Após anos em Avaré, prova da ABQM teve novo endereço

Um balanço do Nacional em Londrina na visão de um dos muitos que conhecem bem o que está falando

A realização de um evento da ABQM em Londrina/PR após anos a fio acontecendo em Avaré/SP, minha cidade, representa uma grande mudança na nossa ‘rotina’ de prova. Principalmente porque ouvi muitas opiniões durante o evento, relatos e experiências de pessoas que não são de Avaré. Foi interessante!

Não posso começar sem manifestar o sentimento que fica após essa mudança. É lamentável que ABQM não tenha feito em Avaré o mesmo esforço jurídico que fez em Londrina pela liberação do Laço. Ficou (descaradamente) evidente que a decisão sobre a estratégica jurídica adotada em Avaré no Congresso foi orientada por interesses políticos da Diretoria a favor dessa mudança.

Em Avaré, um singelo pedido de reconsideração foi negado, e ficou por isso mesmo. Em Londrina, pedido de reconsideração, agravo, novo pedido de reconsideração e novo agravo. Se tivessem feito pelo menos a metade disso em Avaré eu não ousaria fazer nenhuma crítica sobre o assunto, mas o que foi feito, ou melhor, o que não foi feito, para uma associação do porte da ABQM, é inadmissível. É o registro.

Minha família e a equipe estão se ajustando. Não estamos acostumados, nem temos suporte e estrutura para viajar para longe com o número de cavalos que costumamos levar para os eventos da ABQM. Não temos mais trailer. Na nossa cidade existem pouquíssimas opções de frete, ainda mais para o número de cavalos que geralmente levamos.

Não pudemos esquecer de nada, porque não temos como voltar para casa para buscar. Não pudemos vacilar. Não sabíamos como seria o lugar, como seria a disposição da estrutura, como funcionaria. Optamos por ‘play safe’ com apenas seis cavalos, de Working Cow Horse. Não arriscamos levar os potros de Rédeas que originalmente tínhamos planejado levar para o Nacional, se fosse em Avaré.

Mudanças bruscas e inesperadas tendem a ser difíceis e traumáticas, ainda mais quando impactam a vida de tantas pessoas ao mesmo tempo. De início, acredito que boa parte de qualquer má impressão que o público possa ter tido quanto ao evento em Londrina seja decorrente disso. As pessoas (eu inclusive) ficam perdidas, não sabem onde ficam as coisas, para onde ir, como chegar. É esgotante. O lado bom é que isso tende a melhorar. Continuando em Londrina, algumas coisas podem e outras precisam melhorar.

TRÂNSITO. Como eu disse, os problemas que passei e relatos que ouvi nesse quesito se devem ao fato das pessoas estarem perdidas. Tanto quem chegava, quanto quem deveria orientar. A equipe do recinto não tinha conhecimento nenhum do funcionamento do evento, de onde ficavam as coisas. Não tinham a sensibilidade de ver que um trailer enorme não poderia manobrar em determinados lugares, nem sabiam dizer onde seria o melhor lugar para estacionar conforme a pista/modalidade que a pessoa queria, não se entendiam quanto à entrada que deveria ser utilizada.

É claro que todo mundo quer estacionar seu carro o mais próximo possível, mas ficou óbvio que as pessoas abusaram, a segurança não organizou e tudo ficou bem tumultuado dentro do parque. Nunca ouvi tantos chamados na rádio ABQM solicitando proprietários para comparecerem ao local do veículo estacionado ‘devido a uma pequena avaria’. Fácil de resolver, apesar da falta de espaço no recinto.

COCHEIRAS. As cocheiras onde fiquei eram bem localizadas, próximas da pista, próximas da entrada e saída dos carros. Estrategicamente localizadas, na minha opinião. Estrutura padrão da ABQM. Porém, inadmissível a quantidade de acampamentos entre as cocheiras, não pelo acampamento em si, porque isso precisa ter em algum lugar. Mas sim pela falta de água que ocasionava diariamente para os cavalos. E, principalmente, pela quantidade de cabos elétricos espalhados por todo o chão entre um pavilhão e outro, cruzando passagens. Morria de medo de passar com um cavalo e um fio desencapar com um pisão de ferradura.

Também não achei apropriado acampamento de outra pessoa montado na frente das minhas cocheiras, fazendo churrasco e jogando truco de madrugada. Eu não faria isso na frente das cocheiras de outra pessoa. Cavalo tem horário, tem rotina, tem que descansar, não pode ficar fungando churrasqueira dos outros de madrugada. Pode ser mais organizado.

Fotos: ABQM/Divulgação

PISTA. A qualidade e tamanho da pista estavam excelentes. Acompanhamos todos os esforços dos organizadores para preparar o solo, participamos com opiniões e sugestões durante esse processo. Havia toda uma estrutura de maquinário da mais alta tecnologia à disposição para fazer o que fosse preciso.

Não obstante, o aquecimento era bem apertado, e disputava espaço com as pessoas, que não tinham outro lugar por onde passar, pois a grade ia até o final da pista de Tambor. Ou se entrava por um ou outro aquecimento. Disputava também com o trator, que não tinha muito espaço para trabalhar. Também achei que a pista estava muito escura, isso durante o dia, e não é exagero. Quase me perdi durante a minha prova. Como a pista era totalmente fechada de um lado, ficou bem escuro lá dentro.

BANHEIROS. Usei apenas uma vez um banheiro que achei entre a pista de Tambor e a praça de alimentação. De resto, usei o banheiro químico da pista, do restaurante e do leilão. Ouvi reclamações sobre constantes interdições e entupimento. Normal.

AEROPORTO. Eu fui de carro, mas conversei com pessoas que foram de avião. Ao que parece, não adianta só ter aeroporto na cidade. Quem veio de Porto Alegre teve que fazer escala em Curitiba, e o tempo total de viagem foi maior do que pegando um voo até Campinas e carro até Avaré. Para uns foi melhor e para outros, pior.

CIDADE. Como de costume, ficamos ocupados o dia todo na pista e o tempo que restava só queríamos um banho e algumas horas de sono. Igual em Avaré. Só comi no recinto, e comi as mesmas coisas que sempre como nesses eventos. De verdade, a cidade não fez diferença. Não me importou se tinha mais restaurante ou se tinha shopping. Não tive problemas para reservar um hotel decente e com preço bom, apesar da distância do recinto até o hotel ser maior do que a do recinto de Avaré até o rancho. Coisa de cidade grande.

Não me pergunte nada sobre o Laço. Era tão longe que não tive forças para procurar e ir até lá. Já tinha andado muito procurando todo o resto. Sempre assisto uma prova ou outra, mas dessa vez não deu. Da próxima vou experimentar a carona dos carrinhos. Também não me pergunte sobre lavadores, só me disseram que eram longe, também não arrisquei, e dei banho nos cavalos nas cocheiras mesmo.

Foram dias ótimos, é muito bom viajar. Parabéns e obrigada a todos que trabalharam para que fosse o melhor possível num espaço de tempo tão curto. Sendo o Potro do Futuro e Copa dos Campeões em Londrina, muitas coisas tendem a melhorar, e nós estaremos mais bem preparados agora que sabemos como funcionam as coisas no recinto novo. Tenho certeza que a ABQM está sempre fazendo o que pode no melhor interesse no associado. É impossível agradar a todos, ainda mais sendo tantos.

Seguimos na luta, fazendo o que amamos. Até outubro, seja onde for!

Por Karoline Rodrigues
Plusoneandahalf

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