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O caminho de Ty Erickson para uma grande vitória esse ano

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Estavam em jogo US$ 100.000,00 e ele dependia da decisão do juiz. O próprio competidor de Bulldog conta a história

Estava de volta ao brete do The American no início deste ano. Era a última corrida da última rodada do rodeio. Dezenas de milhares de fãs lotaram o AT&T Stadium, casa do Dallas Cowboys. Eu estava montando Scooter, o cavalo de Bulldog de Tyler Pearson e Kyle Irwin. Se eu marcasse 4s3 ou menos ganharia um cheque de US$ 100.000,00. E este ano, pela primeira vez, metade desse valor contou para o ranking mundial da PRCA. Era uma passada muito importante.

Para ganhar o The American é preciso ser rápido. Balancei a cabeça, pedi a soltura do boi, então aconteceu uma coisa engraçada. Saí do brete e a barreira envolveu a perna de Scooter. Mas seguimos mesmo assim, desci no boi e finalizei a prova. Mas eu só pensava em uma coisa: Eu quebrei a barreira? No AT&T Stadium não dá para ver o tempo que marcamos, porque o telão está acima da nossa cabeça.

Então, olhei para meu parceiro de viagem, Tyler Waguespack. Ele comemorava, então soube que tinha feito um bom tempo. Mas o que eu queria saber mesmo era se tinha ou não quebrado a barreira. Eu tentei gesticular para ele, perguntar se tinha sido iam corrida limpa.

competidor de Bulldog
Ty Erickson

Encontrando meu ajuste

Eu cresci em Helena, Montana, cercado por cavalos. Meu pai, Sid, é veterinário e faz trabalho de quiropraxia. Minha mãe, Janet, treina cavalos de Três Tambores. Eu sempre quis ser um cowboy de rodeio. No meu primeiro ano do ensino médio, decidi ir em busca da National Finals Rodeo no Laço Individual. Estava realmente apaixonado por laçar. Achava que se eu tentasse no Bulldog, ia me machucar.

Então um dia minha mãe disse que um buldogueiro local, chamado Nick Stubblefield, estava levando seu cavalo para o meu pai trabalhar. Ela queria que eu desse uma chance ao Bulldog com a ajuda de Nick. Era até engraçado ver sua mãe te incentivando a fazer algo mais perigoso. Mas minha mãe cresceu em uma família de atletas. Eu sou um cara grande e ela sempre achou que eu poderia ser jogador de Futebol Americano ou Cowboy.

No começo, eu não tinha certeza sobre aquela ideia. Mas Nick me mostrou algumas coisas, como me proteger, algumas técnicas. E foi muito natural para mim. Desde o momento em que experimentei o Bulldog (Steer Wrestling), adorei. Amei fazer os movimentos ainda no ‘dummy’. O futebol nunca foi opção, mas o rodeio sim, então optei pelo Bulldog. Outra coisa que curti muito também foi a camaradagem entre os competidores da modalidade.

Comecei a praticar com Nick e alguns dos meus amigos, Garrett Hanson e Timmy Sparing. Aprendemos a técnica adequada para sair do cavalo em movimento e descer nos bois. Ainda me lembro do dia que fiz isso pela primeira vez. Estava orgulhoso do fato de que eu pude ‘pular’ no meu primeiro boi. Durante todo o ensino médio, eu competi em Calf Roping, Team Roping e Steer Wrestling, mas sabia que ia me profissionalizar no Bulldog.

De 2010 a 2013, viajei para etapas do circuito de rodeios com o Nick. Eu devo muito a esse cara. Ele me ensinou técnica e me ensinou como vencer. Essa é uma grande parte de ser bem-sucedido. Não é só quem sabe como fazer o melhor, mas também como se dar bem nessa indústria contra os melhores caras do mundo.

Obviamente, não tem como fazer boas apresentações e ganhar sempre, mas Nick me ensinou todas as nuances. Me ensinou que nem sempre é preciso ser o primeiro lugar. Às vezes, se você conseguir terminar em segundo, terceiro ou quarto lugar e ganhar dinheiro, no final você ainda estará no jogo. Eu tive muita sorte em aprender isso quando era jovem. Desde que entrei na PRCA em 2011, me classifiquei para a NFR cinco vezes. Em 2017 foi a melhor temporada, quase fiquei com o título mundial.

competidor de Bulldog
Ty Erickson

O juiz

De volta ao AT&T Stadium, dependia da ação do juiz para saber se eu tinha quebrado ou não a barreira. A mesma coisa aconteceu comigo anos antes, durante as finais do circuito universitário de rodeio. Quando eu estava na Montana State University, me classifiquei nos quatro anos. No primeiro ano, na decisão, acho que marquei 3s7, mas a barreira tinha enrolado na perna do meu cavalo e eu vi, de canto de olho, o juiz assinalar que eu tinha quebrado a barreira.

Fiquei chateado, estava fora da decisão, mas não fiquei com raiva. O que se pode fazer? É o juiz que decide. Então, alguns anos depois, estava na mesma situação, só que dessa vez valria US$ 100.000. A decisão do juiz podia me custar muito caro. Olhei para meu amigo e gesticulei, queria que ele me dissesse logo se tinha sido uma corrida limpa. E foi. Meu tempo de 4s2 foi bom o suficiente para a vitória.

A primeira vez que ganhei o The American foi em 2016. Naquele ano, eu estava competindo no Champions Challenge, e havia um grande rodeio marcado para o mesmo dia em Scottsdale, Arizona. Quinze de nós precisávamos estar em Scottsdale, então tínhamos alguns jatos particulares alinhados. Assim que desci do palco para receber meu prêmio, tive que correr para o avião. Lembro-me de pensar em como eu queria ganhar esse evento e não pude ficar lá e aproveitar o momento. Mas esse ano foi exatamente o que eu fiz. Saboreei cada minuto.

E foi ainda mais doce saber que metade do prêmio, ou seja, UR$ 100.000,00, iriam contar para o ranking mundial. (Ty Erickson lidera o ranking no momento, praticamente classificado para a NFR). Eu ganho a vida me dedicando a estar na NFR. Tento ficar focado 320 dias por ano em terminar no top 15. É estressante até chegar que chegue o dia que o ranking fecha e sim, estou nas finais. Estou um pouco confortável esse ano, graças ao The American. A decisão do juiz me deixou com um grande suspiro de alívio.

Por Ty Erickson/The Cowboy Journal
Tradução e adaptação: Luciana Omena
Fotos: Matt Cohen

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