A Paz é o caminho

Em sua coluna dessa semana, Marcelo Pardini escreve sobre a importância de promovermos grandes reformas íntimas, visando sermos pessoas mellhores

A maioria absoluta das pessoas ainda não despertou, não compreendeu quão oportuno é o momento atual para fazermos amplas reformas íntimas

Com a chegada dos 40 anos de idade (e a aparição dos primeiros fios de barba brancos), hoje tenho plena convicção em afirmar: quero ser feliz, não mais preciso ter razão. Confesso que a pandemia foi o momento que mais me fez refletir e divagar, dada a sua complexidade, que engloba aspectos emocionais, sociais, econômicos, geopolíticos…

“Não existe um caminho para a Paz. A Paz é o caminho”, gravou na história o sábio Mahatma Gandhi, idealizador e fundador do moderno Estado Indiano; maior defensor da Satyagraha (“Paz como meio de revolução”). Nascido em 1869 e desencarnado em 1948, Gandhi deixou várias pérolas, que nos levam a refletir sobre as nossas posturas atuais. “A verdade é dura como diamante, mas é também delicada como flor de pessegueiro. (…) Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia”.

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Percebo que mesmo com todos os “esfregas” que tomamos por causa da pandemia, infelizmente, a maioria absoluta das pessoas ainda não despertou, não assimilou as mudanças, não compreendeu quão oportuno é o momento atual para fazermos amplas reformas íntimas, visando a sermos melhores, fazendo com que a vida em sociedade seja mais saudável. É lamentável e triste reconhecer que o ser humano moderno está doente. Vide o trânsito das grandes cidades brasileiras, um querendo passar por cima do outro, com uma gana e uma ferocidade incompreensíveis. Falta de humildade e compaixão. Parecem galos brigadores, descontrolados, metendo a espora!

Relato um simples fato ocorrido comigo na última semana… Fui a trabalho à região Sul do Brasil e por lá, devido ao mau tempo – muita chuva, frio, neblina e baixa visibilidade – natural para a época do ano, tive o vôo cancelado, o que fez com que a companhia aérea deslocasse os clientes via ônibus para uma cidade a três horas dali, para que pegássemos um avião que de lá sairia ao final do dia, finalmente levando-nos aos nossos destinos.

Uma confusão! De um lado, profissionais desqualificados, sem liderança, sem treinamento adequado, sem empatia, respeito e o mínimo de organização institucional. De outro, pessoas raivosas, rancorosas, estúpidas, frias, egocêntricas, focadas apenas em seus umbigos, ainda na tola ideia de achar que o mundo gira em torno dos próprios anseios. Numa ponta, banheiros imundos, sem conservação, abandonados pela empresa que administra os aeroportos, e, na outra, as paredes e os vasos sanitários propositadamente depredados por aqueles que ainda enxergam que o bem-comum não tem dono. Em suma, um conjunto de falhas absurdas de todos nós, seres humanos.

Ainda estou bem longe do que quero ser, daquilo que posso oferecer à humanidade enquanto cidadão de bem, mas algo é certo: amo ser a minoria, adoro andar na contramão, faço questão de ser diferente, mesmo que isso tenha um peso insano, afinal, o trabalho pesado sempre foi feito por minorias. E insanidade mesmo é o que a maioria vem promovendo. “Quem busca a verdade procurará sempre vencer o mal com o bem, a ira com o amor, a falsidade com a verdade, a violência com a não-violência. Não existe outro modo de purificar o mundo do mal”, ensinou Gandhi.

Sejamos bons, para os tempos serem bons. Não há como fugir disso. Quer colher bênçãos? Faça o bem, plante positividade para o amanhã. “Gratidão pela abundância que você recebeu é a melhor garantia de que a abundância continuará”, pregou Maomé, líder religioso árabe, nascido em Meca e morto em Medina; aquele que segundo a religião islâmica é o último profeta de Deus de Abraão – 571 d.C.- 632 d.C.

Quanto ao ocorrido da remarcação do vôo, relatado acima, eu serenei, fiquei quieto, observei os transtornos e os transtornados, e fui tomando atitudes que fossem para somar à coletividade. Providenciei que a companhia aérea pagasse um lanche para cada um dos clientes, uma vez que tal mudança nos deixaria sem almoço; procurei levar um sorriso e uma palavra amiga aos mais agitados; ajudei com as malas dos idosos (sim, tivemos que andar um belo trecho debaixo de chuva!).

Agi assim porque acredito que estamos num momento de ruptura, em que temos que externar a nossa fina essência, posicionando-nos quanto aquilo que valorizamos, pelo simples fato de fazermos o que é correto. “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”, já observava Martin Luther King Jr., pastor protestante e ativista político; um dos principais líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.

Concordo completamente com essa postura: “É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se, fazendo nada até o final”. Idealista sim, mas, sobretudo, realizador, Luther King Jr. não se deixou abater pelos burocratas que só põem o dedo em riste e têm feitos rasos. “Não há nada mais trágico neste mundo do que saber o que é certo e não o fazer. Que tal mudarmos o mundo começando por nós mesmos? (…) Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização”.

Subamos o primeiro degrau com Fé. Não precisamos ver toda a escada. Apenas temos que dar o primeiro passo. Isso é Física, é Ciência, é Espiritualidade! “Toda e qualquer palavra pensada, mas, sobretudo, proferida, traz em si um poder de alterar a realidade e até a matéria”, explicou Masaru Emoto, fotógrafo, cientista e escritor japonês, falecido em 2014, autor de um estudo maravilhoso com partículas de água, que demonstraram diferentes resultados devido às influências que receberam. Obra prima!

Encerro esta breve reflexão com uma frase maravilhosa de uma das mentes mais brilhantes da língua portuguesa, o poeta Mário Quintana: “Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça de que a felicidade é um sentimento simples. Você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber a sua simplicidade”.

Marcelo Pardini é narrador, poeta, jornalista, pós-graduado em Marketing e leiloeiro rural. Titular da marca Agro MP – A voz do Agronegócio.

E-mail: contato@agromp.com.br / Instagram: marcelopardinioficial

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