O Pantanal é a maior planície alagável do mundo e um dos ecossistemas mais preservados e interativos no planeta
Nas lendas indígenas e nos primeiros mapas, é lembrado como um grande lago cheio de ilhas, o ‘mar dos Xaraiés’. Na cheia, com a chegada das águas que cobrem os campos, peixes e crustáceos saem das baías e dos leitos dos rios e alcançam as planícies em busca de alimento e locais para reprodução representando farta fonte de alimento, atraindo grande número de aves aquáticas. São estas aves que enchem o Pantanal de sons e movimentos nesta época do ano. Mamíferos aquáticos também têm nesta estação a oportunidade de ampliarem seus domínios em busca de alimento e de um parceiro para acasalamento enquanto os mamíferos terrestres migram para terras altas.
Quando as chuvas terminam, no período da seca, as águas baixam e depositam nutrientes no solo, enriquecendo-o e oferecendo alimento para os animais da região possibilitando aos cavaleiros durante a Expedição Pantanal encontrar animais de rara beleza, que saem de suas tocas e ninhos em busca de alimento, e esta também é a época para ver a piúva florida (ipê roxo), árvore símbolo do Pantanal.
Se a cheia torna o Pantanal um domínio de aves, a seca é a estação dos mamíferos, quando a visualização destes animais torna-se mais fácil devido ao fato de a vegetação perder a folhagem. Entre as mudanças de estações, é comum designar que o Pantanal esteja enchendo ou secando. Contudo, as variações climáticas globais logicamente também afetam os ciclos do Pantanal e há atualmente uma modificação da duração ou intensidade das estações.
Desde meados dos anos 70, intensificou-se no Pantanal a economia agropecuária. Hoje, com cerca de quatro milhões de cabeças de gado, a região tornou-se importante produtora de carne e os bois nelore se tornaram parte da paisagem e são companhia constante da Travessia Pantanal.
Nossa cavalgada começa numa fazenda de 15 mil hectares no ‘coração’ do Pantanal Sul, na região da Nhecolandia, que além das atividades de pecuária extensiva tem criação de cavalos pantaneiros.
Durante a cavalgada conhecemos o melhor do Pantanal e a maioria das paisagens pantaneiras: baias, salinas, corixos, campo de vazante, mata ciliar e o rio Negro que corre na planície entre dois grandes brejos, fazendo dele um local praticamente inacessível. As margens do Rio Negro abrigam uma mata densa extremamente conservada que serve de refúgio para rica vida selvagem.
Na convivência com os guias locais, ouvimos causos e histórias que nos aproximam do modo de vida e da cultura pantaneira.
Paulo Junqueira Arantes
Cavalgadas Brasil