Cada vez mais e mais profissionais que trabalham com cavalos estão se unindo aos seus cônjuges para manter os negócios na família. Trabalho em equipe!
Mas, como lidar com esse dia a dia de forma tranquila e manter a vida pessoal conjunta em ordem? Traduzi um texto da Megan Arszman para NRHA Pro Trainer Fall de 2019 e reproduzo aqui com carinho.
Companheira #1: Laura Mae Schoeller
Quando Laura Mae Schoeller conheceu Robin Schoeller, os dois competiam um contra o outro na pista como profissionais. Na verdade, os dois cavaleiros também treinavam competidores jovens que tiveram um papel significativo em juntar os dois.
No começo do relacionamento, Laura continuou a competir na aberta, mas depois de ser diagnosticada com uma doença autoimune passou por uma transição natural. Ajudante do marido que acabara de montar seu próprio negócio depois de trabalhar para o maior ganhador da NRHA, Shawn Flarida.
Ela saiu do CT de Ollie Griffith e parou, gradativamente, de dar aulas e montar. Quando o marido começou o negócio dele, eram só os dois. Então, Laura ajudava nas baias e cuidava da papelada também. Trabalharam duro para fazer tudo que precisava ser feito.
Conforme o negócio de Robin cresceu e eles começaram a família, ela migrou ainda mais para o lado administrativo. Uma escolha fácil, de acordo com Laura. Cuidar dos filhos é um trabalho em tempo integral e ela seguiu. Além de ficar com a parte de escritório e do marketing para que o Robin pudesse focar em montar.
Antes de mais nada, conta que sempre adorou esse outro lado do negócio. Ao longo do tempo, conquistou um cartão de Non Pro que ainda não usou, mas espera usar um dia.
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Companheira #2: Ginger Schmersal
Quando Ginger Schmersal montava com o NRHA Million Dollar Rider Randy Paul, não fazia ideia que o cara que foi trabalhar como assistente dele seria seu marido e sócio. Quando ela e Craig Schmersal, ganhador de US$ 4 milhões pela NRHA, se casaram, dividir o negócio foi uma decisão fácil.
Ginger conta que não houve discussão quanto a isso, já que era formada em Negócios. E, certamente, ela não é treinadora. Então, em sua visão, administra tudo que não implica em treinar cavalos. Seu objetivo é manter Craig na pista fazendo o que ele faz melhor. Ela lida, basicamente, com todo o resto.
De sua experiência, aconselha quem pensa em tocar o negócio junto com o marido. Segundo Ginger, a coisa mais importante é ter tarefas definidas. Assim, seus clientes sabem com quem falar e todos sabem como funciona.
No início da carreira e do negócio, ela lembra que os clientes a procuravam bastante. Então, viu a necessidade da divisão. Se eles têm uma questão sobre os cavalos, falam com o Craig; mas se for uma questão sobre cobrança, com ela.
Ginger revela que sempre houve respeito para o espaço de um de do outro. Ela não fala com ele sobre o treinamento e ele não fala com ela sobre dinheiro. Cada um tem o seu papel e as linhas são bem claras sobre quem faz o que. Em sua opinião, é por isso que funciona.
Companheira #3: Michele Flarida
Com uma família cheia de cavaleiros agora, você não acreditaria que a primeira vez que Michele Flarida viu um cavalo ao vivo foi no seu primeiro encontro com Shawn. O casal se conheceu no ensino médio, ele era amigo da irmã de Michele.
Enquanto Shawn começava seu centro de treinamento aos 18 anos, Michele foi fazer faculdade na Universidade de Miami em Oxford, Ohio. Depois de alguns anos trabalhando na Procter & Gamble e seis meses depois de ter seu primeiro filho, Cody, os Flaridas decidiram que era o momento de ter seu próprio lugar e seu próprio negócio.
Michele admite que aprender a administrar um centro de treinamento foi em grande parte batismo de fogo. Mas não a desviou do seu caminho. Ela cuida dos clientes, dos preparativos de viagem para o Shawn, inscrições de provas. Cuida também da cobrança, agendamento de ferreiro e veterinário. Tudo mais que diz respeito às finanças, para que o marido possa focar em montar e apresentar os cavalos.
Claro que a família, incluindo a filha Courtney e o filho mais novo Sam, teve que passar por uma adaptação quando Michele foi diagnosticada com câncer de mama há quatro anos. Shawn reduziu viagens e provas; no entanto, Michele estava determinada a não deixar a doença mudar o rumo dos negócios. Decidiram que não chegariam ao ponto de não seguirem adiante.
Papel #1: Administrar a família
Laura é mãe de duas crianças: Luca (6 meses) e Janna (6 anos). Tomam muito do seu tempo e foco, enquanto ela também equilibra os negócios. O jeito é ser criativa. Fazer o que pode depois que as crianças dormem à noite ou antes delas acordarem de manhã. E ainda arrumar tempo para dar a eles o foco e atenção que eles precisam e merecem.
Ela conta ainda que a ajuda extra dos pais é crucial com as crianças. Em 2016, Regina, a mãe de Robin, se mudou para os Estados Unidos para estar mais perto deles e ajudar com Janna e Luca. Eles reformaram uma parte da casa para ela e sempre que necessário, a avó assume. Assim como o casal têm a ajuda dos pais de Laura, especialmente durante as provas.
Ginger lembra que administrar o centro de treinamento enquanto criava seus quatro filhos (Chris, Nick, Brendyn e Addy) era caótico. Até hoje ela acha que eu nunca equilibrou bem os dois (ser mãe e administrar o negócio).
