O freio que não presta

É fundamental questionarmos, conversarmos e buscarmos as soluções que necessitamos para nossos cavalos

No último final de semana ouvi uma estória no mínimo interessante, e que serve para que pensemos muito sobre o que, como e por que estamos fazendo as coisas que fazemos com nossos cavalos. Dois amigos entraram em uma selaria na Argentina. Olhando os itens, um deles pegou um freio que estava em um grande cesto, e perguntou ao vendedor se a ferramenta era boa. A resposta veio do outro lado do balcão: “não, essa não é boa não”. Ele então deixou o freio de volta no cesto e seguiu olhando a loja.

O outro amigo nesta hora estava longe, e não viu nada disso acontecer. Passou perto do cesto e pegou o mesmo freio. Chamou o amigo e comentou sobre a ferramenta. Na hora obteve a resposta que o vendedor havia dito que o tal freio não prestava, era ruim. Curioso, foi até o balcão e perguntou ao vendedor por que o freio não era bom, como ele agia na boca do cavalo para ser ruim. Imediatamente o vendedor respondeu que o freio era excelente e que tinha uma ótima ação na boca do cavalo, mas que aquela peça especifica não era boa porque era usada e não estava em um estado tão bom quanto a nova.

Mostrou uma nova e deu todas as especificações necessárias, mostrando ainda diferentes formas de utilização e os resultados. Se este amigo não tivesse perguntado por que a embocadura não era boa, ou seja, se ele não tivesse a mínima curiosidade (que o outro não teve…) a tal ferramenta seria sempre uma ferramenta ruim sem um motivo palpável.

Vejam a importância de se questionar, de se perguntar e principalmente de se conhecer sobre as coisas. Vemos treinadores usando ferramentas e técnicas por todo lado. Obviamente que existem as exceções, mas é fato que muitos profissionais “ouviram o galo cantar e não sabem nem onde”, ou seja, usam ferramentas e lançam mão de técnicas que muitas vezes são aplicadas sem um conhecimento das coisas.

Vemos flexionamentos sem fundamentos, exercícios sem uma razão, cavalos sem um cronograma de trabalho, e principalmente uma pressa absurda em se aprontar logo os potros. Vemos, também, uma necessidade imensa de parte dos treinadores em aparecerem mais do que seus cavalos, fazendo coisas sem o menor sentido ou razão de ser. É comum vermos cavalos sob muita pressão, exercitando coisas que já sabe fazer ou, pior, que não sabem fazer…

Escolher uma ferramenta, praticar um exercício, realizar uma mudança de trabalho ou técnica requer um conhecimento, mas principalmente, devemos entender a razão de estarmos fazendo esta ou aquela opção. É fundamental questionarmos, conversarmos e buscarmos as soluções que necessitamos para nossos cavalos.

Por Aluisio Marins
Foto: Cedida

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