Saúde & Bem-estar

Tenossinovite Séptica em Equinos

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Existem duas classificações para essa inflamação Tenossinovite asséptica e Tenossinovite séptica. Saiba mais!

A tenossinovite em equinos é um processo inflamatório da bainha tendínea, e pode ser classificada em duas formas:

– Tenossinovite asséptica – não há infecção e pode ser classificada como idiopática aguda ou crônica. Na sua grande maioria, é decorrente de trabalhos exagerados e exercícios inadequados ou extenuantes e pode também estar associada á defeitos de aprumo.

– Tenossinovite séptica – pode ser resultante de infecção presente na corrente sanguínea ou através de perfurações, lacerações e infiltrações que podem levar bactérias para dentro da estrutura sinovial.

O tendão é envolvido por uma bainha de tecido conjuntivo frouxo vascular, conhecido como paratendão. Em regiões que ocorrem o aumento do atrito ou mudanças de direção, além do tecido conjuntivo, alguns tendões são envoltos por uma bainha tendínea e no seu interior há produção de líquido sinovial, sendo uma fonte de nutrição e proteção do tendão durante a movimentação articular, a qual propicia uma superfície uniforme para o deslizamento.

A infecção da bainha tendínea é uma enfermidade crítica devido à severa claudicação, dificuldade em combater a infecção das estruturas sinoviais e grandes chances de sequelas que podem produzir claudicações crônicas. Além do mais, são caracterizadas por acentuado derrame sinovial, calor, dor e inchaço. No entanto, mesmo que uma estrutura sinovial torne-se infectada, se a mesma permanecer drenando, a claudicação pode ser menor. Os cavalos podem ou não apresentar alterações no hemograma, sendo que depressão, febre e anorexia também podem ser algo individual de cada animal.

Nos casos de lacerações, o conhecimento da anatomia equina é de extrema importância para identificar quais estruturas podem estar acometidas. É muito pobre a proteção de tecido mole sobre a maioria das estruturas sinoviais, como na articulação do boleto, carpo, curvilhão e região lateral do cotovelo. Entretanto, somente com o exame clínico, nem sempre é possível determinar se houve comunicação com bainhas sinoviais.

Quando há suspeita de contaminação em uma estrutura sinovial (articulação ou bainha tendínea), a limpeza cuidadosa é importante nas fases agudas. É recomendado limpeza com solução estéril, evitando quaisquer fatores como outras fontes de contaminação. Em casos que há grande contaminação, água corrente também pode ser útil, removendo toda parte grosseira e presença de materiais estranhos. Essa abordagem inicial é necessária, para em seguida, permitir uma avaliação mais rigorosa da ferida.

O exame ultrassonográfico é uma das ferramentas mais utilizadas para o diagnóstico de tenossinovite séptica, integridade tendínea e confirmação da comunicação entre fistula e estrutura sinovial.  Após as primeiras 24 horas de apresentação dos sinais clínicos, pode ser observado efusão sinovial e espessamento da bainha. Alguns cavalos podem apresentar celulite e espessamento da pele associado com as tenossinovites sépticas, dificultando a avaliação ultrassonográfica.

As imagens radiográficas simples não demonstram alterações conclusivas para o diagnóstico de infecções das bainhas tendíneas, porém, tenossinovites sépticas avançadas podem desenvolver osteomielite (infecção óssea) concomitante do osso circundante, podendo ser visualizada e confirmada. No entanto, radiografias contrastadas tem grande potencial para auxiliar no diagnostico, principalmente nos casos de lacerações ou fistulas próxima às estruturas sinoviais.

A coleta e análise do líquido sinovial são importantes no auxílio do diagnóstico e plano terapêutico. Deve ser realizada em um acesso distante da ferida e tecidos traumatizados, de forma asséptica. O aspecto da amostra é geralmente turvo e tem baixa viscosidade. Na maioria das vezes, o tratamento é iniciado com antibióticos no período em que não há confirmação da bactéria através da cultura do líquido sinovial. Assim, logo após a confirmação da cultura e susceptibilidade bacteriana, pode haver a possibilidade de alteração imediata do antibiótico ou continuidade do tratamento inicial proposto.

O objetivo do tratamento de infecções em estruturas sinoviais é a erradicação da carga bacteriana, o controle do processo inflamatório (mediadores inflamatórios e radicais livres), o alívio da dor e a restauração do ambiente sinovial. Estes objetivos são alcançados com administrações adequadas de medicamentos antimicrobianos, lavagens das estruturas sinoviais, desbridamento cirúrgico (através da técnica de artroscopia), fármacos antiinflamatórios e um bom programa de reabilitação após o controle da infecção. O diagnóstico precoce e tratamento agressivo são essenciais para eliminar a infecção e obter um bom resultado.

Sendo assim, a tenossinovite séptica é uma condição que potencialmente coloca em risco a carreira atlética e até mesmo a vida do animal. É uma importante afecção do aparelho locomotor de equinos que requer rápido e preciso diagnóstico com necessidade de monitoramento e cuidados hospitalares intensivos, possibilitando assim, alternativas de tratamento e consequentemente prognóstico favorável.

Por Mariana Sachi Invernizzi, Médica veterinária, especialista em equinos / ww.facebook.com.br/vet.equinebr

 

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