Dressage, como é conhecido internacionalmente, é uma modalidade Olímpica e regida no Brasil pela Confederação Brasileira de Hipismo
Os princípios básicos do Dressege são os pilares da Equitação Acadêmica, adotados por todas as demais disciplinas. Essencialmente técnica, busca o desenvolvimento do cavalo, através de uma educação harmoniosa de modo a torná-lo um ‘atleta feliz’.
Luiza Tavares de Almeida com Samba nos Jogos Olímpicos 2008 em Hong KongPortanto, na própria conceituação pode-se depreender que a modalidade impõe uma cuidadosa ginástica progressiva e racional, associada a uma preparação mental do cavalo, de maneira que nas competições, o animal deve mostrar-se calmo, elástico, descontraído e flexível.
Durante toda a apresentação, deve passar ao espectador a imagem de um cavalo confiante, atento e impulsionado, demonstrando um perfeito entendimento com o seu cavaleiro. No Adestramento, o cavalo não é um instrumento ou objeto e, sim sujeito. É para ele que todas as atenções devem convergir.
As provas são disputadas nos diversos níveis de dificuldades e de categorias, grupadas em faixas etárias. Podem ser realizadas a céu aberto ou em pistas fechadas, em um cercado de 20x60m, piso de areia. Os competidores devem executar, de memória, movimentos perfeitamente definidos pelo Regulamento de Adestramento, numa sequência pré-estabelecida (reprise), nas três andaduras naturais: passo, trote e galope.
Rogério Clementino com Nilo VO nos Jogos Pan-americanos Rio 2007A alta qualidade da apresentação é constatada pela franqueza e regularidade das andaduras, pela leveza e facilidade dos movimentos. O cavalo dá a impressão de realizar os movimentos por sua própria vontade e responde de forma imediata e, até intuitiva, às solicitações do cavaleiro.
O grau de exatidão e correção na execução da prova é avaliado por três ou cinco juízes, distribuídos ao longo do cercado que delimita o picadeiro. Os árbitros julgam os movimentos dos concorrentes, atribuindo graus de 0 a 10, sendo vencedor, aquele que obtiver o maior percentual, resultante do somatório de todos os graus atribuídos pelos juízes.
História
La Guériniére, autor de Escola da Cavalaria 1733O Adestramento remonta a mais longínqua antiguidade, dos mongóis aos árabes, passando pelos egípcios e persas. Com a queda do império grego, houve um grande declínio na arte de montar. Desse período, restou apenas o tratado escrito pelo Gen Xenofontes (430-354 a.C.), considerado a obra literária mais antiga sobre a equitação. Esse tratado teve uma imensa relevância na evolução histórica do Adestramento.
O século 18, quando os cavaleiros exibiam as suas habilidades digladiando-se com uma equitação voltada para a guerra, as artes e as ciências passaram por uma grande transformação, a Renascença Italiana. A arte equestre beneficiou-se, extremamente, com a criação de famosas academias e renomados mestres. Foi um marco na história da equitação, inaugurando-se assim uma nova era.
Coube à Federação Equestre Internacional, instituída em 1921, a missão de preservar a Arte Equestre, mantendo a pureza de seus princípios para transmiti-los intactos às futuras gerações. Embora o Adestramento tivesse participado pela primeira vez nas Olimpíadas de Estocolmo (1912), foi só em 1936, nos Jogos Olímpicos de Berlim, que foram estabelecidos os parâmetros de julgamento, confrontando equipes internacionais de estilo e tendências diferentes.
Cmt Glória e seus discípulos do Núcleo,hoje Escola de Equitação do Exército – 1923
O Adestramento no Brasil recebeu um grande impulso com a vinda da Missão Militar Francesa, em 1922, contratada pelo governo brasileiro para transmitir conhecimentos nos diversos campos de atuação do Exército Brasileiro. Na área da equitação, a Missão tinha por objetivo estabelecer regras uniformes para a prática das atividades a cavalo.
Oficiais experientes, impregnados da tradição da cavalaria francesa, transmitiram-nos um legado de conhecimentos, fundamentados em experiências acumuladas ao longo de mais de dois milênios. Em 1924, formou-se a primeira turma de Instrutores do Núcleo de Adestramento de Equitação, atual Escola de Equitação do Exército. A partir de então, o esporte equestre, recebeu, em toda a sua plenitude, um grande estímulo e, em especial, o Adestramento, matéria base para as demais modalidades.
Com a criação da Confederação Brasileira de Hipismo em 1941, o esporte equestre passou a ser normatizado e organizado por aqui. As modalidades tiveram uma grande evolução, com a participação relevante e efetiva das Federações Estaduais, em eventos nacionais e internacionais, como os Jogos Equestres Mundiais e os Jogos Olímpicos.
A equipe brasileira de Adestramento. bronze no Pan RIO 2007Os Concursos de Adestramento Nacional (CAN) estão organizados em Séries e Categorias. As Séries Elementar, Preliminar, Média I, Média II, Forte I são disputadas pelas Categorias Sênior Amador e Profissional e as Séries Forte II e Especial pelas Categorias Sênior e Sênior Top, respectivamente.
As Categorias Mini-Mirim (8 a 12 anos), Mirim (12 a 14), Junior (14 a 18), Jovens Cavaleiros (16 a 21), Pôneis Mini- Mirim e Mirim e Cavalos Novos de 4, 5 e 6 anos são categorias exclusivas e concorrem em separado. Anualmente são programados e organizados os Campeonatos Brasileiros e a Taça Brasil, bem como o Campeonato Brasileiro de Ranking para todas as Séries e categorias.
Por Coronel Salim Nigri
Juiz internacional e diretor de adestramento da CBH
Fotos: CBH