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Expressões faciais dos cavalos são tema de estudo e melhoram comunicação homem/animal

Zootecnista Caroline Bini traz a importância deste conhecimento e afirma que estudos comprovam que cavalos conseguem entender as expressões faciais humanas

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A preocupação com o bem-estar do cavalo é um assunto constante no meio equestre. Hoje já existem estudos que visam analisar as expressões faciais dos cavalos buscando assim uma maior compreensão dos seus sentimentos, melhorando a comunicação entre homem e cavalo.

A zootecnista Caroline Bini, membro do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob orientação da Prof. Dra. Viviane Oliveira e com a colaboração da equipe integrante do Núcleo de Estudos em Ambiência, Bioclimatologia, Bem-estar e Etologia (NEABBE), participa de um estudo que visa compreender as expressões faciais dos cavalos e busca, através de cursos levar as informações acadêmicas ao meio equestre.

“Sabemos que os estudos científicos para o público geral, não são fáceis de compreender, pois são escritos em inglês e com muitos termos técnicos. Minha proposta é ‘traduzir’ estes conteúdos, deixá-los mais didáticos e levar para o meio, visando facilitar o dia a dia no campo e promover o bem-estar animal”, explica Caroline Bini.

Expressões faciais dos cavalos são tema de estudo e melhoram comunicação homem/animal
Conhecer as expressões faciais dos cavalos auxilia na comunicação

Estudo recentes

Os estudos relacionados as expressões faciais dos cavalos são recentes, datam de 2014, iniciou com primatas e depois passou para animais domésticos, chegando aos cavalos. “Os resultados encontrados são muito interessantes e o desafio agora é levar para o campo, para aplicar na prática e melhorar a vida dos cavalos”, explica.

Os estudos foram feitos de forma não invasiva, através de fotos ou vídeos das expressões dos cavalos, visando compreender o estado emocional do animal e assim entender suas expressões.

“Quando a gente começa a olhar para o comportamento e interpreta-lo de uma forma coerente com o que está sendo pesquisado, a gente tem uma consistência muito melhor na forma como interagimos com o cavalo. Hoje já sabemos que o cavalo consegue compreender as nossas expressões faciais, então a forma como a gente aborda o cavalo, inclusive a nossa expressão facial, pode mudar a resposta dele”, explica a profissional.

Todas essas informações, explica Caroline Bini, só enriquecem a nossa forma de interagir com o cavalo, “que é o que as pessoas têm mais buscado ultimamente, uma forma gentil e eficiente de lidar com eles”.

Como interpretar as expressões faciais dos cavalos?

Expressões faciais dos cavalos são tema de estudo e melhoram comunicação homem/animal
Todos os pontos devem ser observados para avaliar as expressões faciais dos cavalos e não apenas as orelhas

Um dos pontos mais estudados pelos pesquisadores, com relação as expressões faciais dos cavalos é a questão da dor e o estresse, e como elas se manifestam. Segundo explica Caroline Bini, essas são as questões que as pesquisas estão mais avançadas.

O primeiro passo, afirma a especialista, é observar a face do cavalo como um todo. “As pessoas ficam muito atentas as orelhas e muitas vezes passam diagnósticos precoces. Precisamos avaliar a cara como um todo, orelhas, olhos, narinas e focinho, e observar cada alteração”, explica a especialista.

Em situações de dor é possível observar as orelhas mais rígidas para trás, uma tensão sob área os olhos, narina mais dilatada, a parte interior e superior do focinho com um ângulo mais proeminente – geralmente quando o cavalo está sem dor, essa musculatura fica mais relaxada, em forma de ‘U’ – e quando o cavalo está com dor, essa área fica mais tensa e aparenta ter um formato de ‘V’.

Outro ponto que deve ser observado é o mastigar e lamber. “Quando há um pico de estresse, há um cessar da salivação e mastigação no cavalo e logo depois desse pico, quando o cavalo começa relaxar, ele volta a fazer estes movimentos. As pessoas interpretam que ele está relaxado e que estes movimentos são normais, esperados, mas na verdade é que houve um pico de estresse, e se isso acontece várias vezes, precisamos avaliar a situação para diagnosticar o que está causando os picos de estresse nele”.

Carolina ainda reforça que estes movimentos podem também ser um sinal de relaxamento, “mas se você está, por exemplo, num contexto de treinamento em que podem ter vários estressores ocorrendo, é preciso parar e observar que alguma coisa pode estar acontecendo com o seu animal e o que podemos ajustar na forma como trabalhamos para diminuir o estresse”, aponta.

O estresse em excesso prejudica a aprendizagem, diminuindo o rendimento desse animal durante o treinamento. “Com essas informações, conseguimos monitorar melhor o animal e monitorar melhor a nós mesmos, porque a gente consegue perceber o que estamos fazendo de errado e assim melhorar a comunicação e diminuir a confusão durante o treinamento”, finaliza.

Caroline Bini ministra cursos e workshops sobre o tema. Para saber mais clique aqui.  

Por Camila Pedroso . Redação Cavalus

Fotos: Reprodução / Pixabay

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