Recentes alterações nas regras de importação da Associação do Quarto de Milha haviam gerado reflexos controversos e perda para alguns criadores e proprietários
Em setembro de 2017 foi aprovada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a 13ª edição do Regulamento do Serviço de Registro Genealógico do Cavalo Quarto de Milha. Com isso, a edição do Regulamento da ABQM, vigente desde janeiro de 2018, alterou a regra de enquadramento de animais com idade inferior a 36 meses sem campanha própria.
A alínea ‘E’ do Anexo I do Regulamento ABQM determinava que para esses animais, ao serem importados, estava dispensada campanha própria, desde que seu pai e sua mãe fossem ganhadores ou produtores, ambos, na mesma modalidade. E foi nesse ponto que algumas controvérsias surgiram, especialmente para criadores e proprietários de cavalos de Working Cow Horse.
Da forma como se encontrava, o regulamento ia no sentido contrário das práticas mundiais de criação, seleção e evolução da modalidade. A começar pela prova em si, composta por três fases: rédeas, apartação e cerca (nos Estados Unidos) ou rédeas e cerca (no Brasil). É a única modalidade western que reúne várias disciplinas na sua execução, e que, na sua essência exige do cavalo diversas habilidades para que tenha um bom desempenho.
Contudo, a combinação de diferentes linhagens nas diferentes modalidades é prática extremamente aceitável, viável e comum. Inclusive, comprovadamente eficiente entre os criadores, a exemplo dos Três Tambores, Ranch Sorting, Laço e o próprio Working Cow Horse. Busca-se o melhoramento genético com foco na performance, uma vez que o objetivo é perpetuar e ressaltar determinadas características desejadas para cada modalidade.
Conversamos com a ABQM e soubemos que na última reunião do Conselho Deliberativo Técnico (CDT), realizada no dia 22 de agosto de 2019, foi definida a inclusão de um novo parágrafo no Regulamento da ABQM. Esse parágrafo versa que a importação de animais com menos de 36 meses, cuja campanha de seus genitores seja de modalidades diferentes (campanha cruzada), está permitida.
“Contudo, ainda será necessário finalizar algumas tratativas para então encaminhar o novo regulamento para aprovação do Ministério da Agricultura”, informou a superintendente técnica da ABQM, Juliana Magalhães. A resposta da ABQM certamente gera alivio para muitas pessoas. Não só as ligadas ao Working Cow Horse, mas também a diversas outras modalidades.
Nosso interesse pelo assunto foi gerado quando soubemos que aproximadamente 15 cavalos adquiridos nos Estados Unidos antes da publicação do novo Regulamento ABQM, que atendiam a todas as disposições antigas, não só do Working Cow Horse, mas de outras também, estavam sem poder entrar no Brasil.
Com o impasse resolvido, mesmo que tenha demorado mais do que desejado pelos criadores e proprietários, resta sanar o impacto negativo e os prejuízos financeiros (por exemplo, de despesas na quarentena, lucros cessantes na reprodução) causados aos investidores, minimizar o abalo na confiança do mercado, e trazer seus animais para casa. Para ver mais conteúdo como esse clique aqui.
Por Luciana Omena
Colaboração: Plusoneandahalf
Na foto de chamada: Not Ruf At All, linhagem de Rédeas. Crédito: Cam Essik