King P-234 dominou o cenário equestre nos anos 40 e 50

Sua conformação impressionava em uma época que os cavalos Quarto de Milha ainda nem eram registrados

Byrne James e sua esposa estavam dirigindo por uma rua em Laredo, Texas, um dia no início de 1930, quando viram um potro de um ano que chamou a atenção deles. Era um cavalo castanho, calçado das quatro patas. Um menino mexicano o conduzia, quando James diminuiu a velocidade do carro para ver melhor. Seguiram o garoto e o potro até o seu destino.

Que era a casa de um cavaleiro de Laredo chamado Charlie Alexander, que trabalhava para Manuel Benevides Volpe, nascido no México, enriquecido pela indústria do petróleo, e grande admirador de bons cavalos. Depois de uma breve negociação, eles compraram o potro por US$ 300,00. Ao conversar com Charlie, descobriram que o potrinho era filho de Zantanon, um notável garanhão da época.

Zantanon era conhecido como o melhor filho de Little Joe, e Little Joe era o melhor filho do lendário Traveler. A casualidade desse encontro levou a uma grande história. King P-234 se tornaria um dos mais famosos cavalos Quarto de Milha. Inclusive, o nome dele foi dado pela esposa de James, prevendo que ele seria o rei entre os cavalos de sua raça.

Byrne James era um jogador de beisebol profissional na primavera e no verão e um fazendeiro o resto do tempo. Havia muito trabalho a ser feito com gado, sempre a cavalo. E King começou assim suas atividades no rancho, fazendo o trabalho geral. O futuro de King como um pai de cavalos Quarto de Milha registrados nem sequer foi sonhado. Nem existia o Stud Book da AQHA ainda. Os cavalos eram usados para a lida.

King P-234

Mas James se deu ao trabalho de descobrir mais sobre King e acabou comprando seu pai, Zanaton, por US$ 500,00, e também sua mãe, Jabalina. Não se deu por vencido e foi atrás do registro de King. A data de nascimento dele era 2 de junho de 1931 e antes de vendê-lo, Byrne também comprou duas irmãs próprias dele.

O que encantou Byrne James e outros fazendeiros na área foi que King P-234 representava um cavalo ideal, apesar de seu pai ser um cavalo baixo. No entanto, ele era, no seu auge, um animal musculoso e de excelente equilíbrio e conformação. Muitos de seus potros, incluindo King, herdaram seus músculos e alguns tinham mais altura. Quando atingiu a maturidade, segundo James, King ficou entre 1,42m e 1,52m (14 e 15 palmos) de altura e pesando entre 522 a 544 kg (1150 a 1200 libras).

Naquela época, a qualidade óbvia de King havia atraído grande atenção na região sul do Texas. Ele se tornou um cavalo em 1933, na época da alta temporada do beisebol. James deixou King com seu vizinho e amigo Win DuBose, um dos melhores laçadores daqueles tempos. O jovem garanhão aprendeu a laçar de forma fácil e natural. “Ele aprendeu muito rápido, tinha muito cow sense e era um garanhão de boa índole”, lembrou DuBose.

King era rápido, não havia movimento perdido. Saía rápido do brete e alcançava logo o bezerro. DuBose trabalhou com outro laçador, Lester Gilleland, se revezando no treinamento. Em um mês, passaram a levar King a pequenas provas. Logo, começaram a participar de eventos por todo o oeste e sudoeste do Texas, ganhando prêmios. Quando Byrne James voltou para casa, DuBose queria comprar King. E assim, ele trocou de mãos, por US$ 500,00.

King P-234
King P-234

Nos 18 meses seguintes, King foi cruzado com cerca de 25 éguas. Ainda não era uma época que as pessoas registravam os cavalos, então DuBose não fez isso com os potros dele. Os cavalos nasciam e já eram vendidos sem papel. Todos, sem exceção, foram vendidos rapidamente. O ‘boom’ da indústria do Quarto de Milha ainda não tinha acontecido, mas em 1937 ele o colocou à venda. Jess Hankins, de Rock Springs, Texas, pagou US$ 800,00 pelo cavalo.

Era um valor alto na época e Hankins passou a tentar recuperar o investimento criando ao cruzá-lo com diversas matrizes. Era a época da Grande Depressão nos Estados Unidos e todos estavam sem dinheiro. Mas Hankins fez o negócio e se deu bem. Todo mundo queria ter um filho do famoso garanhão. A conformação de King e o que ele passava a seus filhos chamava atenção.

Em 1940, os registros da AQHA começaram a ser feitos e todo os filhos de King passaram a ser registrados. Incluindo ele mesmo, como King P-234 para diferenciá-lo de outros. King competiu em algumas provas de Apartação e Rédeas. Quando morreu, deixou 520 potros. Entre os mais famosos, que ajudaram a perpetuar sua linhagem, Poco Bueno e Royal King, que também se tornaram grandes pais.

Com Queen H, King também produziu Squaw H e Hank H, excelentes cavalos de Corrida. Mas foi na Conformação que o garanhão se tornou imortal. Old Taylor, Captain Jess, Little Tom B, King Joe Boy, Beaver Creek, Major King e Zantanon H são alguns nomes de filhos famosos de King. Com Midget, gerou seis filhos AAA em Corrida. Seus produtos também se destacaram nas provas de Apartação, liderando o ranking de reprodutores nessa modalidade de 1951 a 1956.

King P-234
Jess Hankins e King P-234

Perto do final de sua longa carreira, o proprietário Jess Hankins poderia legitimamente anunciar King P-234 como a ‘pedra angular de uma indústria’. Muitos compartilhavam essa opinião, fato comprovado pelo número de proprietários de filhos dele. Para a família Hankins, o garanhão representou muito mais do que um investimento bem-sucedido. Ele era da família.

Aos 26 anos de idade, King P-234 morreu de ataque cardíaco, em 24 de março de 1958. Até esse momento, vivia uma vida que fazia jus a seu nome, com uma baia impecável, piquete privativo, pastos verdes, água limpa, fardos de alfafa, aveia, ferrageamento em dia e o cruzamento com as melhores éguas Quarto de Milha existentes. Em 1989, King P-234 foi nomeado para o AQHA Hall Of Fame.

Fonte e Fotos: Wagon Wheel Ranch Quarter Horses
Tradução e adaptação: Luciana Omena

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