Na medida que descemos para as profundezas do Canyon, há uma série de plataformas que variam em largura de 200 metros a 1,5 km largura, em um microclima que é protegido do frio e dos ventos. Esta cavalgada foi uma grande aventura e não pode ser confundida com os passeios de burro tediosos que são oferecidos aos turistas que querem descer o famoso Canyon! Essa foi uma viagem a cavalo em algumas das áreas remotas e pouco visitadas do Grand Canyon. Todos tinham que ser cavaleiros experientes, pois conduziriam os cavalos por trilhas acidentadas e alguns trechos traiçoeiros. Os poucos que participaram da aventura foram amplamente recompensadas por sentir a grandeza do cânion como os primeiros exploradores fizeram.
Primeiros exploradores brancos
Em agosto de 1869, o major John Wesley Powell e oito homens, em três barcos de madeira, com rações ficando escassas e nenhuma ideia de onde o Grand Canyon terminava, foram os primeiros exploradores brancos a documentar a incrível rede de cânions e terraços que compõem esta área do Colorado. No diário de Powell diz: “Deste ponto, posso olhar para o oeste, para os desfiladeiros do Colorado e ver a borda de um grande planalto, de onde riachos descem e ravinas profundas na escarpa que fica de frente para nós, continuado por cânions, irregulares e alargados e penhascos altos, até o rio. ”
Guia Mel
Nosso guia, Mel, vem de uma linhagem de fazendeiros nascidos e criados nessa região incrivelmente bela, mas desolada, entre o Rio Colorado e a fronteira de Utah/Arizona. Ele chama os terraços dos degraus do Grand Canyon de “pastagens de inverno”. Dessa forma, referindo-se à prática da pecuária local de levar o gado para os cânions durante os meses de inverno, quando há água nas nascentes e tanques naturais. Paredes verticais com mais de 300 metros de altura de um lado e uma queda vertical de 300 metros do outro são cercas bastante eficazes. “as pastagens têm 40 milhas de comprimento e 40 metros de largura”, diz Mel, “e os únicos lugares que temos de cercar são onde elas se abrem em um desfiladeiro”.
Nosso grupo era relativamente pequeno, 10 pessoas, 12 cavalos e 3 mulas. Às vezes parecia muito pequeno e insignificante, como quando estávamos cavalgando por um dos amplos terraços, ou nas profundezas de um desfiladeiro estreito. Mas, reunidos ao redor da fogueira nas noites escuras, ou quando era minha vez de ajudar no acampamento, nosso pequeno grupo parecia muito maior.
Seis dias a cavalo
Foram então 6 dias explorando as pastagens de inverno do Grand Canyon. Contudo, nesses dias descobrimos muitas coisas. Não há dois cânions iguais, a água é escassa mesmo depois de uma chuva, a temperatura ambiente pode mudar muito apenas ao entrar na sombra e o rio Colorado é apenas um elemento do complexo do Grand Canyon. Quando encontrávamos uma poça de água, a maioria não tinha mais de dois centímetros de profundidade, mas nossos cavalos habilmente encontravam as mais fundas e sugavam água fresca em longos goles. Ou seja, eles eram especialistas nisso, sabendo como sabiam que poderia ser uma longa jornada até a próxima poça de água.
Dessa forma, ao final dessa grande experiência, depois de uma semana sem tomar banho e, um pouco rígidos por dormir no chão, estávamos todos emocionalmente relaxados e rejuvenescidos, sem muita pressa para voltar a civilização!
Por Paulo Junqueira Arantes
Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil
www.cavalgadasbrasil.com.br
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