Admite que às vezes alguém ou alguma coisa sofria. Um dia eram os negócios, no outro Craig e talvez as crianças ou ela mesma. Sua dica é: tente compensar no dia seguinte. Todos os dias não são perfeitos e é preciso fazer o melhor possível e estar ok com isso.
Papel #2: Administrar o escritório
Os horários de Laura são mais flexíveis do que se ela trabalhasse em tempo integral em outro lugar, o que é perfeito para ter tempo para suas crianças. Ela usa o Quick Books para ajudar com as contas e cobranças.
Ao lado de Robin, montou uma planilha que ele preenche todos os dias. Assim, como administradora, ela sabe se um dos cavalos não se sentiu bem e um veterinário cuidou dele. Ou um ferrador fez algum serviço. Para funcionar, é claro, a ajuda do marido é essencial. O trabalho dos dois flui melhor já que ele se certifica que a esposa saiba de tudo que está acontecendo sem ficar perguntando toda hora.
Crescer como uma menina que amava os cavalos e fazer disso uma carreira e uma paixão foi uma coisa positiva para Ginger. Ela ama a indústria do cavalo, os cavalos e é uma pessoa que lida bem com pessoas. Então, está feliz com todos os aspectos do seu negócio.
O lado negativo, em sua visão, é que não sabe exatamente se existe um lado negativo. Mas se tivesse que dizer algo, seria que é sempre difícil sair de casa e fazer algo não relacionado aos cavalos. Os dois são cruciais para o negócio andar. Eles são ‘o negócio’.
Papel #3: Administrar a aposentadoria
Recentemente, os Schoellers expandiram os negócios de apenas treinamento para também uma operação de reprodução. Antes de mais nada, decisão tomada pensando no futuro. Por exemplo, acidentes acontecem na indústria do cavalo. De uma hora para outra, as coisas podem mudar. E foi depois que Robin sofreu um acidente que ‘luzes se ascenderam’ na cabeça deles. E se ele se machucar e não puder mais treinar cavalos?
Ginger concorda que a vida depois que se começa a treinar não é uma opção viável, mas sim uma grande preocupação. Ela sabe que o marido Craig ‘tem prazo de validade’. Todos os treinadores têm. Por isso, desde o início planeja a aposentadoria dele. Se ele se machucar, essa aposentaria pode ser amanhã. Ela conta que sempre foi muito cuidadosa em como investir e administrar o dinheiro deles. Comprou imóveis e ranchos ao longo dos anos.
Os Flaridas também usam uma consultor financeiro, que coincidentemente é um cliente e amigo. De cara, foram aconselhados a pegar um pouco do dinheiro guardado e colocá-lo num lugar seguro para as crianças e a faculdade. Para Michele e Shawn, algo muito importante. Trabalharam duro durante toda a vida para dar isso aos filhos.
Michelle diz que sente um pouco pelos treinadores jovens que estão começando agora. Ela sabe que o negócio é muito mais difícil hoje do que era há 20 anos. Segundo ela, não é um jeito fácil de sobreviver em qualquer aspecto. É mais difícil começar hoje do que quando eles começaram.
Papel #4: Administrar a vida pessoal
Tempo para si mesma e com o seu parceiro conjugal é importante para manter a sanidade e o relacionamento. Mas, para treinadores e seus cônjuges isso pode ser difícil de conseguir. Qualquer pessoa da indústria de cavalos vai atestar essa frase.
Robin e Laura, por exemplo, ainda não tiveram sua lua de mel. E vai além: sabe que uma pessoa tem que ter determinação para ser cônjuge de um treinador. E como ela já esteve no lugar dele antes, ainda que não no nível técnico dele com os cavalos, diz que entende e ama essa vida tanto quanto ele.
Aprendeu, sobretudo, a apreciar os momentos mais simples de estar junto como família e como casal. Até quando estão trabalhando, conseguem passar um tempo juntos, Os Schmersals tiram um dia da semana para sair do rancho em Scottsdale, Arizona. Toda quinta-feira a noite é o momento deles.
Fazem isso há anos. E as crianças gostam porque podem comer o que quiserem e fazer bagunça quando os pais não estão em casa. Aproveitam, então, para falar sobre qualquer coisa, não necessariamente coisas de cavalo, mas a tendência é acabar falando disso. Tem como fugir?
Papel #5: Administrar conflitos
Maridos e esposas trabalhando juntos pode dar problemas. Mas essas três mulheres concordam que é importante estabelecer limites muito claros de qual lado do negócio cabe a cada um.
Laura confessa que ela e o marido discordam às vezes. Mas como o objetivo é o mesmo, a conversa é tranquila. Se não chegam a uma decisão comum, deixam para o dia seguinte, depois de uma boa noite de sono. Ai sim conversam e decidem o que os dois acham ser a solução mais prática e adequada para qualquer que seja a situação.
Ginger reitera que cada um decide sobre o assunto que cabe a eles no dia a dia, ela os negócios e ele os cavalos. E há respeito a essa regra, mas é preciso de disciplina. Já Michele aconselha que uma das melhores formas de administrar conflitos é ter certeza de que os dois estão na mesma página no que diz respeito aos negócios.
Colocar os planos no papel e ter uma comunicação aberta ajudou ela e Shawn a serem bem sucedidos por duas décadas. Sentar, pensar no negócio e escrever planos e objetivos. Planejar as medidas que precisarão tomar para alcançar esses objetivos. Depois, compare as duas listas. Foque no que pensam igual e trabalhe a partir disso. Às vezes, precisa deixar de lado o que discordam para poder trabalhar juntos no que têm em comum.
Colaboração: Karoline Rodrigues/Plusoneandahalf
Crédito das fotos: Divulgação/Plusoneandahalf
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