Nascido e criado em meios aos cavalos, o publicitário e fotógrafo, já foi competidor das modalidades Seis Balizas e Três Tambores
Fernando Augusto de Moraes Silva Neto, ou simplesmente Nando Moraes, 24, nasceu e mora até hoje em Aracaju/SE. Desde muito novo, tem contato com os cavalos através do avô e do pai, criador de Quarto de Milha, Appaloosa e Paint Horse. Com o passar dos anos, deixou o esporte propriamente dito, contudo os cavalos não saíram da sua vida.
Nando Moraes atua hoje como publicitário e fotógrafo, é formado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda e tem Pós-Graduação em Marketing Estratégico e Comunicação Digital. No seu dia a dia, ele lida com fotografias e campanhas de equinos. Com toda sua bagagem e amor pelos cavalos, não tinha como ficar longe.
Conversamos com ele, confira!
Como tudo começou
“Meu contato com cavalos vem desde bebê. Foi meu avô que trouxe um dos primeiros Quartos de Milhas puros para Sergipe. E meu pai, José Milton, sempre foi um apaixonado por cavalos e cria Quarto de Milha, Appaloosa e Paint Horse no Haras Kassunguê. Portanto, desde cedo sempre tive contato direto com esses animais.
Em conseqüência, fui incentivado a montar e me tornei competidor de Três Tambores e Seis Balizas. Por alguns anos melhor do ano na categoria Amador no circuito de Três Tambores da ASQM (Associação Sergipana de Cavalos Quarto de Milha). Assim como fui campeão Panamericano de Três Tambores competindo na Fenagro (Salvador/BA). Além disso, sempre estive presente nas exposições agropecuárias apresentando animais em pista nas provas de Conformação.
É um prazer poder ter esse contato até hoje. Vê-los nascer e se desenvolver, aprendendo diariamente a melhor forma de me comunicar com eles. O cavalo é um ser magnífico, não só no esporte ou na lida cotidiana, mas também por proporcionar um mix de sensações únicas, seja da maior tranquilidade até um pico de adrenalina”.
Fotografia
“Em minha época de escola, sempre procurava fazer meus trabalhos utilizando música, fotografias ou filmagens. Aprendi a editar vídeos, mexer com photoshop e através desses trabalhos e algumas brincadeiras, comecei a desenvolver logotipos, cartazes, páginas para revistas e demais artes gráficas.
Sobretudo, sempre utilizei dos nossos animais como um laboratório para experimentar coisas novas, faço isso até hoje. Utilizava fotos que o meu próprio pai fazia através de uma câmera que ele tinha na época e fazia a pós-produção. Mas, aos poucos, fui recebendo fotos profissionais para tratar, recortar e desenvolver artes através desses materiais.
Como eu não tinha o conhecimento técnico de como manusear um equipamento fotográfico, em primeiro lugar eu tive parceria com alguns fotógrafos. Mas, como eu tinha uma noção de ângulo, enquadramento e proporções, surgiu a necessidade de eu aprendesse a dominar o equipamento.
Para fotografar cavalos é preciso entender e ter na cabeça o desenho do cavalo ideal. Estou falando de morfologia. Isso é uma coisa que meu pai me ajudou bastante a entender. Para o cavalo parado ainda tempos que ajustar os flashes, melhor ângulo, a lente para cada ocasião. E tudo isso eu aprendi com o fotógrafo Gabriel Oliveira, um cara que sempre admirei e tinha como referência na fotografia de equinos.
Outro artista que sempre fui fã e que tive o prazer de conhecer e pegar um pouquinho conhecimento foi o Almir Xavier. Ele foi o cara que me deixou claro o que a minha imagem deve transmitir, qual deve ser a expressão do animal, seja uma égua ou um garanhão. Além disso, debateu comigo sobre as posições padrões de fotografias de leilão, me mostrou as referências dele, foi um cara que me passou um conhecimento teórico muito bom”.
Carreira
“Já fotografo cavalos há mais de sete anos. Os analiso de duas formas: o ser espetacular que tem uma enorme representatividade para mim e para os apaixonados (apelo emocional) e o produto cavalo (apelo comercial).
De forma comercial eu procuro entender sempre o cavalo como um produto, seja para vender coberturas, embriões, campanhas ou até o indivíduo, e a partir disso procuro exaltar as melhores qualidades desse produto que vai ser vendido através de um leilão, que pode exigir um determinado padrão no material, ou através de uma venda direta, que pode me deixar até um pouco mais livre em como que vamos apresentar esse produto ao mercado.
