Competidora está no Breakaway a menos de dois anos e já passou por várias emoções
Larissa Soares Durigan ainda lembra com carinho dos prêmios recebidos no último Congresso da ABQM, em abril, onde foi campeã de Breakaway Roping. Aos 28 anos, ela está a pouco tempo na modalidade, mas se sente feliz. Morando na cidade em que nasceu, Franca/SP, ela tem o apoio incondicional de sua família. Seu pai João Batista Soares, sua mãe Suely Ap. Maritan Soares, sua irmã Thais Soares Gomes e o marido Danilo de Almeida Durigan são seus maiores incentivadores.
Larissa divide seu dia a dia entre os treinos no Rancho Durigan e no petshop que tem com o marido, que é Veterinário, lá em Franca. Eles administram o local e trabalham tanto com animais de pequeno porte, como de grande, como cavalos. Conheça um pouco mais sobre sua história na entrevista a seguir!
Como foi seu primeiro contato com cavalos?
Larissa: Minha mãe me conta que na minha gravidez ela passou a ter muito medo de cavalos, de uma hora para outra. Se ela via uma carroça passando na rua, se escondia rapidamente. Ai quando nasci, e já entendia alguma coisinha, antes de um ano de idade, ela conta que eu ficava doida quando via um cavalo. E assim fui crescendo e a paixão ficando cada vez mais evidente. Meu pai e meu avô Dedé sempre gostaram muito desse meio, porém nunca tivemos grandes oportunidades de estar mais inseridos. Meu avô via esse meu interesse e sempre me prometia que um dia ele compraria um pedaço de terra e iríamos ter vários cavalos. Mas, infelizmente, meu avô se foi muito cedo e não pudemos realizar nosso sonho juntos.
Quando eu tinha nove anos, minha mãe começou a lecionar em uma fazenda na região de Franca, em algumas ocasiões era possível eu e meu pai curtimos os cavalos dos alunos da minha mãe, mas do nosso jeito né, afinal nunca tivemos equitação. E eu sempre pedindo para meus pais me colocarem para aprender algum esporte equestre. Eu sempre fui muito magrinha e meu pai dizia ter medo de eu me machucar.
Quando eu fiz 18 anos, fui atrás de aulas de hipismo aqui na minha cidade mesmo e foi dessa forma que tive minhas primeiras aulas de equitação! Confesso que descobri que não sabia montar nada (risos). Fiquei quatro anos no hipismo, participando de provinhas na cidade mesmo, mas não tinha meu próprio cavalo, sempre com os cavalos da escola. Até que um dia, tive um acidente. O cavalo estava com muita energia e pulava muito comigo, me derrubou e me deu um coice no tórax. Foi bem assustador, porém não sofri nada de muito grave. Me recuperei em um mês, mas decidi que não queria mais participar das aulas.
E como foi que voltou?
Larissa: Fiquei três anos parada, sem praticar nem um esporte. Esporadicamente, eu montava só para matar a saudade dos cavalos. O que importava era estar com os cavalos, em contato com os animais. Com 25 anos, um amigo meu, Médico Veterinário, João Paulo Pucci, me chamou para fazer aulas de Tambor no rancho de um amigo nosso, pois ele sabia que eu sentia falta de ter esse contato. Então, em setembro de 2014 fiz minha primeira aula de Tambor e simplesmente me apaixonei pelo cavalo Quarto de Milha!
Eu nunca tinha montado em um e pensei: ‘meu Deus, como eu nunca tive essa oportunidade antes!’ Porém, eu estava em um curso em São Paulo e não consegui acompanhar o esporte com maior frequência. Consegui fazer apenas duas aulas. Nesse meio tempo conheci o dono do rancho, que por ironia do destino se tornou meu marido.
O rancho era de Team Roping e o professor de Tambor havia saído quando eu e o Danilo começamos a namorar. Fiquei de novo sem aulas. Mas ficava lá na pista e os meninos me deixavam aquecer os cavalos deles e eu ajudava nos treinos. Eu adorava assisti-los! E fiquei cada vez mais apaixonada pelo meio, as pessoas, tudo!
