O 44º Campeonato Nacional da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha – ABQM nem bem começou e já virou motivo para celebração com um novo recorde: 19 inscritos no Paratambor. Essa é então uma conquista que deve ser comemorada por todos, inclusive por ela, Veridiana Trajan Real, ou Veri Real, como é carinhosamente chamada.
A paratleta é a grande responsável pela criação e inclusão dessa categoria dentro dos Três Tambores em provas oficiais e oficializadas da ABQM. “Lutei muito por tudo isso. Para que todos enxergassem o quanto somos capazes e ainda mais em cima de um cavalo Quarto de Milha, que é o cavalo mais versátil do mundo”, comenta Veri.
Paratleta
Dessa forma, é impossível falar da criação da categoria sem antes contar a história de Veri, que está diretamente ligada aos cavalos. Sua história de superação vem desde o nascimento, quando, ainda no parto teve uma paralisia cerebral, provocando uma tetraparesia cerebral nível motor II, ptose bilateral, ausência do movimento de Bell, pouca força nas pernas e dificuldade de coordenação.
Para alguns médicos, a paratleta não iria andar e nem falar, com uma vida limitada a poucas ações por causa do alto comprometimento do cérebro. Entretanto, contrariando os laudos médicos, com um ano e meio, sua mãe, Andrea Real, colocou-a em cima de um cavalo, apresentando um mundo diferente e que hoje é a paixão de Veri Real.
Então, No decorrer dos anos, a paratleta já passou por cinco cirurgias, mas nada a abalou ou tirou o seu foco. Então, aos 15 anos, tudo parou em sua vida por conta de uma cirurgia delicada, que a deixou na cama por quatro anos. Mas, Veri não se deu por vencida e teve uma recuperação gradativa.
Ultrapassar barreiras e estimular mais pessoas
Assim, vendo que tudo era possível para ela, após ter participado de provas de marchas, hipismo rural, enxergou nos Três Tambores a adrenalina e o estímulo que precisava. Assim, começou a participar de provas. Nesse meio viu que poderia fazer mais por ela e por tantos outros que tinham alguma deficiência.
Veri Real então entrou em contato com a ABQM e solicitou a criação de uma categoria que atendesse pessoas com deficiência. Em seguida, a solicitação foi atendida, com a categoria inclusa na modalidade de Três Tambores no Campeonato do Quarto de Milha, em 2016, realizada na cidade de Avaré (SP). Na ocasião, três paratletas participaram da competição.
Bem como, em toda sua trajetória no Paratambor, Veri Real mostra a sua superação com os resultados em pista, diminuindo o seu tempo a cada competição feita. Atualmente, a paratleta é considerada então a embaixadora dos Três Tambores na categoria Paratambor.
“Quando estiver velinha quero ter a certeza de que a minha passagem por aqui não foi em vão. Consegui semear a igualdade entre nós, atletas. Transformei vidas com esse sonho, plantei sorrisos e a vontade de lutar”, fala Veri.
Paratambor
Conforme a ABQM, a categoria de Paratambor é destinada a competidores com limitações físicas e/ou sensoriais que afetam em competições independentes. Recentemente, a modalidade, que era chamada de Três Tambores apenas, foi batizada como “Paratambor”, com um nome mais apropriado para a competição de paratletas.
“Não poderia jamais esquecer de como essa categoria nasceu. Após um curso que fiz com a grande campeã mundial Joyce Loomis Kerneck, minha amiga Natasha Marcondes César enviou um e-mail ao senhor Regis Fratis (in memorian), explicando a minha ideia, da construção de uma categoria para pessoas com alguma limitação. Ele abraçou com todo o amor esse pedido, reforçando o quão querida é a raça Quarto de Milha e a ABQM, que aderiu, com amor, todos nós, paratletas”.
Conquistas
Uma das maiores conquistas aconteceu em 2020, mesmo em meio às dificuldades que o ano ocasionou para quase todos, os paratletas da categoria ganharam um reconhecimento a mais, recebendo premiações em dinheiro.
Agora, em 2021, a conquista é número de inscritos, que vem aumentando em cada competição, a categoria, que começou tímida, com apenas três competidores, cresceu. A prova disso é o número de competidores para o Nacional, que teve 19 inscritos. De acordo com a programação da ABQM, a competição dos paratletas ocorre no último domingo de provas, dia 22, com início previsto paras às 8h.
“Gostamos de entrar na arena e como todos disputar segundo a segundo e cada vez mais superar nossos tempos. Não poderia deixar de agradecer a Dra. Gabrielle, a nossa coordenadora Camila Tavares e a todo o comitê que tanto trabalha por nós. E também ao Cicinho Varejão, que que apoio muito a categoria e agora o Caco que vem dando um grande espaço para nós. Viva a igualdade e que Deus abençoe a todos nós!”, finaliza Veri.
Por: Heloísa Alves
Crédito da foto de chamada: Divulgação/Hugo Lemes
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