Parece que sempre foram os competidores de montaria contra os atletas das cronometradas. Isso tem que acabar
Recentemente, li a coluna de Shane Hanchey (laçador) que falava sobre incrementos nas premiações. E também li o que Sage Kimzey (touros) falou sobre o assunto. Ambos tocaram em grandes pontos. Há uma diferença no montante geral de prêmios, mas o que se deve observar é que estamos todos ‘juntos nesse trem’. O que serve par uma modalidade, devia servia para as demais.
Existe um vínculo silencioso entre os que montam em Saddle Bronc e no Bareback. Eles se ajudam mutuamente, por exemplo, a se preparar para uma montaria. Tem uma parte da arena em que ficam os caras do Bareback, prontos para se apresentarem, e os de Saddle Bronc, se preparando. Normalmente, antes mesmo do rodeio acabar, a maioria pega estrada rumo à próxima etapa. E isso não é diferente para atletas de outras modalidades. Cada um lida de uma forma, mas a questão é: quando a nossa prova termina, nunca houve motivo para ficarmos e socializarmos.
Isso mudou dentro de mim desde que me juntei à equipe 12 Gauge Ranch. Uma porta se abriu para eu poder conhecer mais competidores de outras modalidades. Essa é uma equipe composta praticamente por atletas do rodeio cronometrado, como buldogueiros, amazonas e laçadores. Portanto, passei a conhecer Shane e Ty Erickson, Tyler Pearson e Tyler Waguespack. Agora eles são amigos. Tenho motivo para chegar no rodeio e ir até eles saber como estão as coisas. E isso tornou o rodeio mais pessoal para mim.
Claro, o rodeio é um negócio. É como levo a vida. Mas, cara, independentemente de cada etapa, estamos aqui vivendo nossos sonhos. No final do dia, você quer que as pessoas possam ganhar a vida neste esporte. Você quer o melhor para todos, sejam eles competidores de montaria ou atletas das cronometradas. Se for ainda mais além, todos que trabalham no rodeio devem se ajudar mutuamente. Tudo com a meta de fazer o rodeio funcionar. Se não houver quem passe o rastelo ou embrete os bois, não tem prova, por exemplo.
Eu praticamente cresci no rodeio. Meu pai trabalhava no meio e eu viajava com ele. Meu irmão também trilhou o caminho dele nessa vida. Eu montei em touros e quando tinha 18 anos encontrei Bareback Riding. Alguns se identificam mais com o Laço. Fato é que poucos são os que realmente fazem do rodeio a sua profissão. Muitos precisam arrumar um emprego paralelo para pagar as contas. E se fica de fora por um tempo, para se recuperar de lesão, por exemplo, o rodeio esquece de você.
De qualquer forma, eu torço muito para que tudo dê certo para todos. Se meu filho escolher perpetuar a história da família, eu vou incentivá-lo. E o mesmo vale para os filhos dele e assim por diante. Quero que a PRCA tenha sucesso. Ainda mais, acho que todos os envolvidos devem ser transparentes. Contratantes, comissões de festas, competidores. É hora, mais do que nunca, dos atletas ficarem unidos, todos, sejam de montaria ou provas. Para qualquer situação.
Eu sou otimista. Há muita mudança acontecendo na PRCA agora. Com Houston voltando e o The American sendo sancionado, as coisas estão mudando. Na minha opinião, nosso novo CEO, George Taylor, está fazendo um trabalho incrível. Ele conversa com os competidores, atende quando ligamos. Ele vai a todo tipo de etapas para ver de perto o andamento e encontrar com os membros dos comitês. Isso mostra que ele quer que os atletas tenham sucesso. Ele é a mudança que precisávamos.
Admito: a mudança é difícil, especialmente em um esporte baseado na tradição. Mas nós temos que crescer como uma organização. Agora que tenho um filho, meus olhos estão um pouco mais abertos. Se ele quiser competir quando crescer, quero que o rodeio esteja melhor do que quando cheguei. Eu amo isso tudo. Eu estou vivendo o sonho americano agora. Mas se o rodeio não mudar, não existirá mais nada.
Por Tim O’Connell. The Cowboy Journal
Tradução e adaptação: Luciana Omena
Foto: Matt Cohen