O crescente movimento do Paratambor dentro da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM) é constante e notável. Prova disso foi o número de paratletas inscritos nas provas de Três Tambores no 31º Congresso Brasileiro, quase 20 atletas.
A ABQM vem incentivando, cada vez mais, a participação dos competidores com deficiência nos esportes equestres. Nos últimos anos, os organizadores têm aumentado o cuidado em adequar a pista aos competidores mais especiais.
Atualmente, a ABQM possui mais de 70 competidores com deficiência habilitados para participar das provas oficiais da raça Quarto de Milha, no país.
O paratleta Murilo dos Santos, de 16 anos, o pai e a treinadora viajaram por oito horas para participar do Congresso. O jovem é um dos destaques do Paratambor e com o tempo de 19s005, garantiu a melhor marca da modalidade no Brasileiro 2021. Murilo começou a competir depois de participar de um projeto de Equoterapia.
“O Murilo tem autismo e deficiência intelectual. Mas, quando monta no cavalo, não há qualquer limitação. Antes de competir, Murilo passou pela Equoterapia que auxilia no processo de inclusão das pessoas com deficiência e percebemos que ele tinha potencialidade para o esporte. Quando você descobre que é possível essa inclusão pra eles, essa acessibilidade, vemos que os direitos são iguais e legítimos para todos”, afirma Eliane Baatsch, treinadora de Murilo.
A desenvoltura o atleta nas pistas impressiona e segundo a treinadora, quando monta no cavalo, ele se torna um campeão.
“Eu tenho um agradecimento muito grande à ABQM por proporcionar essa oportunidade para pessoas com deficiência de terem acesso ao esporte. O paratleta é também um atleta de alto rendimento. O treinamento do cavalo é fundamental nesse esporte. Quando você coloca uma pessoa com deficiência pra correr é um conjunto. A parceria do cavalo Quarto de Milha com o paratleta é fantástica”, garante Baatsch.
Para a família, o esporte com cavalo foi mais do que uma ferramenta de inclusão social. “A gente levou o Murilo pra Equoterapia, porque ele gosta muito de cavalo. Mas, a gente nem imaginava que ele pudesse se tornar um atleta e chegar onde chegou. Ele é nosso campeão”, afirma o pai do paratleta, Moacir da Silva.
Superação
A instrutora de equitação e treinadora do Murilo, que é também apaixonada por cavalos, começou a trabalhar com a Equoterapia, após um acidente. “O esporte sempre fez parte da minha vida. Durante uma prova, eu sofri TC (Traumatismo Craniano), mas nada me impediu de continuar. Hoje, eu coordeno três centros de Equoterapia em São Paulo, com mais de 600 pessoas com deficiência. Da mesma forma que o esporte fez sentido na minha vida, hoje faz sentido na vida do Murilo. Com ele, eu aprendi a acreditar e confiar”, diz emocionada, Eliane Baatsch.
Veri Real embaixadora do Paratambor
A paratleta Veridiana Tranjan Real foi a primeira paratleta a ser reconhecida e receber um prêmio no 14º ABQM Awards, premiação tão almejada pelos competidores.
Veri Real foi a responsável por levantar a bandeira dos paratletas junto à ABQM. A paratleta começou a vida equestre participando de provas de marcha, hipismo rural e encontrou na modalidade de Três Tambores a adrenalina e o estímulo que precisava.
Porém, até então, não havia a categoria Paratleta no esporte e ela participava como uma apresentação. Foi aí que Veri Real teve a ideia de entrar em contato com a ABQM para solicitar a criação de uma categoria que atendesse as pessoas com deficiência.
Finalmente, em 2016, durante o Campeonato do Quarto de Milha, realizado na cidade de Avaré (SP), a solicitação foi atendida, instituindo a categoria Paratambor na modalidade de Três Tambores. Na ocasião, três paratletas participaram da competição.
A paratleta é considerada então a embaixadora dos Três Tambores na categoria Paratambor, destinada à competidores com limitações físicas e/ou sensoriais que afetam em competições independentes, segundo descritivo da associação.
Por: Camila Pedroso
Colaboração: ABQM
Foto: Arquivo/ABQM
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