Foi a primeira vez da modalidade nos Jogos e ela é a única mulher até hoje a ter feito parte da equipe brasileira
Quando o quarto Jogos Equestres Mundiais estava para começar em Jerez de la Frontera, na Espanha, em 2002, o futuro do evento era incerto. Houve um surto de febre aftosa na Europa em 2001, algo que podia afetar a confiança das pessoas. A organização, no entanto, teve apoio de todos os lados e conseguiu fazer uma edição bem-sucedida.
Renata Ricci conta sua experiênciano WEG de 2002
O grande público e a atenção da mídia trouxeram benefícios consideráveis para a cidade anfitriã e para toda a região. Além disso, a Andaluzia, província espanhola onde Jerez está localizada, é um verdadeiro país de cavalos. Tem uma rica tradição equestre, que remonta a séculos. Jerez é a cidade da Real Escola Andaluza de Arte Equestre.
No total, 48 países participaram dessa edição. A maior disciplina foi o Enduro, com 150 atletas. Pela primeira vez, o WEG foi realizado em sete modalidades quando a Rédeas começou a fazer parte do quadro da Federação Equestre Internacional. Nesse novo esporte, o único western da lista, 49 competidores foram inscritos, de 11 países.
Nossa equipe foi formada por Alexandre Ramos com Poccodo Andy, Franco Bertolani com Country Dun It, Gilson Diniz Filho com Jungle Doc e Renata Ricci com Identic Smarvel YM. Terminamos a competição em sexto por equipes e em nono no individual com Xande. Até hoje, essa é a melhor participação brasileira no WEG.
“Para decidir quem ia aos Jogos, tivemos quatro passadas aqui no Brasil. Duas notas foram descartadas e das duas melhores notas, os quatro melhores somados se classificaram. Mas ainda não estávamos com a ida confirmada para Jerez. Tivemos que ir para os Estados Unidos e passar por uma nova seletiva. Lembro que foi uma prova entre nós, eles, Canadá, México, Japão e outros. Os Estados Unidos ficaram em primeiro, Canadá em segundo e Brasil em terceiro”, relembra Renata.
Com esse terceiro nessa outra seletiva, o Time Brasil carimbou passaporte para Jerez. Nos Estados Unidos, os atletas alugaram os cavalos, mas com a vaga na mão, os animais em que correram as seletivas brasileiras foram mandados para a Espanha. “Fizemos uma aclimatação de 20 dias treinando em Portugal. E de lá, fomos de caminhão até Jerez”. E tudo foi novidade por lá!
Hoje mais experiente, Renata espera poder tera chance de representar novamente o Brasil.
Foto: Adilson Silva
“A sensação é indescritível até hoje. Era a primeira vez da Rédeas no evento, ninguém sabia como ia ser. Caímos de paraquedas lá, era tudo diferente. Muita coisa que apareceu a gente não sabia como lidar. Não foi fácil. Essa participação foi super importante para minha carreira, mas não foi fácil, era um caminho novo. A gente não sabia os detalhes, melhor para os cavalos, os esquemas. Hoje está tudo mais encaminhado”.
Mas tudo valeu a pena, reforça Renata. Para ela, foi um momento em que as pessoas a reconheceram como atleta, treinadora e profissional. “A experiência serviu muito também para que eu aprendesse a trabalhar em equipe. A Rédeas é um esporte individual e nos Jogos, além do nosso desempenho, temos que pensar em ajudar o time. De repente, não era só mais eu e meu cavalo. Pensar no coletivo foi muito importante”.
A experiência, segundo ela, foi única. “Espero um dia ter um outro cavalo a altura para classificar e fazer parte do time brasileiro de novo”. Para esse ano, a treinadora e competidora está torcendo muito. “Acho que é o melhor time que a gente já teve. São treinadores que moram nos Estados Unidos e outros que tem experiência internacional. Os cavalos são muito bons também. Quem está indo é realmente quem anda na frente hoje. Acredito que temos grandes chances de voltar com medalha esse ano”, finalizou Renata, que foi a única mulher até hoje a integrar o Time Brasil.
Os Jogos Equestres Mundiais de 2018 acontecem de 11 a 23 de setembro, na Carolina do Norte, Estados Unidos. O Tyron Internation Equestrian Center vai receber atletas de todo o mundo das modalidades Adestramento (Dressage), Atrelagem (Driving), Concurso Completo de Equitação (Eventing), Enduro (Endurance), Dressage Paraequestre, Rédeas (Reining), Salto (Jumping) e Volteio (Vaulting).
Nossa torcida já pode ir se preparando para vibrar por Franco Bertolani e Wimpys Little Colonels, Thiago Boechat e SG Frozen Enterprize, João Felipe Lacerda e Gunner Dun It Again, Marcelo Almeida e Mahogany Whiz, Roberto Jou e F5 Licurgo Tapajós. Para ficar por dentro de tudo: tryon2018.com.
Por Luciana Omena
Foto de chamada: Álvaro Maya