Mães ‘corujas’ contam como é ficar torcendo da arquibancada

Certamente, quando um atleta entra em pista, carrega consigo a confiança de sua torcida

Horas de treino e dedicação são colocadas à prova quando a competição de fato acontece. O papel das mães ‘corujas’, portanto, é dar aquele suporte a mais que os filhos precisam. A confiança em saber que a torcedora mais fiel está na arquibancada pode ser um fator determinante para muitos.

Não só vibrando, como também sofrendo, o papel das mães na vida dos filhos atletas é muito importante. A cada passada, são elas que seguram a barra quando as coisas não vão bem. Contudo, as mães são as que mais se alegram quando tudo vai conforme esperado.

Por isso, fomos conversar com algumas mães de atletas de Três Tambores com a finalidade de entender como essa dinâmica acontece no nosso esporte.

Mães ‘corujas’ contam como é ficar torcendo da arquibancada
Luana e Ivanilde

Ivanilde Lima Bastos

Ivanilde é mãe de Luana Lima Bastos, atual campeã Nacional Mirim pela ANTT. Luana, tem ainda entre seus principais títulos, Glória de Dourados/MS em Quatá/SP, ambas na categoria Feminino. Quando a filha começou nos Três Tambores, Ivanilde procurou ser uma das maiores incentivadoras.

“Sonhos só são impossíveis para quem deixa de lutar”, afirma a mamãe. Entre os desafios para elas está a distância. Moram em Bataguassu/MS e o circuito de rodeios tem etapas em sua maioria em São Paulo. Contudo, as barreiras terrestres foram enfrentadas com sucesso. Como uma boa mãe ‘coruja’, Ivanilde conta que seu mantra com Luana é: “Divirta-se em pista, fazendo com alegria o esporte que ama”.

Todavia, como Luana tem 13 anos, há o medo de que ela sofra algum incidente ou acidente. Entretanto, tudo se dissolve quando Ivanilde assiste a filha encarar os desafios com garra. Para acompanhar a atividade, no entanto, a mamãe abriu mão da vida profissional.

Os bastidores com as outras mães, reforça ela, é muito gratificante. “Estar no meio de famílias que se unem pelo sonho de seus filhos, vivendo histórias e emoções, não tem preço. A gente reza, grita na beira da cerca e nos tornamos uma só”.

Com tudo isso em pauta, Ivanilde conta que o momento mais marcante que passou ao lado de Luana nas competições de Três Tambores foi quando ela ganhou o título Nacional da ANTT na categoria Mirim em 2019. “Foi muito importante para nós, porque foi a luta de um ano inteiro. Para se ter uma ideia, em apenas 15 dias tivemos que rodar três mil quilômetros. loucura? Não. Sonho! E esse nós realizamos.”

Mães ‘corujas’ contam como é ficar torcendo da arquibancada
Adriana e Rafaela

Adriana Slaviero

Mãe e maior torcedora de Rafaela Slaviero, Adriana destaca os principais títulos da filha: Vice-campeã de Barretos 2011; campeã ANTT Colorado 2016, GP Haras Raphaela Feminino 2016, Copa dos Campeões ABQM Feminino 2019. Entre tantos outros, que a mamãe orgulhosa sempre esteve acompanhando de perto.

“Sempre gostamos muito dos cavalos. Dessa forma, desde pequena Rafaela ia para a fazenda e passava o dia com eles. Em 2003 comprei o primeiro cavalo de Tambor e não paramos mais. Não só para ela, mas também comigo, foi amor à primeira vista”.

Adriana toca em um assunto pertinente a todas as famílias nessa atividade: conciliar os rodeios e as competições com os estudos. É preciso, sobretudo, saber dosar. “Mas, sempre demos um jeito de conseguir a ir a quase todos”.

O medo de algum incidente com a filha também permeia o dia a dia de Adriana. De acordo com ela, as alegrias superam isso. “Cada competição nos dá uma alegria diferente. Sem contar nas amizades que conquistamos e o aprendizado que levamos de cada uma delas”.

Acima de tudo, para ser uma mãe torcedora de carteirinha, é necessário dosar também a vida que fica em casa. Não só o trabalho, como também o resto da família, outros filhos. Tirando de letra, Adriana tornou-se ainda mãe de muitas outras competidoras. “É um convívio muito prazeroso e recebo todo mundo de portas abertas no nosso caminhão. É muito gostoso ter sempre ‘a casa cheia. Eu faço sempre questão de preparar os cardápios e levo jogos, adoro quando chega semana de prova”.

