Se você já assistiu filmes de faroeste deve ter visto. A relação entre povos indígenas e cavalos, especialmente na América do Norte, é complexa e marcante, envolvendo desde a introdução dos animais pelos europeus até a sua incorporação na cultura, economia e vida social.
A chegada dos cavalos, por exemplo, transformou a cultura dos povos indígenas das Planícies, que passou a usar o animal para caça, transporte e guerra. Uma relação que começou no Velho Oeste no Século 16, quando algumas tribos adotaram o cavalo em seu dia-a-dia logo após contatos com espanhóis.
A história conta que, com a chegada do homem branco, os índios das Grandes Planícies da América do Norte – uma vasta área que se estende do rio Mississipi em direção ao oeste do continente -, começaram a adquirir artigos como armas de fogo e tecidos. De tal forma que esse fato levou ao declínio das tradições e culturas nativas.
Quando viviam isolados da civilização, essas as tribos tinham como único bicho doméstico o cão, que servia principalmente como animal de carga, puxando uma espécie de trenó de madeira. Os cavalos só se espalharam entre os povos indígenas americanos após contatos com os primeiros colonizadores espanhóis, ainda no Século 16.

A tradição equestre dos povos indígenas
A maior parte das nações indígenas do Velho Oeste era nômade, vivendo em acampamentos temporários e se deslocando à procura de alimento. Os cavalos ajudavam, entre outros, em uma das principais atividades: a caça de grandes animais, como antílopes, alces e, em especial, búfalos. Cheyennes, apaches, navajos, comanches, blackfeet e sioux (dakotas) eram algumas das principais nações indígenas nos Estados Unidos nos tempos do Velho Oeste, já no Século 19.
Mas encontramos também os Kadiwéu (Mbayá-Guaikurus), conhecidos como ‘índios cavaleiros’, por sua destreza na montaria. Guerreiros, eles lutaram pelo Brasil na Guerra do Paraguai, razão pela qual, como contam, tiveram suas terras reconhecidas; os Aonink’enk (Tehuelche), no sul da Argentina, eram habilidosos no uso de cavalos para caçar guanacos e emas, além de utilizá-los na pecuária. E, se aprofundássemos a pesquisa, certamente traríamos ainda mais nomes e histórias interessantes dessa relação entre cavalos e índios.

Cavalos nativos da América sumiram da face da terra?
Os cavalos do Santuário Sacred Way em Florence, Alabama, estão entre os últimos de sua espécie. De acordo com especialistas, os animais desse local têm características de cavalos que viveram eras atrás, e, em tese, não deveria existir nos dias atuais.
Oficialmente, os cavalos originais das Américas foram extintos há milhares de anos, dizimados pelas temperaturas gélidas da última Era Glacial. Assim, os que vivem hoje, afirmam os historiadores, são descendentes daqueles trazidos pelos primeiros exploradores e colonizadores europeus no início do século 16.
Só que, de acordo com histórias orais dos povos indígenas e crenças espirituais de Saskatchewan (Canadá) a Oklahoma, os cavalos nativos da América nunca foram extintos. Eles sobreviveram à Era Glacial e viveram entre os povos nativos antes e depois da chegada dos colonizadores europeus, e uma montanha de evidências históricas e arqueológicas comprova isso — desde antigas estatuetas de cavalos de barro e madeira da América do Norte e pinturas rupestres de cavalos no Peru até relatos registrados pelos primeiros exploradores.
Em muitos casos, a posse e o uso dos cavalos foram importantes para a sobrevivência dos povos indígenas, permitindo a adaptação a novos ambientes e resistindo às ameaças da colonização. Mesmo em tempos modernos, os cavalos continuam a ser importantes para muitos povos indígenas, representando um símbolo cultural e um elemento fundamental da sua identidade.
Fonte: super.abril, socioambiental.org, revistapesquisa.fapesp, yesmagazine-org
Fotos: Divulgação/Astelus/Santuário da Via Sacra
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