Mormo não tem cura e exige cuidados

Em casos positivos, realizar a eutanásia se faz necessário, trazendo prejuízos econômicos e sanitários a propriedade

No quadro dessa semana das Dicas do Nitta, o médico veterinário Thiago Nitta preparou um texto sobre uma doença que assusta todos os criadores do país e do mundo: o Mormo.

Em seu texto, Nitta ressalta como é feito o diagnóstico, quais são as características da doença e os riscos sanitários e econômicos que ela traz ao criatório. Confira!

O mormo é uma doença extremamente importante para o mercado de cavalos, pois está relacionada com a questão sanitária, e a partir do momento que temos um caso positivo a propriedade é interditada até sanar todos os possíveis animais acometidos ou que possam estar portando a doença.

Na maioria das vezes, um cavalo positivo é identificado através de um exame de triagem, realizado principalmente ao programar o transito dos animais.

Para retirar o Guia de Transporte Animal, o GTA, é exigido que o criador tenha o teste negativo para duas doenças contagiosas extremamente importantes: a anemia infecciona equina e o mormo.

O mormo é uma doença causada por uma bactéria e por ser uma zoonoses, pode ser transmitida para o ser humano e exige muitos cuidados.

Sintomas

Os principais sinais são o acometimento do trato respiratório e cutâneo, mas vale ressaltar que o aparecimentos dos sintomas não é uma regra, visto que o cavalo pode estar contaminado e não apresentar nenhum sintoma.

Frequentemente, os animais que participam de provas e que precisam ser transportados passam por exames de triagem, realizado por exame de sangue, com materiais coletados por médicos veterinários credenciados.

O sangue extraído é depositado em um tubo de tampa vermelha ou tijolo, onde é adicionado soro, e encaminhado para um laboratório credenciado. Na maioria das vezes estes dois exames são realizados em conjunto.

Particularmente eu nunca atendi um caso diagnosticado com mormo, mas isso não quer dizer que não acometa os animais em grande quantidade.

Muitos casos podem ser negligenciados devido à falta de testes, pois não são animais transportados, por exemplo. Sabemos que em algumas regiões acabam acontecendo alguns casos, essas propriedades ficam barradas, causando um prejuízo econômico muito grande, pois os animais não podem entrar e nem sair.

Cuidados no transporte

Os proprietários de cavalos devem ficar atentos e tomar alguns cuidados principalmente quando forem transportar os animais para locais desconhecidos, um evento, leilão ou competição, o criador deve se assegurar que este local, este evento, está regulamentado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), se tem algum representante que vai receber estes exames na entrada e que vão assegurar que estes animais são os próprios animais que estão com os exames negativos.

É muito comum existirem cavalgadas, provas clandestinas que não exigem o exame e quando você vai a um evento como este você não tem como assegurar que os animais que estão participando não estão contaminados.

Por isso, toda vez que o criador for levar ser animal para algum evento, assegure-se que o evento é regulamentado, que possui a defesa sanitária, para confirmar a segurança sanitária.

A transmissão do mormo ocorre principalmente pelas secreções, nem sempre secreções de pus por exemplo, podem ser secreções normais, mas que estão contaminadas pela bactéria. Muitas vezes estes animais vão ficar em ambientes próximos, facilitando o contato com as secreções.

Outro cuidado importante é com os bebedouros e cochos coletivos onde vários cavalos fazem suas refeições. Eles devem ser evitados.

Se optar pelo uso de baias pré montadas, deve-se certificar que essas baias estão higienizadas, limpas com produtos certos que podem ser passados dentro das baias para esterilizar.

Tratamento

Por enquanto não existe vacina para o mormo e tão pouco tratamento. Por isso, a partir do momento que nós temos um exame em mãos positivo, quem ficará responsável pelo caso é a equipe da Vigilância Sanitária, que fará outros testes para comprovar se este animal é positivo, testar todos os animais do contactantes, que estão dentro daquele raio de contaminação da doença, para saber se mais algum está contaminado.

Infelizmente, em caso positivo, é necessário realizar a eutanásia com fins sanitários e descartar a carcaça de forma segura. Além disso, em um prazo determinado pela equipe da vigilância, os animais do contactantes serão testados para comprovar que nenhum se contaminou.

Enquanto a bactéria não for erradicada daquele local, o espaço ficará barrado, por isso os cuidados com a prevenção são extremamente importantes.   

Por: Camila Pedroso/Thiago Nitta

Fotos: Arquivo

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