Penso que toda raça de cavalo deve ou deveria ter uma função.
É um pensamento meu, que sempre tive e acho que não mudo tão cedo. Quando digo função é utilização, montar, usar o cavalo para algo. Infelizmente nem todos os dirigentes de associações de raças pensam assim e não os condeno ou acho que estão errados. Cada associação cria para si o mercado que julgue que lhe interesse. Mas, o que vemos no mercado são raças que têm como “função” somente agradar aos olhos do dono. Cavalos que ficam parados para que um juiz olhe sua morfologia, compare-a com o padrão zootécnico estabelecido e dê notas.
Tudo bem, cada um faz o que quer com seus cavalos, mas particularmente vejo que em termos de aumento de criadores, cavalos e do quadro de associados – desejos que aparentemente todas as associações trabalham – isto é arriscado. Devemos sim dar uma função a mais para os cavalos. Temos ainda raças que priorizam somente 1 modalidade, mesmo sabendo que o cavalo tem aptidões para outras. Obviamente que cada raça tem seu talento para esta ou aquela modalidade, e que também conta o interesse do proprietário, mas o risco de se ter um grande “estoque” nos haras é muito alto desta maneira.
Se uma raça é boa para determinada modalidade, e os criadores todos criam somente visando esta modalidade, penso que a criação deve ser pequena, ou este criador vai ter prejuízos. Isto porque não se pode desprezar uma importante idéia: quantos cavalos viram os craques, olímpicos, top 10 do mundo ou de um país? A minoria. É como no futebol ou qualquer outro esporte. E o que fazer com os cavalos que não virarem “top” das modalidades a que o criador se propõe?
A sugestão seria investir em outra modalidade, fazendo com que a grande maioria dos cavalos (sim, a maioria não vira craque…) tenha um mercado e uma função para que o haras possa girar as vendas. Começamos a ver em algumas raças e criadores que há um ou dois anos estavam empolgados e que agora já não estão mais… Dizem eles que o mercado está saturado ou que não existem compradores. Talvez existam compradores para os craques (que são a minoria), e, para os cavalos “do meio”, (que são a maioria), o que falta é encontrar coragem para investir em outras modalidades, identificar os craques para ela e rodar a roda da criação de cavalos…
Por Aluísio Marins, MV
Foto: cedida