Natural de Pilar do Sul, no interior de São Paulo, Amanda Vaz Vieira é um nome reconhecido no universo do laço e da modalidade de laço comprido. Aos 28 anos, ela se tornou uma das mais respeitadas competidoras da área, com uma história marcada por dedicação, conquistas e uma verdadeira paixão pelos cavalos, desde a infância.
Amanda conta que sua história com os cavalos começou antes mesmo de conseguir andar com firmeza. “Quando nasci, meus pais residiam e trabalhavam em uma fazenda e meu pai era responsável pelo cuidado do gado. Quando eu comecei a entender que ele saía de manhã para o campo, passei a acordar de madrugada e ficar na espera por ele, para ir junto”, relembra. Aos 5 anos, já acompanhava seu pai no trabalho com o gado. “Eu lembro que quando eu tinha aproximadamente 5 anos, já não ficava sem ir junto, no começo ia no colo da sela dele, para curar os bezerros ele me colocava em cima de um toco na cerca”, revela, com carinho.
A paixão foi crescendo e, com o apoio de sua família, Amanda começou a competir. “Com o passar dos anos, a minha paixão foi aflorando. O começo foi um pouco difícil, pois não tínhamos muitas condições, mas logo comecei a ganhar os prêmios e com o apoio dos meus pais eu comecei a frequentar as competições.”
Entrando no mundo dos esportes equestres
A transição para o laço comprido, modalidade na qual se destacou, foi natural. Amanda explica que, devido à sua ligação com o campo, a paixão pelo laço surgiu espontaneamente. “Sempre foi muito natural para mim querer aprender a laçar e ir competir. No começo, eu não fazia muita noção do que estava acontecendo, eu simplesmente sempre fui apaixonada por montar um cavalo e laçar o boi”, afirma. Para ela, os prêmios vieram como consequência dessa paixão genuína.
Com o tempo, Amanda conquistou muitos títulos importantes. “Eu tenho muitos títulos marcantes, mas os principais são as duas camionetes que ganhei no CLC em Campo Grande, onde hoje é a minha casa. A primeira em 2016, quando disseram que eu ganhei na sorte, mas em 2018 eu voltei e ganhei novamente”, conta. Ela também destaca conquistas internacionais, como suas vitórias no Rodeio de Vacaria, incluindo os títulos de campeã do Laço Prenha e Laço Pai e Filha, e o recente título de campeã do Laço Capitão na Copa do Laço de 2024. “Acima de tudo isso estão os prêmios que ganho com meu pai. Pode ser um simples troféu, sem qualquer premiação vultuosa, mas é sempre muito importante acompanhar e chegar junto em uma final com quem eu me inspirei para me tornar tudo o que sou hoje”, reflete emocionada.
Os cavalos sempre foram parte fundamental de sua trajetória. “Minha primeira égua que marcou a minha infância e me levou a ser reconhecida a nível nacional foi a Celeste, uma Quarto de Milha”, lembra com carinho. A Celeste a acompanhou dos 12 aos 15 anos e lhe proporcionou grandes conquistas. Amanda também destaca outros cavalos que fizeram história em sua vida, como a Dallya, outra Quarto de Milha, com quem conquistou diversos títulos. “O terceiro cavalo que marcou minha história foi o Tordilho, um cavalo Crioulo, que também me levou a títulos importantes”, explica. Hoje, ela compete com a égua La Quatiara, que, segundo ela, é a realização de um sonho de infância. “Estou com ela há dois anos e meio, dificilmente saímos de alguma prova sem prêmios”, conta com orgulho.

A prova mais marcante e os desafios
Entre tantas conquistas, uma prova se destaca para Amanda: a Copa do Laço de 2024, onde foi campeã do Laço Capitão. “A Copa do Laço, quando fui campeã do Laço Capitão, foi muito especial pela dificuldade da prova, pela quantidade de bons competidores reunidos ali, por ser uma final nos touros, que é bem mais difícil de laçar”, revela. Para Amanda, vencer naquela prova representou superar um grande desafio, já que a disputa exigia precisão e agilidade, intercalando bois com novilhas pequenas.
Competir em uma modalidade onde 90% dos participantes são homens nunca foi um obstáculo para Amanda. Ela conta que sempre foi incentivada por seu pai a ser forte e confiável, sem se intimidar pelos adversários. “Meu pai sempre me forjou a ser firme, forte, confiante e a nunca olhar para meus adversários, mas sim pensar sempre em laçar o meu boi”, afirma. Ela também destaca que sempre competiu nas categorias masculinas, que são mais valorizadas. “Ser mulher não me torna menor, mas me torna especial”, diz com convicção.
Instrutora e motivadora
Além de competidora, Amanda é instrutora na Escola Nacional de Laçadores, localizada no Parque do Peão, em Campo Grande. Para ela, o trabalho de ensinar a outros sobre o esporte é a materialização de um sonho de infância. “Hoje, Deus me fez instrumento para transmitir para crianças e adultos, que possuem o sonho que aquela menininha possuía, de se tornar uma laçadora”, conta emocionada. Amanda afirma que a maior recompensa vem quando seus alunos conseguem alcançar seus próprios objetivos, seja no sucesso nas competições ou no progresso pessoal.
Amanda destaca que o que mais a motiva a seguir no esporte é o amor puro e simples que sente pelo laço. “Isso me faz feliz, estar em cima da égua que amo, motivando pessoas, crianças, mulheres, mostrando que podemos alcançar tudo aquilo que queremos através de esforço, foco e dedicação”, afirma.

Por fim, Amanda deixa uma mensagem para aqueles que sonham em começar no laço: “Comece. Não importa sua condição atual, mas a vontade que grita em você. Se Deus colocou um desejo no seu coração, se você fizer a sua parte, Ele vai te levantar e vai fazer acontecer. Procura um profissional especializado, adquira bons instrumentos (laço e cavalo), dedique-se fielmente, e você chegará lá.”
Amanda Vaz Vieira segue inspirando novas gerações de laçadores e demonstrando que, com paixão, dedicação e amor pelo que se faz, é possível transformar sonhos em realidade.
Por: Matheus Oliveira/Revista Roper´s Sports
Fotos: Arquivo Pessoal
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