Estamos em plena temporada de competições por todo o Brasil, de todas as modalidades.
Aqui na UC também estamos em plena temporada, não de competições, mas sim de trabalhos de iniciação de potros e recuperação de alguns cavalos que apresentam problemas nas provas e atividades que participam. É a alta temporada de trabalho do nosso Centro de Treinamento.
De Abril a Setembro recebemos mais de 30 cavalos vindos de todo o Brasil, seja para doma, seja para recuperar algum problema comportamental. Os potros para iniciação são de adestramento, salto, passeio, provas de tambor, laço, etc, entram e ficam 90 dias conosco. Os últimos saem em Novembro, quando abrimos outra temporada – a de férias para cavalos das hípicas de São Paulo.
Já os cavalos e éguas para trabalharmos alguns problemas, estes são de todas as modalidades que se imagine. Cavalos de passeio que estão disparando, cavalos de salto que estão refugando, cavalos de laço que não param no brete, cavalos de tambor que são loucos no partidor, éguas que não entram no tronco para serem inseminadas, cavalos que não entram no trailer, cavalos que saem correndo quando são montados, cavalos de adestramento que assustam com tudo, cavalos que mordem, que corcoveiam, que dão coices, garanhões que não são mais “manejáveis”, enfim, recebemos um pouco de tudo, e trabalhamos cada um com suas dificuldades e suas idéias particulares.
É um trabalho arriscado, mas que nos dá prazer, pois sempre melhoramos estes animais de alguma forma. É um trabalho que gostamos de fazer desde que os proprietários participem um pouco de tudo. É importante que os proprietários participem e percebam seus cavalos por um outro lado que não o de problemas.
Cavalos não nascem com problemas. Na grande maioria dos cavalos que recebemos, vemos que os problemas aparecem em algum ponto da vida deles, mas principalmente quando o Ser Humano começa a se relacionar com ele. É assim nos cavalos que recebemos, e é assim nos nossos cavalos aqui na UC.
Todos oferecemos, em algum momento da vida de nossos cavalos, algo que não é legal e pode virar um problema. O importante é termos a idéia de como não transformar algo em um problema, e isto não é fácil… também é importante que saibamos detectar os problemas como problemas e não como algo normal, ou que um dia passa.
Nos cavalos, algo que começa como uma defesa ou uma ideia nova, logo vira um vício, que é difícil de ser combatido. Muitos vícios tornam-se maiores do que tudo, e se não forem trabalhados na hora certa, da forma certa, viram grandes problemas que não são resolvidos com pancadas, castigos ou qualquer outra ideia humana, mas sim e sempre, a partir de idéias de cavalos… como disse, é algo que gostamos de fazer e nos dá prazer, talvez porque traz para os cavalos novas realidades e perspectivas sobre as coisas que eles fazem.
Por Aluisio Marins, MV