Claudia Ono conversa com você na coluna dela dessa semana sobre dicas preciosas para quem está começando nos Três Tambores
A prova dos Três Tambores existe desde o início de 1930 nos Estados Unidos e inicialmente era um evento feminino. O conjunto deve terminar o percurso no menor tempo possível, contornando os três tambores e correndo as retas contra o cronômetro.
Assim sendo, grandes conjuntos são formados por competidoras que conhecem e sabem como levar o melhor dos seus cavalos. E de cavalos capazes de trabalhar de forma consistente e equilibrada para serem mais rápidos.
Vamos as dicas!
1 – Escolha seu cavalo
Um cavalo que venha de uma linhagem de sucesso nos Três Tambores, provavelmente terá grandes qualidades como velocidade e agilidade.
Ele deve ser saudável, com pernas fortes, bons cascos, ser flexível, atlético e posteriores fortes. Seu temperamento é muito importante.
Sem dúvida, é sempre melhor comprar de quem conhecemos ou de pessoas de ótima reputação.
Um exame de compra feito por um bom veterinário também é importante para mostrar possíveis lesões que não podem ser vistas num exame clínico.
O ideal é que ele seja jovem, porém adulto na faixa dos 5 anos para cima. Já firme, fácil de montar, porque um cavalo que ainda necessite de muitos comandos não é ideal para um iniciante.
E, claro, a empatia é importante. Mas saiba que você se apaixonará por ele seja alazão, tordilho, zaino ou azul!
2 – Exercícios regulares
Um cavalo fisicamente bem preparado está menos predisposto a lesões e a problemas de saúde. Dar fôlego e resistência só farão bem ao sistema respiratório e cardíaco.
Sobretudo, dar força aos músculos fará com que tenha maior sustentação e force menos tendões, ligamentos e articulações. Pense nele como um atleta: como você agiria se fosse você correndo?
Não faça como os jogadores de futebol de final de semana: eles passam a semana sentados, resolvem ser ‘Neymar’ no sábado e estão constantemente se machucando.
Sempre: trote alongado, em solo bem regular, deve ser feito para que seu cavalo venha a ter grande capacidade pulmonar. Se não puder fazer muita coisa em algum dia, apenas trote. Se for aquecer, trote.
Mas atenção ao terreno, que precisa ser regular e macio, sem ser pesado demais.
O trabalho de condicionamento físico deve ser feito por três dias da semana:
– Ande a passo mais ligeiro por 15 minutos. Isso vai ajudar a dar maior resistência.
-Trabalhe seu cavalo a trote por dez minutos de cada lado. Divida esse tempo igualmente entre trote normal e trole alongado.
– Galope em círculo por cinco minutos de cada lado. Mãos baixas e somente a ponta do focinho dele indicando para o lado de dentro.
– Galope no percurso do ‘8’ e por cinco minutos para que ele fique mais preciso durantes as corridas. Atenção para as trocas de mãos na interseção do ‘8’.
– Caminhe relaxado a passo por cinco minutos para que a respiração dele volte ao normal.
– Se seu cavalo estiver fora de forma, comece aos poucos, sem galopar e aumente gradualmente. Primeiro passo e trotinho. Depois que estiver melhor, passe a trotar mais forte. Ficou bem? Acrescente o galope. Somente depois que estiver com folego você acrescentará o galope no ‘8’.
Atenção: a dose de tempo de trabalho precisa respeitar a temperatura do ambiente. Em um dia quente, evite trabalhar sob o sol nos horários mais quentes. Prefira a parte da manhã e do final do dia e reduza o tempo de trabalho. E ofereça muita água após o exercício; água a vontade.
3 – Equipamentos
Caneleiras e cloches serão necessários para proteger seu cavalo durante o trabalho. Uma boa caneleira não só protege de eventual impacto entre as canelas como firma os tendões e ligamentos evitando lesões.
Freio ou bridão correto, que se adapte ao seu cavalo e às suas necessidades como cavaleiro.
Sela para Três Tambores, com assento profundo, bom encaixe no seu cavalo, confortável para você e com uma armação de qualidade.
Manta de boa qualidade, confeccionada com material que proteja seu cavalo tanto de impacto, quanto de escoriações na pele.