Entre todas as lições, os momentos marcantes que Adriana reserva ao lado da filha foram, especialmente, em 2012, Congresso ABQM Feminino e o rodeio de Colorado pela ANTT. “Ah, também não posso esquecer do primeiro 16 dela.”

Mães ‘corujas’ contam como é ficar torcendo da arquibancada
Helena e Fernanda

Helena Ventura

As cariocas Helena e Fernanda Ventura acompanham o circuito do BRB. Campeã Nacional, do Grand Prix e do Ycambi Ranch, Fernanda é o motivo de Helena ser uma das mães torcedoras nos Três tambores.

“O começo é difícil, mas sempre procurei incentivá-la, mesmo quando as coisas não aconteciam como o planejado. Quem está no meio equestre entende o que estou dizendo. Contudo, buscamos dar todo o apoio e incentivo para que ela siga em busca de seus sonhos”, afirma.

Da arquibancada, um esporte de velocidade, Helena também torce para que Fernanda não sofra nenhum acidente enquanto pratica os Três Tambores. “Todavia, o que mais me alegra são os momentos de descontração e entrosamento. Além disso, é claro, quando o objetivo é alcançado, seja abaixando seu tempo, alcançando o pódio, ou apenas fazendo uma boa prova”.

A rotina da família, conta Helena, não mudou radicalmente por conta da rotina delas nas competições. Fernanda tem dois irmãos mais velhos, que já não dependem da mãe no dia a dia. “Por isso me dedico muito a acompanhá-la. Não só nos treinos, bem como nas provas. Afinal, os cavalos também são a minha grande paixão”.

De maneira idêntica a outras mães, Helena curte bastante o ambiente. “Posso afirmar que conheci pessoas maravilhosas e fiz amizades que levarei para sempre comigo. O BRB é um circuito lindo e emocionante. A competição ocorre somente dentro das pistas. E até mesmo lá, vemos uma torcendo pela outra. Além disso, todas sempre estão alegres e satisfeitas nas etapas”.

Com tantas histórias para contar, Helena lembra que, sem dúvida, a vitória de Fernanda no Campeonato Nacional da ABQM foi um momento muito marcante. “Não esperávamos que minha filha, em sua primeira prova pela ABQM, chegaria ao título de campeã em meio a tantos competidores.”

Mães ‘corujas’ contam como é ficar torcendo da arquibancada
Claudia e Duda

Claudia Marques

A pequena Maria Eduarda Marques é um dos destaques do BRB e tem entre seus títulos campeã RJQM Infantil 2018, 8° Ycambi Ranch Principiante A e reservada campeã BRB Mirim 2018. Claudia lembra que entrar nessa vida dos Três Tambores partiu de Duda.

“Partiu tudo dela. Foi a Duda que mostrou interesse em competir e eu dei a maior força. Embarquei no sonho dela de cabeça. Entretanto, a maior dificuldade era ter um cavalo que pudesse competir de igual para igual com as outras meninas”.

O medo de Claudia também é o mesmo das outras mães, o de Duda cair durante uma competição e se machucar. “Ou os dois se machucarem, ela e o cavalo”. Contudo, é uma alegria quando Claudia está lá pertinho, vendo a filha fazer aquela passada limpa e linda. “Arrepia e nos faz chorar de emoção”.

A mudança de rotina para que a filha possa se dedicar não atrapalha Claudia. Pelo contrário, ela curte muito. Mãe torcedora é também motorista. “Levo ela todos dias ao treino. Ajudo a dar banho nos cavalos, tiro fotos e toda prova vou junto. Mesmo que tenhamos que sair de casa na terça e voltar só no domingo”. E tudo sempre acompanhada das mães das outras competidoras do BRB.

Por fim, Claudia lembra que o momento que ela nunca esquece foi a conquista da primeira fivela. “Foi em uma prova da RJQM. E, claro, a primeira fivela do BRB. Momentos de pura emoção.”

Por Luciana Omena
Colaboração Flavia Cajé e Débora Castilho
Fotos: Arquivo Pessoal

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