Categoria vem ganhando cada dia mais incentivo, com vaqueiras talentosas e apaixonadas pelo esporte
Qualquer meio essencialmente masculino, vez ou outra, é movimentado pela entrada de mulheres igualmente talentosas e boas no que fazem. Por mais que algumas pessoas relutem, quebrar o ciclo de toda uma cultura é libertador. No caminho, sempre contam com alguns ‘anjos’, como Fernando Freitas.
Tudo começou lá em 2011, quando o Grupo Maria das Neves foi formado. “Começamos lá na nossa fazenda, em Pernambuco, através de meu sogro. Joel Osório. Dessa forma, o nome foi dado em homenagem a mãe dele, D. Maria das Neves. Então, nos reunimos e começamos a praticar Vaquejada como uma brincadeira de família”, relembra Fernando Freitas.
Criado nesse meio, desde que se ‘entende por gente’ conhece a Pega de Boi, atividade que originou o esporte Vaquejada. Portanto, o curso da história foi natural pra ele. “Não tínhamos compromisso, no sentido de não levar a coisa como algo profissional. Sempre em família, curtíamos os ambientes da Vaquejada. Até que decidimos montar uma equipe competitiva ao chamarmos o Robertão”.
Representando a cidade de Pedra/PE, o Grupo Maria das Neves é reconhecido no circuito brasileiro. Pelo Campeonato Portal Vaquejada, inclusive, realizaram duas corridas, em 2018 e 2019, com total sucesso. Fernando, porém, quis ir além, e ‘abriu o olhar’ para a categoria Feminina.
Incentivo
“Me considero um dos incentivadores da categoria Feminina na Vaquejada, sem dúvida. Sobretudo, sou um dos que acredita na força dessas meninas”, relata Fernando. Elas já são realidade, em sua opinião, e por isso ele criou o Fernandinho Freitas Team. “Não cheguei a ver a D. Socorro Miranda correndo, mas vi a filha dela, Caliane, e achei arretado, muito legal mesmo”.
Assim sendo, Fernando passou a prestar mais atenção nas meninas, vendo como eram igualmente talentosas e tinha aptidão para a Vaquejada. “Me animei muito e como elas precisam de incentivo, corri atrás de trazer a primeira vaqueira para a equipe Maria das Neves”.
Adeliane Américo foi a primeira vaqueira que fez parte do Grupo e, na sequência, Fernando convidou Mônica Cardoso e Giovana Ferreira. “Fizemos um projeto serio, bem na época que as mídias digitais explodiram. Então, nosso trabalho com a categoria Feminina na Vaquejada envolve não só a estratégia do esporte em si, como também a exposição nas mídias digitais”, reforça.
Sem dúvida, Mônica e Giovana dão retorno de visibilidade para o Grupo Maria das Neves. E, em contrapartida, elas ganham um incentivo importante para seguir no esporte. Com o ‘empurrãozinho’ de Fernando, além de boas em coloca o boi na faixa, elas também sãos sucesso na internet. Tem seguidores e patrocinadores que apostam nelas como exemplo.
Hoje, o Grupo Maria das Neves e o Fernandinho Freitas Team acompanham com as duas os principais campeonatos. Enquanto Mônica participa exclusivamente das corridas do PE-PB, Giovana disputa o CPV.
“A gente se esforça muito. Um caminhão vai para uma festa com a Mônica e o outro parte para outra com a Giovana. Muitas vezes no mesmo final de semana, provas simultâneas”.
Equipe
Com carinho e orgulho, Fernando fala das suas vaqueiras. “A Giovana Ferreira em 16 anos e uma força de vontade sem igual. Com Black Bingo, ela ganhou tudo em 2019, terminando a temporada como campeã não só do CPV, mas também da Liga Pernambucana e pela ABQM. A Mônica Cardoso é tudo de bom, também tem sua família na Vaquejada. Ela atua no Campeonato PE-PB, em que foi campeã em 2019, e também na Copa Equus. As duas com muito sucesso e nos dando muitas alegrias”.
Futuro
O que falta, conforme Fernando diz, é que outros grupos acreditem no potencial das vaqueiras. Montar uma equipe com o profissional, claro, mas também com os amadores, contando as meninas. “Em mina opinião, onde tem vaqueira feminina tem família e onde tem família tem alegria”, reitera.
Contudo, Fernando é realista em afirmar que em termos de premiação é difícil equipar a categoria Feminina com a Profissional, por exemplo. “Mas, temos que levá-las a serio. Ofertar premiação digna, compatível com o valor das senhas. Hoje, a inscrição é mais em conta e a premiação tem um valor abaixo das demais categorias. Mas podemos chegar a um patamar de aumentar o valor da senha para poder melhorar esse retorno, a premiação”.
Para isso, Fernando acredita também que o que vai acontecer é o aumento de competidoras. “Vamos chegar a ter uma disputa da categoria Feminina com 20 ou 25 vaqueiras, fazendo valer o boi de forma brilhante. E isso é uma realidade”. Para isso, outros ‘Fernandos’ devem surgir, assim como já são incentivadores Clovis Paiva, de Pernambuco, Ivan Faria lá de Santa Cruz do Capibaribe, o grupo Lideralto, entre outros.
E assim segue o Fernandinho Freitas Team exclusivo para a categoria Feminina. Todos aguardando as provas poderem ser retomadas quando o surto do novo coronavírus estiver mais controlado. Giovana foi a quatro etapas do CPV 2020 e lidera o ranking. Além das duas citadas, Fernando conta que também apóia informalmente outras vaqueiras.
“Esse é o pensamento de um apaixonado pela Vaquejada, antes de qualquer coisa. Porque tem que ter paixão em tudo, eu só acredito que funciona assim. E com trabalho, sem dúvida, que temos desenvolvido ao longo dos anos.”
Por Luciana Omena
Colaboração: Analúcia Araújo
Crédito da foto de chamada: Aninha Clark \ Demais fotos: Arquivo Pessoal
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