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O valor das coisas

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Altas cifras investidas naqueles animais, em treinamento, em viagens. Os leilões à noite somavam milhões de reais. Cada animal daquele com certeza valia muito. Muito mesmo.

Estivemos em Londrina – PR na Expo Londrina ministrando cursos da Universidade do Cavalo no excelente Ciclo de Equinocultura organizado pela FL Assessoria em conjunto com a Sociedade Rural do Paraná.

Uma grande oportunidade a todos, e talvez para nós professores da UC que passamos 3 dias de muito aprendizado e troca de experiências com as pessoas participantes.

Durante o primeiro dia de curso, enquanto outro professor ministrava seu curso, fiquei assistindo ao julgamento do gado Nelore em uma bela pista de grama. Garrotes e novilhas desfilavam suas qualidades morfológicas a 3 juízes que criteriosamente analisavam um a um para o resultado final. E assim foi o dia todo, entrando e saindo grandes nomes da raça, campeões e futuros campeões.

Os proprietários todos sentados à sombra analisavam o julgamento com os catálogos em mãos, fazendo anotações e curtindo toda a expectativa dos resultados. Altas cifras investidas naqueles animais, em treinamento, em viagens. Os leiloes à noite somavam milhões de reais. Cada animal daquele com certeza valia muito. Muito mesmo. Tratadores concentrados em volta de cada garrote, banhos e toda uma preparação que pouco se vê no cotidiano das vidas da maioria das pessoas comuns do nosso país.

Como disse, a pista era de grama, e para que tudo se mantivesse limpo, 2 pessoas passavam periodicamente com um carrinho e uma pá recolhendo o estrume dos animais. Praticamente despercebidos pela quantidade de animais, pela expectativa dos criadores e pela concentração dos juízes, estes dois homens limpavam a grama, paravam, olhavam os garrotes, continuavam seu trabalho. Um calor imenso tomou conta do recinto naquela manhã. Ao sol, lá iam os dois, limpando, conversando, limpando, comentando um ou outro animal.

De longe, fiquei observando aquelas duas pessoas, imaginando o que para elas significaria todo aquele gado na pista. Obviamente que sabiam que eram animais de alto valor, provavelmente mais valiosos do que suas casas, seus pertences. Sabiam, também, que tinham que fazer logo o serviço, pois logo alguém viria chamar a atenção. Os juízes os viam, mas não os enxergavam, pois o trabalho era intenso e corrido. O público os tinha como parte da paisagem. Os criadores nem sequer enxergavam aquelas pessoas. Observando tudo aquilo, fiquei pensando no valor das coisas para as diferentes pessoas.

De repente, do nada, um dos juízes aparece com 2 copos com água para os dois varredores. Interrompeu seu julgamento por alguns minutos, ficou conversando com os dois, apontou para um dos animais, provavelmente respondendo alguma pergunta, conversou mais um pouco, pegou os copos e seguiu seu trabalho, assim como os varredores. Novamente fiquei imaginando sobre o valor das coisas para as pessoas. Com certeza para aquele juiz, os dois varredores tinham talvez a mesma importância que o gado, que os criadores, que a bela pista de grama. Com certeza este é um juiz, uma pessoa diferenciada. Pensa nos bastidores, pensa em quem faz a festa ficar bonita, valoriza o trabalho de todos sem distinção de função ou importância. Talvez seja hora de tomarmos como exemplo este juiz de gado Nelore, o qual não sei o nome, mas que quando um dia encontrar com ele, comentarei sobre um simples ato que virou um artigo para o mercado de cavalos.

Por : ALuisio Marins

Foto : Cedida

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