Moro em Recife, Pernambuco e fui convidada para escrever sobre esta linda aventura que tive a oportunidade de participar, convidada pelas amigas Maria Guimarães do Haras Paranambuco e Gabriela Bório do Haras Padania.
Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul é um estado muito rico culturalmente. A culinária típica, inspirada nas receitas com pinhão, queijo serrano e o costelão, foram algumas das iguarias deliciosas que experimentamos. A hospitalidade das pequenas pousadas no município de São José dos Ausentes, colocou o nosso grupo de 11 amazonas numa imersão cultural das raízes gaúchas. Nos ofereceram aconchego e demonstraram o melhor das antigas tradições tropeiras, em que os donos das propriedades vestidos de bombacha, boina, lenço e botas, nos receberam com muito carinho e declamaram suas poesias.
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A cavalgada
No primeiro dia de cavalgada com o tempo aberto e um céu maravilhoso, cavalgamos dentro da tradicional Fazenda Potreirinhos da família do Tiago, cujo tataravô alemão chegou ao Brasil e se casou com uma gaúcha. Tiago nos levou para cavalgar ao longo da serra, onde os campos estavam bem verdes e em alguns locais se misturavam com uma espécie de “minúsculas margaridas”, bem amarelinhas. Os campos eram tão lindos que pareciam de um filme animado. Coroando este paradisíaco cenário, riachos cortavam os campos. Passamos por rios de solo pedregoso e encharcado, subimos e descemos grandes morros.
Chegamos até o Cachoeirão, maior cachoeira da região com intenso volume de água que faz surgir uma cortina branca sobre as pedras. Abaixo da queda, o rio se transforma numa piscina natural. Uma sensação de paz, alegria e comunhão com a natureza. A vista é incrível! Cavalgamos também até o Desnível dos Rios, uma falha geológica única nas Américas onde dois rios lado a lado, quase se encontram e novamente se afastam. O rio Divisa e o rio Silveira correm paralelamente na mesma direção, separados por rochas, sendo um mais no alto e outro embaixo com um desnível de 18 metros! Paramos os cavalos no alto das pedras e ficamos ali contemplando aquela paisagem deslumbrante!
No segundo dia cavalgamos até a pequena vila de Silveiras, margeando o rio Silveiras de águas cristalinas, aonde trutas atraem turistas para pescarias. Chegando na vila seguimos de carro para a Fazenda Monte Negro aonde fomos recebidos com muito carinho pelo Anápio da família Pereira proprietária do local. A fazenda possui uma vista linda para vales e montanhas, da janela dos quartos vemos as ovelhas, algumas cabeças de gado pastando e um lindo lago. O clima era mais frio, bucólico e romântico. Da casa da pousada até a outra casa onde está o restaurante Galpão da Tradição, tem uma passarela de pedras, margeadas com lindas flores viçosas e coloridas. A vontade era de ficar ali na varanda, sentada sobre o pelego de carneiro que ficava sobre o assento das cadeiras feitas de araucária.
No terceiro dia cavalgamos até o cânion e base do pico Monte Negro. Conforme íamos nos aproximando, a emoção tomava conta de nossos corações. Durante o percurso, morros de campos verdes, muros de taipa e gado europeu fizeram parte de um cenário encantador onde a neblina, chamada na região de “viração”, aumentava conforme íamos nos aproximando do cânion.
O Pico Monte Negro é o ponto mais alto do Rio Grande do Sul, com 1403m de altitude em relação ao nível do mar, fica ao lado do cânion Monte Negro. A vista é deslumbrante! Paramos os cavalos e caminhamos pela borda dos paredões. Um cenário majestoso!
Pico Monte Negro
A tropa e a segurança
Os cavalos que foram muito bem preparados pela equipe do Haras Padania, enfrentaram o difícil percurso com tranquilidade. O conhecimento e a experiência em equitação das amazonas aliado a organização do Paulo Junqueira/Cavalgadas Brasil, que nos acompanhou, garantiram nossa segurança.
Fazenda Rincão Comprido – Premiado Queijo Serrano
No último dia fomos visitar a Fazenda Rincão Comprido, que produz o famoso queijo serrano com a mesma técnica de 200 anos atrás. A visita foi incrível! Fomos recebidos carinhosamente pela família Lopes, fizemos uma degustação do queijo serrano, aprendemos sobre a cultura local e o manejo dos animais. O queijo produzido nesta propriedade com tanta singularidade é reconhecido internacionalmente e está no ranking dos 5 queijos “terroir” do Brasil. A história deste queijo está no livro “Uma longa e deliciosa viagem” de João Castanho Dias.
Cavalgada ao longo dos rios de águas cristalinas
Gastronomia, vinho e música
Todos os dias refeições maravilhosas com típica culinária gaúcha. A noite, ao lado da lareira acesa para espantar o frio, um bom vinho e muita conversa com as queridas e animadas companheiras amazonas. O grupo ficou cada dia mais unido e uma grande amizade se fortaleceu em meio as belas paisagens e a sensação de paz e bem-estar que a cavalgada trazia.
A despedida
Na despedida nos abraçamos e foi impossível conter as lágrimas! Estávamos em completa sensação de graça e paz com o coração transbordando de alegria e gratidão a Deus por ter tido a oportunidade de cavalgar com pessoas tão especiais neste cenário majestoso!
Grupo no Cachoeirão
Por: Keila Burle do Haras Serra do Maroto
www.cavalgadasbrasil.com.br
Fotos: Julio Oliveira
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