Já falando no apelo emocional, eu procuro registrar momentos ou fazer com que eles aconteçam para que eu faça o clique ideal. Fazendo fotos naturais, aproveitando a luz ambiente, as vezes fotografando até durante a noite, algo que por mais que seja um trabalho que eu desenvolva, eu vejo como um hobby e uma diversão.
Hoje produzo quadros com impressão fine art de alta resolução das minhas imagens, muitas pessoas sempre elogiaram o trabalho que faço, mas depois dos quadros, muitas passaram a notar isso como uma obra de arte, onde prestam atenção em cada mínimo detalhe da imagem na parede, e isso me traz uma enorme satisfação”.
Ideia do TCC
“No meu trabalho de conclusão de curso da graduação em Publicidade e Propaganda pela Universidade Tiradentes em Sergipe, estava procurando um tema que ninguém tivesse feito ainda. Queria fazer algo novo, diferente e que de certa forma eu tivesse domínio, então adotei como tema: Marketing na Equinocultura.
Foi um trabalho desenvolvido de forma um pouco trabalhosa, pois muito do que está escrito na monografia não tinha registro científico, então eu tinha que correr atrás de referências bibliográficas de outras áreas para que o meu assunto tivesse uma base concreta, por mais que eu estivesse criando aquilo do zero.
Nele, eu faço uma análise de pontos que eu considero ideais no marketing como: O estudo da hierarquia de necessidades, o marketing mix (os 4 p’s), marketing holístico, identificando o perfil do consumidor e alguns outros pontos. Depois de analisar o marketing, fiz uma análise na equinocultura focado nas raças americanas (quarto de milha, appaloosa e paint horse), que são as que mais tenho afinidade”.
TCC
“Depois da ideia e introdução, sigo o trabalho falando da equinocultura no Brasil, falo sobre as raças americanas e suas respectivas histórias, os padrões morfológicos de cada raça, pelagens, genética, os esportes, estudos de caso e alguns outros tópicos que levantei. Daí eu faço a correlação entre o marketing e a equinocultura, levantando alguns tópicos como: entender o cavalo como produto, a publicidade na equinocultura, fotografia de equinos e os seus padrões, planejando e executando uma campanha publicitária de um produto da equinocultura.
Para desenvolver o trabalho, além da minha experiência que adquiri ao longo dos anos trabalhando e lidando com cavalos, os conhecimentos do meu pai e das pesquisas bibliográficas, contei com a ajuda do zootecnista, inspetor e professor universitário Dr. Antônio Travassos, o fotógrafo Almir Xavier e do criador de Quartos de Milha do Haras Passira, Rodrigo Amorim.
Eles responderam de forma paciente a enormes entrevistas que fiz com cada um deles para que eu pudesse fundamentar melhor o meu tema. Mas nada teria saído se não fosse o super orientador que tive, Dr. Alexandre Chagas, o cara que me apresentou o que era o marketing, foi meu professor e hoje sou grato por tudo, além da amizade que pude construir.
Foi gratificante poder me formar em publicidade falando sobre cavalos, é uma coisa que a banca avaliadora ficou sem entender no momento que viram o meu tema, mas que ficou claro e nítido que alí que naquela mesa tinham mais de 120 páginas escritas sobre um tema feito com paixão e bastante dedicação. Quem sabe isso possa se tornar um livro? Tenho muita vontade, espero que em breve possa tocar esse projeto!”
Projetos
“Além de trabalhar com fotografias e campanhas de equinos eu tenho um estúdio fotográfico, onde faço desde campanhas de moda até campanhas políticas. Trabalhamos com todo tipo de produto e projeto. Estou desenvolvendo minha primeira linha de quadros autênticos de cavalos, tenho muita vontade de ser professor e por isso que no final desse ano de 2020 pretendo iniciar o meu mestrado.
Quero crescer cada vez mais, sei que ainda tenho tempo para isso. Mas, para um bom futuro, preciso começar a moldar agora, sempre fazendo o que gosto, pois assim será feito com prazer!”
Fique por dentro: @nandomoraesfotoanimal
Por Luciana Omena
Crédito das fotos: Arquivo Pessoal
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