Made in Brasil – Brasil investe ainda mais na exportação sêmen

Criadores enfrentam grandes burocracias, mas comemoram o sucesso da exportação de material genético do Quarto de Milha brasileiro ao Estados Unidos

Shady King Times EK

A burocracia é grande, mas a exportação de material genético de exemplares da raça Quarto de Milha que nasceram ou estão atualmente no Brasil já é realidade. Diversos criadores brasileiros estão entusiasmados com o envio sêmen dos garanhões aos Estados Unidos da América.

“Não é fácil”, afirma Eduardo Kucinski, do Haras Two Brothers, que comercializa sêmen dos animais: Shady King Times EK e Aim Ta Fame, desde 2017. Ele conta que o processo é lento. Entre as etapas, cita que é preciso enviar o garanhão para uma central credenciada ao MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, a qual faz todos os trâmites como coleta e registro. “No Brasil, nós criadores, como pessoa Física, podemos importar, mas não exportar. Levamos mais de um ano para conseguir, pois cada vez o MAPA pede uma documentação diferente”.

O processo de exportação é mais complicado do que quando falamos sobre importar, considera Philipp Reisinger, da Fazenda Delta, que exporta desde 2015 cotas de Streak of Moon BRZ e de Havilah Cody Bee desde 2017. “Todas as regras e legislações americanas demandam um pouco mais de atenção, não só nos requisitos legais como em todo o processo de quarentena do sêmen e apresentações dos laudos de sanidade animal e outros documentos”, aponta.

El Shady Zorrero

De olho no Brasil

Além de concentrar a maior quantidade de cavalos Quarto de Milha do mundo, os Estados Unidos também detêm as mais importantes genéticas. Entretanto, os americanos estão se interessando pelos produtos brasileiros, com genética diferente das encontradas lá ou até mesmo comprando de volta raçadores que foram trazidos ao Brasil há alguns anos.

Paulo Farah, da Fazenda Caruana, diz que vê de maneira positiva a intensificação destas exportações. “Isso nos fortalece e mostra que temos muita coisa boa em nosso plantel. Nós importamos muita coisa boa nos últimos anos e alguns reprodutores e matrizes até já voltaram aos Estados Unidos, dada a importância que os americanos deram a esses animais”.

Criador de elite da raça e ex-presidente da ABQM, ele declara que diversos americanos que visitam o Brasil, gostariam de ter lá linhagens que só nós temos aqui. Devido a isso, iniciou suas comercializações e conta que já enviou 300 palhetas do El Shady Zorrero e do Firewater Fast. “Agora estamos no processo para mandar mais cotas para a próxima estação de monta, reforça”.

Havilah Cody Bee

Para Paulo, o sucesso das exportações dos produtos brasileiros “vem confirmar a qualidade do plantel nacional, e isso deve ser motivo de orgulho para o nosso mercado, pois nos deixa mais conhecidos lá fora, mostrando a qualidade da nossa tropa”. Reisinger complementa afirmando que os americanos estão preocupados em agregar novas genéticas à seus plantéis. “Toda essa perspectivava é muito importante também aqui no Brasil, pois aquilo que é exportado tem mais valor de mercado”, considera. Kucinski, que já exportou 500 palhetas de cada garanhão, reforça que é de grande valia o trabalho que vem sendo feito por criadores nacionais nesse sentido de exportação. “Isso abre as portas do mercado quartista brasileiro para o mundo. Vejo esse negócio com um grande futuro”.

Brazilian Stallions

Tux N´Rolls

Odilon Diniz, do B2B Ranch, teve sua primeira experiência na exportação de material genético em 2010, quando enviou sêmen do seu garanhão Tux N´Rolls para os Estados Unidos. Porém, ele conta que esta tentativa não foi bem-sucedida e explica: “Não tínhamos um projeto organizado, apoio de uma central de reprodução e nem coordenação em território americano. Foi um sonho que não se materializou, frustrante e caro”, reconhece o criador. Entretanto, ele afirma que o sonho não morreu ali. Odilon revela que durante todos esses anos teve muita procura do sêmen pelos americanos, mas era necessário um projeto de exportação.

Nasceu então o Brazilian Stallions, um projeto lançado nos Estados Unidos e coordenado por Shannon Kerr, uma americana que reside no Brasil e que tem sua vida toda dedicada ao cavalo e aos esportes equestres. “Tenho plena convicção do sucesso. Acreditamos muito no Brazilian Stallions e já escuto de muitos treinadores americanos que será um sucesso”, garante Odilon.

Shannon afirma que fazem parte do Brazilian Stallions:  Tux N´Rolls, El Shady Zorrero e Firewater Fast. “Todas as palhetas enviadas ema 2018 já foram vendidas”. E já tem filhos desses garanhões nascendo por lá: Shannon conta que nasceu um produto do El Shady Zorrero no ano passado e uma potra este ano. Odilon cita ainda uma filha de Tux N´Rolls, treinada para tambor nos Estados Unidos: Mercy N Grace, 3° lugar no Mundial da AQHA 2012 – Aberta Jr – 17s1. “Ela ficou muito conhecida na época e a vendemos por U$100 mil”, menciona o criador.

É a genética brasileira sendo reconhecida mundialmente!

Por Juliana Antonagelo e Verônica Formigoni

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