Cavalgada em cavalos Yakutian, raça que sobrevive em temperaturas que chegam a −70 ° C

Nessa semana, Paulo Junqueira escreve sobre uma Cavalgada em cavalos Yakutian, no meio de uma floresta, a 20 km de Maya, na Sibéria, Rússia

Para encerrar o ano, escrevo sobre mais uma opção de cavalgada na Rússia. Para quem como eu tem interesse em conhecer as diferentes raças de cavalos que existem no mundo, a visita à uma fazenda de criação de cavalos Yakutian, no meio de uma floresta, a 20 km de Maya, na Sibéria, é uma oportunidade de cavalgar, passear de trenó e aprender sobre essa raça que apresenta características bem interessantes.

Leia mais

Cavalo Yakutiano ou Yakut

O cavalo Yakutiano é uma raça nativa da região da República Sakha da Sibéria (ou Yakutia). Maior que o cavalo mongol e o cavalo de Przewalski, ele é conhecido por sua adaptação ao clima frio extremo da Yakutia, incluindo a capacidade de localizar e pastar na vegetação que está sob cobertura de neve profunda, e sobreviver em temperaturas que chegam a −70 ° C num inverno que pode durar 8 meses.

Origem na Mongólia

No século 13, o exército de Genghis Khan forçou o povo Yakut a fugir da Mongólia. Eles seguiram com seus cavalos para o norte, para o deserto congelado da Sibéria, onde dependiam de seus valentes cavalos para sobreviver.                                              

Numa adaptação que normalmente leva milênios, surpreendentemente, em apenas 800 anos os cavalos Yacultianos desenvolveram uma série de adaptações morfológicas, metabólicas e fisiológicas notáveis ao ambiente extremamente hostil em que vivem. Os cientistas usam o cavalo Yakutian como um exemplo de como a evolução rápida pode ocorrer sob pressão.

Características da raça

Alguns exemplos das características dos cavalos Yakutiano: compactos e curtos, sua conformação robusta os ajuda a reter melhor o calor, assim como sua crina e cauda densas e uma pelagem de inverno notavelmente espessa e longa. Eles são capazes de ganhar até 35 quilos de gordura extra durante os curtos meses do verão siberiano, permitindo a perda de até 20% de seu peso total durante o inverno. Eles têm um olfato aguçado e cascos largos e muito duros, que os ajudam a farejar e desenterrar o pouco de forragem enterrado sob a neve. Para ajudá-los a conservar energia durante o inverno, o metabolismo e a respiração ficam mais lentos e geram menos calor. Compostos anticongelantes em seu sangue ajudam a sobreviver no frio extremo.

Conexão com o mundo espiritual na cultura xamânica yakutiana

Os Yakuts usavam seus cavalos para uma ampla gama de propósitos. Eles eram um meio de transporte, usados para pastoreio, eram ordenhados, suas crinas usadas para fazer cordas e, no final de suas vidas, sua carne alimentava a família enquanto a pele era transformada em agasalhos. Juntamente com essas funções, os cavalos também eram uma importante fonte de conexão com o mundo espiritual na cultura xamânica yakutiana. Seu espírito selvagem reverenciado e eles foram domesticados apenas o suficiente para serem montados, conduzidos e ordenhados.

Embora os Yakuts não dependam mais de seus cavalos para sobreviver e a população equina local esteja diminuindo, o cavalo Yakutian ainda é reverenciado como uma criatura cultural e espiritualmente significativa. É importante na vida cotidiana, festivais e cerimônias.

Por: Paulo Junqueira Arantes
Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil
www.cavalgadasbrasil.com.br

Fotos: Divulgação/ Mikhail Cheremkin/ Shutterstock.com

Mais notícias sobre cavalgadas no portal Cavalus