administrar a casa, a vida com o marido e filhos, haras e tudo mais. Isso não quer dizer que vai sair tudo perfeito, mas procuramos ser felizes, porque o CAVALO é nossa forma de viver“.

Tatiana Salgado – Eduardo Salgado Performance Horse (Texas/EUA)

“Comecei a cuidar das cobranças e coisas do Eduardo desde quando ele começou, há 20 anos. Do alto dos meus quase 40 anos hoje eu consigo enxergar que não dou conta de tudo! Sempre quis ser a pessoa que cuida de tudo e faz tudo para todo mundo, mas especialmente do ano passado para cá comecei a trabalhar muito em mim uma mudança. Realmente a gente não dá conta de tudo. A vida muda o tempo todo e as situações também. Especialmente no nosso caso, depois dos filhos e da mudança de País.

Hoje sou eu que cuido de toda a parte de escritório, funcionários, compras, inscrições de prova. Tudo que o CT precisa comprar e organizar para a prova, levar e buscar as crianças da escola, cuidar da casa (que é pra mim a função mais cansativa, sem fim). Também cuido de outros dois projetos que faço em paralelo e pelo menos três vezes na semana eu tiro uma hora do meu dia pra cuidar de mim. Escolhi a corrida, que apesar de ser algo acelerado, uso esse tempo de correr para descansar a mente.

Fazendo uma analogia com o cavalo, até conversei sobe isso com meu marido outro dia. Imagine se ele tivesse que ir trabalhar e fosse sozinho? Começar tratando dos cavalos, limpar baias, selar, montar, dar banho, selar o outro e assim por diante. Passar o trato no fim do dia, deixar tudo limpo e organizado, enfim, quantos cavalos ele montaria no dia? Será que o barracão estaria sempre em ordem ou sobraria serviço para o outro dia e depois para o outro.

Fazendo essa comparação eu consigo ver que realmente quando a gente assume muitas funções não conseguimos desempenhar todas como elas deveriam ser. E é mais ou menos o que é a minha rotina. Sozinha, eu tenho que deixar a casa em ordem, os filhos, alimentar todo mundo, lembrar de tudo que precisa. Tem dias que me organizo de um jeito e ele sai totalmente do planejado, algumas tarefas ficam para outro dia.

Em evento, a gente praticamente monta uma nova casa para dar tudo certo nos dias que ficamos fora. O Eduardo e a equipe dele ficam focados nos cavalos e o resto todo é comigo. Nós mulheres somos multi, somos capazes de abraçar o mundo. Às vezes não como imaginamos ou como queríamos, mas com toda certeza somos capazes de nos organizar e dar conta do recado!!!”

Especial Dia da Mulher: nos bastidores elas são imbatíveis! Muitas vezes com uma jornada dupla, tripla e até quádrupla, elas dão conta de tudo
Ana Paula

Ana Paula Francischinelli Ventura Leão – CT Ailson Leão

“Não é nada fácil conciliar todas as funções atribuídas a nós mulheres, mas tento ao máximo me organizar com cada coisa no seu tempo. Com calma e com a ajuda do meu esposo e da minha família. Uma das formas é que uso uma agenda onde coloco todas as coisas que precisam ser resolvidas, como exames dos cavalos, vacinação, vermifugação, estoque de ração, feno, medicamentos, suplementos, ferrageamento e o financeiro (contas a pagar e receber).

Na semana das provas, tenho que fazer as reservas das baias e inscrições, organizar a mala de roupas do marido (quando vamos juntos, a minha mala e do nosso filho), alimentação, documentação dos cavalos e GTA. No meio disso tudo, consigo me organizar com os afazeres da casa, cuidar e educar nosso filho: missão mais difícil e importante.

Em semanas que não tem prova, a rotina é basicamente cuidar dos afazeres domésticos, marido e filho. Gostamos muito de estar em casa com os animais, então sempre curtimos juntos esses momentos. Amamos essa vida e os cavalos, então tudo é muito prazeroso. Nosso filho também adora participar dos afazeres e por mais cansativo que seja, estamos sempre juntos.

Claro que as coisas não saem perfeitas todas as vezes. Já aconteceu de chegar ao laboratório para deixar o sangue para os exames de AIE e mormo e perceber que esqueci os tubos (risos). Ou não mandar cobertor pro marido ir ara prova em época de inverno. Mas no final, tudo se resolve e lá estamos nós prontas para a próxima. Agradecemos a Deus por todas as bênçãos em nossas vidas e somos muito felizes com tudo isso“.

Tania Rodrigues – Rancho Karoline

“Infelizmente não sei montar, e tenho até um pouco de medo dos cavalos, então tento ajudar de outras formas. Então, eu faço de tudo que não envolve o treinamento direto. Minha missão é fazer o que posso para resolver outras coisas, assim meu marido não precisa se preocupar com isso e pode focar só no treinamento.

Cuido da parte financeira (cobrança e pagamentos), compras (ração, equipamentos, serragem, medicamentos), tarefas administrativas e cuidados gerais do rancho, preparativos de viagem, funcionários. Dificilmente saímos, pois vivemos em função do rancho, dos cavalos e das provas. Assim, quando tiramos alguma folga ou viajamos é aproveitando alguma outra situação relacionada ao trabalho.

Muito do que eu faço é um trabalho mais manual e muitas vezes pesado, como limpar baia, roçar, podar, então é realmente cansativo. Mas é basicamente o trabalho de um rancho, não tem muito como fugir disso. É cansativo, e é todo dia. Não tem como não tratar ou cuidar dos cavalos em dia da semana.

Como hoje nossa filha já é adulta, não tenho mais tanto essas preocupações de levar pra escola e administrar as atividades dela, como normalmente se tem com filhos menores. Já passei dessa fase. Ela mora no rancho também, e hoje me ajuda um pouco na parte administrativa”.

Dani

Daniela Barbosa – Decatur/Texas

“Sou esposa do bullrider Rubens Barbosa, ele monta aqui nos Estados Unidos pela PBR. A fim de ajudá-lo sou eu que faço tudo em casa, e também pago contas, compro passagens e reservo hotéis quando precisa. Meu marido vai para o rodeio e eu e minha filha Yasmin ficamos em casa!

Eu não costumo ir muito para os rodeios, só quando quero conhecer um lugar diferente ou quando é perto. Aqui em Decatur, Texas, onde moramos, faço comidas brasileiras para vender, coxinha e salgados em geral, empadão, feijoada, massas. Já trabalhei fazendo faxina, mas depois que tive um problema de saúde, infelizmente diminui o ritmo.

Inclusive, desde que a pandemia se instalou eu saio muito pouco de casa. Principalmente por conta do meu problema de saúde. A Yasmin tem 16 anos, faz aula on-line, então fica mais fácil para mim hoje em dia gerenciar tudo por aqui. Ela ainda não dirige, geralmente preciso levar ela nos lugares, na parte da tarde. E a manhã toda dedicada às encomendas”.

Por Luciana Omena
Colaboração: Ana Oliveira
Crédito da foto de chamada: Divulgação/Unsplash

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