Uma paixão da família pelo Quarto de Milha que passou por gerações, participando de todo processo de desenvolvimento da raça
Em 2019 o Haras Fanton completa 40 anos de criação de cavalos Quarto de Milha. Entretanto, Emilio Fanton dedica-se ao cavalo há mais de 48 anos, por conta de sua vida profissional como Médico Veterinário.
Emilio e Nilda Fanton fazem parte da história da raça e contribuíram muito para seu desenvolvimento. Situado às margens da Rodovia Marechal Rondon, o Haras Fanton foi criado em 1979.
Seus filhos, Ricardo e Adriana Fanton são os grandes responsáveis por tudo que se concretizou. Os dois começaram bem cedo nas competições participando das provinhas que tinham no fim de semana no Recinto Mello Moraes, em Bauru/SP.
“No recinto de Bauru nos reuníamos e as crianças disputavam. Os pais eram tudo, juiz, cronometrista, locutor. E logo após era feito um churrasco para todos se confraternizarem”, lembra Nilda.
Criação
A criação do Haras começou com quatro éguas puras: Evy Enth (mãe do EF Shady Brown), Egwood Fifi, Exhorse e Poco Jabalina.
“Foram, estas éguas inicialmente, a base de nossa criação. O haras foi formado com o objetivo básico de educação dos filhos. É muito importante saber ganhar e saber perder. Esta função pedagógica se constitui no nosso maior capital de reversão na educação de nossos filhos”, reforça Emílio.
“Fizemos muitos amigos, alguns que já se foram e pudemos fazer parte integrante desde a fundação da ABQM. Até os dias de hoje, já que ainda faço parte como inspetor mais antigo da raça. Queria ser o mais novo (risos)”.
Emílio foi ainda Diretor do Stud Book, por três vezes, que somados geram 14 anos de atividades, e também foi membro do Conselho. Em 1982, o Haras Fanton deu um grande impulso na genética e aprimoramento de seu plantel. Adquiriu 23 animais de Emil Wirth, em parceria com o amigo Francisco Bertolani.
Plantel
As provas de Três Tambores, Seis Balizas, Conformação e Cinco Tambores estavam começando a estourar. Eram as mais disputadas em Bauru. O criador buscou aperfeiçoar seu plantel com cruzamentos que o enriquecesse com genética que estavam em alta e até hoje são referência.
“Na década de 90, o amigo e criador Márcio Tolentino disponibilizou mais de dez coberturas anuais para o Haras Fanton do garanhão Shady Leo. Animal que tem como criador Dr. Heraldo de Araújo Pessoa”.
Ainda segundo o titular, de fato, “isto veio enriquecer o projeto inicial, surgindo daí uma das mais importantes seleções. Principalmente das linhagens puras de trabalho, tornando-se um centro produtor de cavalos de Baliza, Tambor e Maneabilidade. Além disso, de genética para formação de novos plantéis”, expõe.
Muitos animais despontaram e levaram o nome do Haras Fanton ao degrau mais alto dos pódios. Antes de tudo, dando inúmeras alegrias à família, como lembra Emilio e Nilda: “Os filhos de Shady Leo produzidos por nós deixaram marcas notáveis”.
Entre eles, destaque para Rick RF, um dos mais pontuados e famosos pelos inúmeros títulos conquistados nas provas de Cinco Tambores; para EF Shady Toe, que deu a Ricardo o título de campeão Potro do Futuro de Rédeas; EF Místico Shady, levou o Haras Fanton a ser conhecido internacionalmente; EF Shady Brown, garanhão chefe do haras.
Garanhões de destaque
Nas palavras da própria Nilda Fanton: “EF Místico Shady foi fantástico! Venceu o Potro do Futuro Aberta e Amador, na Baliza e no Tambor, respectivamente com Vaguinho [Simionato] e Ricardo”.
O animal possui quatro títulos de Potro do Futuro. “Acho que ele é um dos poucos, se não for o único, animal a conseguir este feito. Depois o vendemos para a Flávia Belumat, que continuou sua trajetória de sucesso, um conjunto notável. Em seguida foi exportado para o Canadá e continuou ganhando lá e nos Estados Unidos com a Adriana Daunt”, recorda.
Com Registro de Mérito na ABQM, EF Shady Brown é hoje o 15º reprodutor no ranking geral da ABQM, com 3635 pontos (dados de novembro/2019); sendo o décimo entre os animais vivos, com mãos de 490 filhos registrados. E segundo SGP Sistema sua produção soma R$ 1.105.586,50 em ganhos.
“A herança mais notável que Shady Leo deixou para nós foi sem dúvida nenhuma EF Shady Brown. O garanhão se tornou famoso pela sua campanha precoce, pois por muitos anos, segurou o título de único Quarto de Milha a vencer o Congresso antes do Potro do Futuro, do qual também foi campeão”, relata Emílio.
Família
O Quarto de Milha para os Fanton é muito mais do que uma raça. É um estilo de vida, uma atividade prazerosa e social, que une pessoas e cria duradouros laços de amizade. E isso foi passado aos seus filhos, tanto que, Ricardo se despontou no esporte e assim como Emilio se envolveu de corpo e alma com a Associação.
Após participar da Copa Mundial de Jovens na Austrália, trouxe a ideia da fundação da ABQM Jovem e foi eleito o primeiro presidente, com ações que fomentaram muito os esportes. O casamento com Carolina Massa Marins Fanton formou uma grande dupla nas pistas de competição. Sendo ela bicampeã Nacional no mesmo evento (Amador e Feminina) com o EF First Down Shady.
Nesses 40 anos de criação são muitas histórias prazerosas ao lado de pessoas queridas. Uma figura que não pode deixar de ser lembrada pelo Haras Fanton é a Vó Cida. Sempre vibrou com cada conquista, com as vitórias de todas as crianças e era uma pessoa querida por todos.
“São tantas histórias da Vó Cida. Ela sempre torceu e acompanhou tudo. Foi uma palmeirense muito ativa no meio do QM. Torcia para todas as crianças com muita emoção. Chorava de alegria e ria ao mesmo tempo. Marcou época, com muito humildade!”.
O titular do haras lembra que a vez que Vó Cida entrou montada no palco de um leilão, aos 83 anos, e ajudou a vender Avião Negro por mais do que valia. “Ela e o Marcão são diferenciados dentro da raça. É como o Shady Leo, Dash For Cash e o Dash Ta Fame”, conta saudoso.
O cavalo é um bem primordial que ensinou muito. “Nos trouxe disciplina, aceitação em saber ganhar ou perder e ajudou na formação de pessoas e atribuição de caráter”.
Mineral Fanton
No ano de 1984 Emilio fundou a Mineral Fanton. Em virtude de sua vasta experiência como Médico Veterinário, dedicado à equideocultura, com base curricular na Escola Alemã, estágio no Jockey de São Paulo e em Dallas, Texas, viajando por todo o Brasil prestando atendimentos,
“A principio era para atender às necessidades da criação a nível nacional, que apresentava deficiências típicas da época. Trabalhei em quase todos os estados do Brasil, pois minha inscrição no Conselho é abaixo de mil, CRMV SP 955 e isso me deu uma boa bagagem”, elucida Emilio.
Portanto, a empresa cresceu tanto que depois de 28 anos de atividade foi vendida a um grupo americano. Uma história de sucesso, que se tornou uma potência sendo hoje denominada All Nova do Grupo HJ Baker.
Por Verônica Formigoni
ESPECIAL Bauru – Revista Tambor & Baliza – Ed. 83
Fotos: Arquivo Pessoal