Eduardo Vaz, mais conhecido como Dudu Vaz, é uma figura comum e que se mistura em dois segmentos. Hora no meio rural, como leiloeiro de grandes remates de equinos e bovinos, bem como no comando na ZRTV. Hora como locutor esportivo da TV, com cinco Olímpiadas de Verão, uma de Inverno e duas Copas do Mundo no currículo, além de outros eventos importantes.
Sem dúvida, é uma figura conhecida nos dois mundos. Mas o que muitos não sabem é como esses dois segmentos se misturaram na vida de Dudu Vaz. De antemão, o que é possível dizer é que ele possui as raízes fincadas no meio rural, por ser filho de pecuarista.
Dessa forma, foi através de seu pai, Antônio Carlos Rachou Vaz de Almeida, que Dudu passou a se envolver no meio dos leilões. Dentro deste universo, foi pisteiro, fez captação de animal para o remate, gerente até chegar na posição de leiloeiro.
Mas como a locução esportiva entrou na sua vida? Como que foi a criação da ZRTV? Para entender melhor a história de Dudu Vaz, a equipe de reportagem do portal Cavalus bateu um papo com ele. A entrevista na íntegra você confere abaixo:
Como tudo começou
“Em 1974, o Sérgio Piza, Paulo Pimentel e João Bentoca foram para os Estados Unidos para acompanharem alguns leilões e voltaram encantados. Porque era um ritmo rápido. E daí eles resolveram montar uma leiloeira aqui no Brasil.
Até então a nossa referência de leilões era só do que vinha do Rio Grande do Sul, que tinha uma pegada igual do Uruguai e da Argentina. Como eles queriam leiloeiros que falassem rápido, igual era nos Estados Unidos, eles contrataram dois locutores de rádio de futebol: o Odemar Costa e o Djalma Barbosa de Lima.
Eles tinham uma empresa de reflorestamento na Amazônia, que se chamava Programa (Progresso da Amazônia) e daí virou Programa Leilões. Só que os dois locutores não sabiam nem o que era um cavalo nem uma vaca.
Dai o Sérgio Piza contratou o cara do cavalo e o cara do gado. E o cara do gado era o meu pai [Rachou], que era criador de gado holandês vermelho e branco. Então, meu pai era o comentarista e eu ia com o meu pai nos leilões.
Quando eu tinha 8 anos, eu ficava do lado do João Gabriel, que era pisteiro da Programa Leilões e hoje em dia é leiloeiro rural. E eu fui em leilões e assim foi. Em 1980, eu sai de São Manuel e mudei para São Paulo, comecei fazendo pista. Onde meu pai ia, eu ia junto.
Daí, em 1982, o Djalma saiu da Programa Leilões e criou a Djama Leilões. E o Odemar Costa saiu e abriu a DBO. Meu pai foi trabalhar com o Djalma e eu fui com ele. Daí, em 1982, o Djalma saiu da Programa Leilões e criou a Djama Leilões. E o Odemar Costa saiu e abriu a DBO. Meu pai foi trabalhar com o Djalma e eu fui com ele. De 1982 e 1986 eu trabaçeo e, v[aras empresas leiloeiras ocupando diversos cargos. Daí voltei para a Embral em 1886 e assumi a gerencia até 1997.
De 1982 e 86 eu trabaçeo e, v[aras leiloeiras ocupando diversos cargos. Daí voltei para a Embral em 1886 e assumi a gerencia até 1997. Em 1989
Depois, eu trabalhei na Embral Leilões, depois sai e voltei, e assumi para fazer captação de animal para vender. Em 1886, eu fui ser gerente da Embral. Daí, em 1989, eu larguei a pista e fui ser leiloeiro, gado e cavalo.”
Meu início da carreira como leiloeiro rural foi em 1989, oportunidade dada por Sebastião Beraldo e Cley Militelo, Foi o Beraldo, inclusive, que me chamou um dia e me deu o microfone na mão e mandou tocar o leilão. Eu tremi, mas eu assumi e estou nisso até hoje.
No meio do esporte
“Em junho de 1996, eu estava fazendo um leilão na Água Branca e, depois desse trabalho, venho um comprador daquele leilão falar comigo e me disse que eu tinha a dicção boa. Perguntou se eu nunca pensei em narrar futebol no rádio. Mas eu disse que no rádio não, mas eu tinha o sonho de narrar futebol na televisão. Daí ele me deu um cartão e pediu para eu procurá-lo.
No dia seguinte, quando eu acordei, peguei os cartões que eu tinha recebido no leilão e vi um “João Carlos Saad, vice-presidente da Bandeirantes”. Daí eu liguei para ele, nos combinamos uma reunião pessoalmente, o diretor de esportes Juca Silveira me atendeu, falaram de me treinar para narrar futebol e o Hudson Romão ficou de me ajudar.
Daí eu fiquei seis meses indo direto lá, toda semana, só treinando, narrando jogo de futebol sem ir para o ar. E o Hudson me corrigindo, me orientando. Quando chegou em dezembro, o Hudson avisou o Juca que eu estava pronto. Tinham oito locutores na Band: Luciano do Valle, Silvio Luiz, Nivaldo Prieto, Jota Júnior, Marco Antônio Matos, Januário de Oliveira, Alexandre Santos e eu. Só fera.
