A PBR World Finals aconteceu de 7 a 11 de novembro, na T-Mobile Arena, em Las Vegas, regada a muita emoção e superação
Lutando com uma lesão grave no ligamento cruzado do joelho esquerdo, sofrida na semana passada, poucos dias antes de entrar na arena para defender a primeira posição no ranking geral, Kaique Pacheco sagrou-se campeão mundial PBR 2018! No ano em que a Professional Bull Riders comemorou seu 25° campeonato, o jovem brasileiro de 24 anos precisou apenas de duas paradas em cinco rounds para confirmar o título.
Em sua carreira vencedora, já foi campeão de Barretos, duas vezes vice-mundial e Rookie Of The Year, agora tem o título que faltava. São apenas cinco anos montando na PBR americana. “Não foi fácil este ano”, disse Kaique ainda emocionado. “Contraí essa lesão no último final de semana e trabalhei ao longo desses dias para poder fazer essa final. E isso valeu a pena”. Corria o risco de agravar a lesão e ficar muito tempo ‘molho’.
Kaique Pacheco conquista o 10° título mundial da PBR para o BrasilMas esse não era o foco. O foco era ganhar o título. E lá foi ele para o sacrifício, montar com dor. Amparado pela competente e experiente equipe médica da PBR, ele enfrentou, dia a dia, um desafio após o outro. “Depois de cada rodada, meu joelho doía mais e mais. Eu tentei esvaziar minha mente e esquecer tudo. Agradeço a Deus por essa vitória e por esse grande sonho que se tornou realidade”.
Suas duas primeiras temporadas nos Estados Unidos não foram expressivas. Mas em 2015 ele despontou para o estrelato. Talento e garra, sempre teve de sobra. O suado título de Kaique levou três anos para ser concluído. Em 2015, foi Rookie Of The Year e vice-campeão mundial. Posição que ele repetiu novamente em 2016. Ano passado, terminou a temporada como quinto do mundo. Uma história e tanto, que ainda tem muitos capítulos a serem escritos.
Marco Eguche e Kaique Pacheco. Foto: André SilvaForam seis meses de 2018 na liderança do ranking. Posição que conquistou em maio, quando foi campeão do Last Cowboy Standing. Sua terceira vitória consecutiva nessa etapa, a terceira maior da temporada, antes das férias de verão. Com a parada para as férias, ele se fortaleceu. Voltou para a segunda metade do campeonato mais forte do que nunca. Se manteve na primeira posição geral, venceu três etapas e ficou entre os cinco melhores nas que não ganhou. Foram três 15/15 Bucking Battles para conta também esse ano.
No ápice da trajetória para o título, lesionou o joelho montando na final da Velocity Tour – a segunda divisão da PBR. Foi aconselhado a ficar fora por 12 semanas, mas havia um milhão de dólares e uma fivela de ouro em jogo. Se ele piorasse o machucado a ponto de precisar de cirurgia, seria um tempo ainda maior sem montar. Mas ele fez todo o tratamento paliativo e usou uma proteção reforçada no joelho. Fez duas paradas nos dois primeiros rounds World Finals.
Kaique Pacheco e José Vitor LemeA dor se intensificou e ele não conseguiu mais para nos bois. Chegou mancando ao estádio na tarde de domingo, o dia de decisão. Só dependia dele para confirmar o título. Ele caiu no quinto round. Mas seus adversários também. E antes da última rodada, Kaique foi confirmado como campeão. O décimo título para o Brasil. A missão do brasileiro José Vitor Leme e do americano Cody Teel era mais difícil. Mas por suas performances, terminaram a temporada em segundo e terceiro lugares, respectivamente.
No quinto round a diferença de Kaique para José Vitor era de 1.262,5 pontos. Kaique não foi para o sexto round, mas José Vitor sim. E escolheu montar ninguém menos que o campeão mundial SweetPro’s Bruiser. Marcou 93,5 pontos, venceu a rodada final, terminando em segundo lugar na etapa. Com os bônus por esses feitos, encerrou o campeonato com apenas 422,5 pontos atrás de seu compatriota.
Foto: André SilvaEm 25 anos de história da PBR, Kaique é o 18° atleta – e o sexto do Brasil – a conquistar a maior honraria da entidade: ganhar a fivela de ouro e o título de PBR World Champion. O êxito de Kaique soma-se às três vitórias de Adriano Moraes, três de Silvano Alves, uma de Guilherme Marchi, uma de Renato Nunes e uma de Ednei Caminhas.
Com o bônus de US$ 1 milhão pelo título mundial, Kaique encerrou da temporada 2018 com ganhos de US$ 1.535.094,62 e 5.444,16 pontos. O vice-campeão mundial José Vitor Leme, brasileiro de 22 anos, que chegou à PBR ano passado – e foi Rookie Of The Year e campeão da etapa final– somou US$ 535,175,66 – desses, US$ 251 mil conquistados na final – e 5021.66. Entre os dez melhores do ranking, sete brasileiros: Kaique, José Vitor, Claudio Montanha Jr, Marco Eguche, Luciano de Castro, Ramon de Lima e Eduardo Aparecido.
Outro brasileiro brilhou nesse palco durante a PBR World Finals. Marco Antonio Eguche foi impecável e venceu a etapa Las Vegas. Cinco paradas em seis touros e a soma de US$ 372.000,00 e 2050 pontos para o ranking. Saiu da 20ª posição para terminar a temporada como o quinto melhor do mundo. Entre suas performances desses cinco dias, um 94 pontos na segunda rodada.
Marco Antonio EgucheAos 29 anos, dez anos montando na PBR americana, esse foi seu melhor resultado. Antes disso figurou no top 10 em 2012, nono lugar; e em 2013, sexto lugar do ranking final. “É uma sensação incrível. Nós treinamos duro para esse tipo de competição. Treinamos justamente para ter uma performance desse tipo, montar bem, especialmente na final. Eu me sinto ótimo hoje”, disse ele. A premiação conquistada nesses cinco dias foi maior do que ele conseguiu nos últimos quatro anos.
Apenas ele e Chase Outlaw estavam invictos na competição. Mas era Eguchi que liderava. Após cinco paradas consecutivas, o brasileiro caiu no sexto round. Para levar o título da etapa, teve que torcer para uma queda de Outlaw. E o americano também não parou em seu touro e perdeu a segunda posição da etapa para José Vitor Leme.
Adriano Moraes e Rafael Vilella trabalharam como comentaristas para o Brasil.E tivemos ainda o primeiro salva-vidas brasileiro a trabalhar em uma final, Lucas Teodoro.
SweetPro’s Bruiser agora tem três títulos de melhor touro da temporada. Keyshawn Whitehorse foi consagrado o Rookie Of The Year de 2018. Dakota Buttar foi de novo o melhor canadense da temporada. E Chad Berger o melhor tropeiro, junto com Clay Struve. Os 35 melhores do ranking final já estão confirmados para a etapa de abertura da temporada 2019, em janeiro, em Nova Iorque.
Resultados completos: www.pbr.com.
Por Luciana Omena
Fotos: PBR
Foto de chamada: André Silva