4 – Sente-se corretamente na sela
No início do aprendizado é comum projetar os ombros e tórax para frente e os pés para trás. Esse reflexo de levar o corpo em direção ao pescoço do cavalo normalmente ocorre quando o cavaleiro se sente inseguro e acha que se o cavalo disparar ele estará mais seguro se agarrando à sela ou ao cavalo.
Entretanto, essa posição tira todo o equilíbrio do cavaleiro, elimina o controle e ainda faz com que o cavalo queira acelerar.
Sente-se com o corpo reto e os pés abaixo dos quadris. Calcanhares sempre para baixo e queixo para cima. Firme a parte interna das coxas e relaxe seus ombros.
Com o tempo passará a ter controle sobre o cavalo e vai perceber que qualquer situação pode ser resolvida com a equitação.
Mantenha as duas mãos baixas e na mesma altura, com as rédeas no mesmo comprimento. Não use as rédeas como apoio para seu equilíbrio. Use seu corpo e seu centro de gravidade para ficar firme e encaixada em cima de seu cavalo.
Imagine quanto desconforto podemos causar nas bocas de nossos cavalos quando acionamento muito as rédeas e por muito tempo.
5 – Vá com calma para os tambores
Não olhe direto para o tambor e sim para a área ao redor dele. Esta é a área por onde você e seu cavalo irão passar. O alvo de vocês sempre será o contorno deles e nunca os tambores em si.
Eles são apenas pontos de referência. Já notou como seu carro vai para onde você olha? Se olhar para o meio do tambor, vai acertá-lo em cheio!
Para reduzir antes do giro, sente-se fundo na sela e diga ‘wow’. Somente depois disso você deve puxar as rédeas. E não puxe as rédeas com força ou dando tranco, faça um movimento contínuo e suave. Lembre-se de que a parte mais sensível do seu cavalo é a boca.
No início e durante o giro segure no pito da sela com a mão de fora e com a de dentro puxe um pouco a rédea, apenas o suficiente para que você veja um pouco do olho de seu cavalo, trazendo-a em direção ao cós da sua calça e mantenha-a na mesma posição durante todo o giro.
Se seu cavalo encostar ou chegar perto demais do tambor, pressione a perna de dentro para que ele saia da pressão e se afaste do tambor. Apenas o suficiente para que ele volte para o local do percurso correto.
Veja o esquema de percurso abaixo
Na saída do tambor faça com que saia com força, empurrando o corpo com os posteriores. De que forma? Apenas sugira isso a ele, adiantando as mãos um pouco para frente e aliviando seu peso do assento da sela. Mas sem sair correndo, é para ser uma saída controlada, apenas mais forte que o giro e mantendo suas mãos baixas e seu cavalo totalmente reto. Ele precisa saber que saindo dos giros deve correr numa reta até o tambor seguinte.
Quando chegar ao tambor seguinte, repita o procedimento anterior de redução e giro.
6 – A linha de chegada
Saindo do terceiro tambor, posicione-se de forma a se adiantar na sela indicando que seu cavalo deve seguir com força e velocidade para a chegada. Sempre com as mãos baixas, perto do cavalo, e rédeas iguais de ambos os lados.
Dicas importantes
Sempre que puder faça você mesmo o trabalho de condicionamento, pois é o momento para se ‘achar’ em cima de seu cavalo e se familiarizar com as peculiaridades dele.
Quando já estiver passando no percurso a galope ou galope mais forte, você pode mandar beijos para ele nas saídas dos tambores para que aprenda que é hora de velocidade.
Após cada treino e prova de água à vontade para seu cavalo e cheque se está tudo bem, se não houve nenhum tipo de lesão. Muitas vezes os cavalos batem com os pés na parte de trás das mãos e se ferem.
Dê um bom banho para refrescá-lo e para baixar a temperatura corporal.
Sempre seque bem as canelas e quartelas de seu cavalo antes de coloca-lo na baia, pois isso evita que tenha frieiras nas quartelas e fungos nas canelas.
O ferrageamento bem feito é crucial para a saúde de seu cavalo. Trabalhe sempre com profissionais bem indicados e aprenda um pouco sobre os cascos para que não venha a ter problemas sérios.
Por Claudia Ono
Três Giros
Crédito das fotos: Reprodução/Facebook
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