O projeto tem o apoio da CPLD, hoje um dos maiores e mais exigentes campeonatos de laço em Dupla do Brasil
A modalidade Laço em Dupla cresce constantemente em todo país. Pelo nosso levantamento feito junto a organizadores de provas e juízes, são mais de 300 eventos por ano em todo Brasil. E um dos principais pontos na realização de uma prova de modo de geral, mas nesse caso em especial no Laço em Dupla, é o julgamento.
São muitos detalhes que em envolvem o julgamento que é definido em questão de segundos. O juiz tem que julgar vários fatores: saída do brete, se boi está dando condição ou laçador está enrolando, se a pista está liberada, se não queimou a saída, a confirmação da laçada, bandeira.
Muitos dos juízes que trabalham nas provas são ex-competidores ou ainda competidores de Team Roping. Trazem a experiência da pista e de um olhar mais apurado por conhecerem realmente a modalidade que estão julgando.
E um grande desafio enfrentado por eles, mesmo com anos de experiência, é que não se tem um manual com as regras a se seguir, que dê um respaldo maior à eles em relação ao julgamento das provas.
E foi com esse pensamento que os juízes Danilo Coroa, Edson de Oliveira (Neguinho), Flavio Farlei e Mário Thiago Lima, com incentivo e apoio de Felipe Monteiro e Anderson Proença do CPLD, se reuniram durante a Mega Final CPLD para trocar ideias a respeito da formulação desse manual. Se tudo caminhar bem, também uma formação de uma associação de juízes de Laço, unindo todos em um consenso.
“Não existe uma cartilha de regras claras, como no futebol. E é um esporte mesmo com tanto suporte, ainda assim tem briga, por causa de pênalti, por exemplo. Imagina se não tivessem regras definidas, seria pior. A gente tem que ter um conjunto de regras que os laçadores saibam e os juízes trabalhem juntos. O CPLD dá todo apoio aos juízes, eles têm todo o nosso respeito. E vale o que eles pontuam”, falou Felipe Monteiro.
Felipe reitera a importância desse material, ele que é organizador de um dos maiores campeonatos de Laço em Dupla do Brasil. Um detalhe muito importante que talvez poucos saibam é que o julgamento não depende apenas do juiz. O locutor é uma peça fundamental, pois é a comunicação entre o juiz e competidor. E é preciso haver uma sintonia entre eles, o soltador de boi, cronometrista, locutor, juiz, é uma equipe.
Para Danilvo Coroa, de Goiânia/GO, ex-competidor e que julga há cerca de dez anos, a maior dificuldade é fazer com que os competidores aceitem as decisões. “Os próprios competidores não entendem a reação dos juízes, às vezes erramos na intenção de acertar, mas o competidor não entende, porém vamos levando”. Edson de Oliveira Santos, o Neguinho Prudente, que atua em mais de 40 provas por temporada, pontua que sente dificuldade em se ter uma boiada uniforme nas provas.
“Quando a boiada é pareia, é bom, mas tem dono de prova que não vê muito isso. Aí a gente tem que ir apartando, tirando os que não tem condições, pois isso facilita o julgamento e fica justo para o laçador”. Ter a responsabilidade de decidir o campeão de uma prova é um dos desafios que Flavio Farleo, de Maringá/PR, reforça. “Tem que estar extremamente concentrado para sair da melhor forma possível e de maneira nenhuma se omitir do serviço. Se tiver que cortar uma dupla, tem cortar, esse é o nosso papel”.
Assim como os companheiros de atividade, Mario Thiago Lima, o Thiaguinho, laçou por vários anos em todas as provas mais conhecidas e na sua região. Quando parou, viu no ofício de juiz uma forma de continuar no esporte. Ele também lembra da dificuldade de fazer com que os competidores entendam as decisões do juiz. “O carretão é algo complicado, é o mais difícil de julga hoje, em minha opinião, porque é muito rápido. Às vezes erramos no julgamento, e acertamos também, é questão de segundos. Mas tento fazer o melhor possível para ser justo”.
Por Verônica Formigoni
Foto: Ricardo Marioto Rotelli