Após ser notificada pelo MAPA, ABQM dispensou mais da metade dos juízes

Instrução Normativa vale desde 2014 e artigo específico fala sobre a condição de formação profissional dos juízes

Em nota, a Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Quarto de Milha informou a mais da metade do seu quadro de juízes oficiais que eles não podiam mais julgar oficialmente pela Associação. De acordo com a Instrução Normativa nº 36 de 09 de outubro de 2014 – Art. 25, somente jurados graduados em Engenharia Agronômica, Medicina Veterinária ou Zootecnia, estão aptos.

A norma é válida para todas as associações de raças, equinas ou bovinas, que realizem provas ou julgamentos. Segundo o Departamento de Esportes da ABQM, a partir do dia 24 de julho, data que recebeu oficio do Ministério da Agricultura solicitando a retirada de todos os juízes oficias que não tem formação nessas aéreas, todas as provas julgadas por juízes que não se enquadram de acordo com a Instrução Normativa não serão reconhecidas pela ABQM.

Foto: GoHorseShow

“Dessa forma informamos que apenas os juízes que estão listados no site da ABQM estão aptos a julgar provas oficiais e oficializadas”, diz a nota, seguindo a determinação do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.

Os parágrafos do artigo 25 explicam quais são as atribuições dos jurados aptos: inscrever os profissionais habilitados e expedir os respectivos credenciamentos para realizar o julgamento de classificação de animais;  monitorar, avaliar e fiscalizar o exercício da atividade dos jurados;  deliberar sobre questões oriundas das atividades dos jurados; denunciar, quando couber, à autoridade competente o fato apurado e cuja solução não seja de sua responsabilidade; elaborar o Regulamento de julgamentos, de campeonatos da raça e de atividades congêneres, em conformidade com o Regulamento do Serviço de Registro Genealógico em parceria com a diretoria da entidade nacional; e realizar cursos teóricos e práticos para jurados, no mínimo, uma vez a cada dois anos.

A Instrução Normativa continua a designar atribuições nos tópicos seguintes. No Art. 27, diz: “O Conselho Deliberativo Técnico das entidades nacionais, que realizem julgamentos, campeonatos de raça ou atividades congêneres, deverá elaborar o Regimento Interno dos respectivos colegiados, definindo os direitos e deveres dos jurados e, inclusive, critérios para julgamento, baseados em métodos e conhecimentos científicos atualizados, de modo a orientar os criadores no aprimoramento zootécnico dos rebanhos”.

Foto: Equinechronicle

Saíram do quadro de juízes da ABQM profissionais que acabaram de ser admitidos, bem como os que já atuam há um bom tempo e tem uma bagagem ampla sobre a raça e todas as modalidades praticadas. É notório que a ABQM tem uma preocupação enorme com a qualidade dos seus juízes, realizando um sistema de ingresso com provas e estágios, avaliação feita por juízes altamente graduados da AQHA, que vêm ao Brasil periodicamente aprovar e reciclar os profissionais brasileiros.

Mesmo sendo uma atividade onde o conhecimento sobre as competições, com julgamento realizado por pessoas altamente capacitadas e treinadas para a função, o MAPA entende que os jurados devem ter formação em Ciências Agrárias. A discussão, após essa notícia, se ateve a esse âmbito. Ao ser considerado apenas o julgamento zootécnico vem a exigência da formação nessas três áreas. No entendimento da ABQM é possível levar em consideração todo o legado da formação do quadro de juízes feito há 50 anos e ainda a forte capacitação no que tange às nuances de cada modalidade.

Na raça Crioula, por exemplo, foi aberto processo seletivo recente para novos jurados através de notório saber – termo usado para os profissionais que não tem uma das formações exigidas para a função, mas que possuem conhecimentos considerados equivalentes. É exatamente o argumento mencionado acima, sobre a capacidade e conhecimento do jurado a respeito da raça, das modalidades, seus anos de experiência acompanhando os cavalos.

A ABQM vem tentando arduamente, ações conjuntas especialmente do Departamento de Esportes e Superintendência Geral, reverter essa situação. “Nós estamos em contato com o MAPA para buscar a melhor solução para esse caso. No momento, o que posso assegurar é isso”, palavras de Fabricio Pinotti, Coordenador de Juízes da ABQM. Entramos em contato com a assessoria de imprensa do MAPA e ainda aguardamos uma nota oficial.

Por Luciana Omena, Verônica Formigoni e Juliana Antonangelo

Deixe um comentário