Até que um dia, uma amiga, Camila Jordão, nos apresentou a modalidade Breakaway. Ela voltou de um curso com Daniel Lopes e comecei a interessar mais. Meu marido já me ensinava aos poucos como manipular e girar a corda. Confesso que foi um desastre no começo, pensei em desistir várias vezes, era muito difícil.
Mas você não desistiu, que bom!
Larissa: Não! Depois disso me colocaram no grupo do Whatsapp do Breakaway e comecei e me animar com os posts das meninas. Achei o esporte lindo! Porém eu pensava: ‘como vou conseguir girar uma corda, administrar um cavalo, ver o boi, correr’. Caramba, era muito pra mim. Nisso, minha amiga Camila foi ganhando seu espaço na modalidade e fui empolgando mais. Meu marido, na época ainda meu namorado, incansavelmente me ajudava, e um amigo nosso, Eduardo. E detalhe, não tínhamos cavalos da modalidade, só de Team Roping. E eu treinava com muita alegria no cavalo do Danilo, que já tinha 25 anos, nosso amado Billy. Um baio já para aposentar, mas que tinha sangue nos olhos e demonstrava que não queria parar. E foi em 2016 que comecei, e o Billy ficou firme comigo até final de 2017. Eu e ele aprendemos juntos.
O que te chama mais atenção no Breakaway?
Larissa: Meu maior interesse veio de várias situações. Primeiro, a paixão pelos cavalos. Eu queria ter o contato sempre. Segundo, meu marido que já lançava e eu amava estar por perto. Terceiro, sempre achei a modalidade linda e charmosa para mulheres. Afinal, é uma modalidade que nos faz forte e capazes! E quarto, por ter a oportunidade de ter pessoas que pudessem me ajudar e lugar para treinar.
Já foi a quantas provas de Breakaway e como é a sensação de competir?
Larissa: Ja participei de nove provas. A sensação é uma mistura de ansiedade, vontade, agradecimento por estar ali, e alívio quando dá tudo certo. E quando não dá, bate uma tristeza na hora, mas depois passa. Vem a vontade de treinar e me dedicar mais!
Você tem alguém que se espelha?
Larissa: Me espelho no meu marido, pois eu via ele laçando e morria de vontade. Me espelho também nos meus pais, não pelo laço, mas pela vontade de conquistar algo e se dedicar para realização de um sonho. Eles sempre acreditaram em mim e sempre diziam para eu nunca desistir. E isso me faz mais forte para seguir no esporte.
Como é o seu dia a dia hoje?
Larissa: Meu trabalho exige muito de mim, afinal lidamos com animais o dia todo, precisamos ter muita responsabilidade, e dependemos desse serviço para nos manter. Então, no começo treinávamos no rancho ProHorse, do nosso amigo Tato, junto com sua esposa Elizangela, que também começou com Breakaway. Lá conseguíamos treinar a noite, pois tinha iluminação. No começo de 2017 meu marido fez uma pista no sítio da família, onde é o rancho hoje e onde moramos também. Não tem iluminação, então precisamos aproveitar a luz do dia. Separamos pelo menos duas vezes na semana para treinamos no final do dia, e sábado e domingo. Nos dias de correria no trabalho, treinamos apenas no final de semana. Em época de prova, me dedico todos os dias aos treinos, mesmo que só para bater cavalete, e fico assistindo provas no YouTube e no Instagram.
Até março desse ano, um amigo nosso deixava os bois lá para treinamos, e somos muito gratos a ele pela ajuda. Ficamos sem bois, mas fizemos um boi de ferro para puxar no carro e eu não ficar sem treinar. Mas como no começo do ano fui diagnosticada com uma tendinite na coxa, devido aos treinos, voltei mesmo em abril, ficando no Congresso.
Como você procurou aprender mais sobre a modalidade?