Em janeiro, me ligaram que ia ter um jogo do Campeonato Espanhol que eu ia narrar, pela primeira vez. Mas seria gravado e iam passar depois os melhores momentos: Real Madrid x Atlético de Madrid.
O Juca me ligou avisando três dias antes, falando que tinha um buraco na grade e o jogo ia ser ao vivo. Era minha estreia. E eu disse que estava preparadíssimo. Meu comentarista no dia foi o João Zanforlin, que chegou a me falar que se eu tivesse nervoso, eu podia jogar para ele e assim foi.
Depois vieram mais jogos até que em 1º de março de 1997 eu fui contratado pela Band. E eu fiquei até abril de 2012. Na sequência, fui fazer um ciclo Olímpico na Record até 2016. Daí em dezembro de 2016, voltei para a Band, onde estou até hoje e não saio mais”.
Do futebol para outros esportes
“Quando me chamaram para narrar vôlei pela primeira vez, eu não tinha noção de nada. Aí o que eu fiz: eu liguei para o Zé Roberto Guimarães, ele criava cavalo Mangalarga e Lusitano, daí combinamos de nos encontrar. Eu fui em um treino, contei que ia narrar vôlei e não sabia como fazer.
Daí depois do treino, ele pegou as jogadoras reservas e me fez anotar as posições. Me explicou tudo, cada jogada, os nomes delas e a origem delas. Daí eu voltei em mais um treino, fiquei sentado na arquibancada olhando. E foi assim que comecei a narrar vôlei.
Aconteceu a mesma coisa no handebol. Mas eu liguei na Metodista e o Washington, que era técnico time e da seleção feminina brasileira, me ajudou. Eu fui lá e ele me explicou tudo. Que no handebol não tem pênalti, mas tiro de sete metros. Daí eu narrei três jogos do Brasil x Cuba.
Quando foi em janeiro de 2000, a Band tinha que escolher o time de locutores que ia para as Olímpiadas de Sidney. Tinham que levar três locutores, e eu era o oitavo da lista. Porém, os outros faziam mais futebol, e eu, além de futebol, tinha acabado de narrar vôlei e handebol.
E assim, fui escolhido para ir a Olímpiada, com o Luciano do Valle, Nivaldo Prieto e eu. Falavam que eu era novo, mas era o único que narrava tudo. Daí depois eu fiz: 2004, na Grécia; 2008, na China; 2012, em Londres; e em 2016, no Brasil. Sem falar em 2014 na Olimpíada de Inverno na Rússia.
Copa do Mundo eu narrei: Alemanha, em 2006, e África do Sul, em 2010. Foi assim, que eu conheci os cinco continentes viajando pelo esporte, e fazendo o que gosto.”
ZRTV
“Atualmente, eu me divido entre três paixões. Sou leiloeiro rural, contratado para trabalhar em eventos específicos. Além disso, sigo trabalhando no Grupo Bandeirantes de Comunicação. O que for preciso, eu faço por lá.
Mas não para por aí. Porque eu ainda tenho a ZRTV, que é uma empresa de transmissão de eventos e leilões pela internet. Inicialmente, em 2012 quando eu montei, se chamava a Zona Rural TV. No início, eu tinha um sócio, mas depois não deu certo e daí eu comprei, sozinho, todos os equipamentos para fazer as transmissões.
Depois de um tempo nos pegamos os direitos de transmissão do Campeonato Paulista de Futsal. Daí onde ia transmitir isso, futsal na Zona Rural TV ia ficar estranho. Daí por isso virou ZRTV e aí usando toda a experiência que eu tive na TV, eu trouxe para a ZRTV.
Entre os principais eventos que eu faço a transmissão, estão:
- desde 2012: transmissão de leilões virtuais e presenciais (Programa Leilões, Embral Leilões, Connect Leilões, Criar Leilões, LG Leilões, Starworld Leilões);
- desde 2013: Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga;
- desde 2013: Exposição Nacional do Cavalo Árabe;
- desde 2014: Nacional, Congresso e Potro do Futuro ABQM;
- 2017/2018: Circuito Barrel Racing e Copa Avaré de Três Tambores;
- 2019: Grand Prix do Haras Raphaela;
- 2019 a 2020: Final ANLI;
- 2020: transmissão e narração em português da NFR – National Finals Rodeo;
- 2021: transmissão e narração em português do San Antonio Rodeo and Livestock Show, The American Rodeo (eventos confirmados até 07/03/21)
Além disso tudo, faço ainda Rédeas, Crioulo, Núcleo do Mangalarga Marchador, entre outros. Por que, sem dúvidas, hoje o foco da ZRTV é transmissão western de esportes no Brasil. Ahh e não posso deixar de frisar que, desde 2015, estamos transmitindo o The American.
O The American é parceira da PRCA e nós somos os representantes do Cowboy Channel no Brasil. Eles transmitem os grandes rodeios do mundo e a gente, da ZR TV, pode fazer as transmissões tudo em português. A gente faz a narração em português e também geração de conteúdo.
Para acompanhar as transmissões, o pessoal só precisa assinar o Cowboy Channel (clique aqui pra saber como), que no aplicativo terá a opção de acompanhar as transmissões em português, comigo”, finaliza Dudu Vaz.
Por Natália de Oliveira
Colaboração: Verônica Formigoni
Crédito das fotos: Arquivo pessoal/Dudu Vaz
Veja mais notícias no portal Cavalus