Larissa: A partir do momento em que vi oportunidades para aprender e a ajuda do marido e de amigos, passamos a ver vídeos, trocar ideias com o pessoal do Laço Individual, e na prática, identificar os erros e as dificuldades e tentar corrigir. Até hoje temos dificuldades nos treinos e que precisam melhorar muito!
Além do Congresso mês passado, tem outros títulos?
Larissa: Dentro de um campeonato que participei ano passado em Uberaba/MG, consegui pegar um primeiro e dois segundos e um terceiro. Liderei o campeonato inteiro, mas acabei em segundo no geral, pois a final foi no dia do meu casamento e claro, não pude ir na prova. Fui campeã de outro campeonato realizado pela ABQM, ganhei fivela e tudo mais. Em agosto, fiquei em segundo lugar em uma prova também, em Uberaba, no Equisport Center. Em setembro fui campeã no Haras Costa Ferreira, e agora em abril, campeã da Categoria Amador Principiante e categoria Aberta em Avaré, no Congresso ABQM.
E esse Congresso, como foi essa vitória?
Larissa: Foi uma das melhores sensações da minha vida! Avaré era para mim um sonho. E quase desisti de ir esse ano por causa da lesão na coxa, virose na semana da prova, questões financeiras, falta de bois para treinar. Mas graças a Deus e a dedicação de todos os envolvidos, principalmente meu marido e o Odair, enfrentei todas as dificuldades e me mantive firme. Fui com a intensão de apenas realizar o sonho de estar ao lado das meninas. Lógico que eu queria pódio, mas me vi diante de brilhantes competidoras e eu era a única a estar lá pela primeira vez. Isso para mim já era uma vitória, eu já estava com o coração radiante. Em Franca ficaram toda minha família e os meus amigos torcendo o tempo todo. Foi emocionante ver o vídeo que meus pais gravaram pela TV ao vivo! Foi surreal tudo! Ver o reconhecimento de todo trabalho e dedicação é simplesmente maravilhoso!
No dia do casamento, Larissa perdeu a final de um campeonato que tava liderando. Mas ela e o marido foram campeões em etapasdesse campeonato e receberam a fivela no dia mais especial
Qual o nome do seu cavalo e como vocês foram parar juntos?
Larissa: Ele se chama Black Pold Master. Ele era do Odair, mais conhecido como Daio, amigo do meu esposo. Ele trabalha em Haras e treina cavalos para provas e também pratica Team Roping. Quando chegou lá no nosso rancho, me deu várias dicas, e até hoje me ajuda e começou a praticar o Laço Individual para nos acompanhar. Todos nós do rancho temos uma afinidade muito forte, são como nossa família. Ai um dia ele levou o Black para lá e pediu para eu montar nele e buscar os bois. Quando eu subi senti uma coisa que nem sei explicar. Na hora pensei: ‘queria um cavalo assim’. Durante os treinos, eu ficava babando nele, pela beleza e inteligência, até que um dia o Daio e meu marido negociaram e eu me tornei a dona do Black. Confesso que fiquei uma semana sonhando com ele, ainda sem acreditar muito. Foi um dia muito feliz! Fizemos um trabalho árduo com ele de colocá-lo no bezerro, afinal ele laçava cabeça. Além disso, Danilo e Daio se assumiram meus treinadores e desde então fazem tudo por mim e para me ajudar no esporte.
Quais os seus planos para o futuro no Breakaway?
Larissa: São de me dedicar cada vez mais, me aperfeiçoar, quero ainda seguir o ano conquistando títulos! Mas as derrotas também vão vir, e espero estar sempre estar preparada para qualquer situação! Eu quero ter o cavalo comigo sempre! Quero levar isso adiante, ajudar outras meninas, e quem sabe no futuro ser referência. Já pensou que legal? (Risos). O cavalo me uniu com pessoas do bem, com um mundo coberto de coisas boas! Que essa minha paixão pelos cavalos e pelo laço seja eternizado e que eles ainda me tragam muitas alegrias, pessoas e aprendizado. Sou muito grata!
Por Luciana Omena
Fotos: Arquivo Pessoal