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Relação de mãe e filha é bastante saudável dentro da arena

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Conversamos com duas competidoras importantes do cenário nacional para saber mais a respeito do assunto

O relacionamento entre mãe e filha, por si só, transcende muito mais do que qualquer um possa imaginar. Com algumas exceções, o que vemos em todos os lugares são pessoas que se completam e que são companheiras. Muitas vezes, dividem o guarda-roupa, trocam confidências. E, porque não, dividir os mesmos sonhos.

É possível vermos duplas de mãe e filha atuando juntas em diversas profissões. Mas no esporte é que a coisa fica ainda mais interessante. Pois há a possibilidade, caso seja uma modalidade individual, de que as duas se tornem adversárias dentro de quadra, pista ou arena. E estamos falando aqui não só do esporte equestre, mas também de qualquer um como natação, triátlon, tênis, vôlei…

Aliás, uma forma de aproximar muito os pais dos filhos é a prática esportiva em conjunto. Um estudo da Universidade de Baylor, no Texas, pediu para um grupo de 43 pais e 43 filhos pensarem a respeito das lembranças que possuem de momentos marcantes. Praticamente 100% apontaram situações em que estavam juntos praticando algum esporte.

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Quando ganharam um rodeio juntas, cada uma na sua categoria

Para Ana Carolina Laurini Cardozo, 33 anos, que monta desde o três, está sendo uma realização competir ao lado da filha Maria Eduarda Cardozo, 15 anos, que monta desde o cinco. As duas são de Araraquara/SP e participam do Campeonato Nacional de Três Tambores da ANTT desde 2016. Quando a filha sinalizou que também queria competir, Ana conta que foi um processo natural e tranquilo. “Começou com uma égua bem pangaré e ‘lerdinha’. E à medida que ela ia me pedindo cavalos melhores, fui comprando e melhorando”.

No caso do esporte a cavalo, o dia a dia de treinos, assim como em qualquer outro esporte, é intenso. Para competir em alto nível é necessária dedicação extrema. A parceria de Ana Carolina e Maria Eduarda nesses momentos deixa a mãe muito feliz. “Me sinto a pessoa mais abençoada desse mundo em dividir esses momentos com ela. E não levo a situação como ela sendo adversária, mas sim uma integrante a mais pro nosso time!”

Ana e Maria Eduarda já ganharam no mesmo dia, em suas respectivas categorias, dois rodeios válidos pela ANTT. Em outro momento, um dos pontos altos na trajetória delas foi quando estiveram juntas na final da ANTT ano passado, em Jaguariúna/SP, de onde Ana Carolina saiu como campeã Nacional Gold Race e Maria Eduarda, vice-campeã ANTT Mirim. Elas estão prestes a viver esses momentos novamente, pois as duas são finalistas nessa temporada.

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Depois que passou dos 13 anos, Maria Eduarda não pode mais competir na categoria Mirim, então participa do circuito de rodeios na mesma categoria da mãe, a Feminina. Ativando um pouco o lado mãe e não o de competidora, Ana Carolina conta que em casa procura conversar sempre com a filha. “Conversamos muito em relação a aceitar os ganhos e as perdas, erros e acertos. E trabalhar nisso como sendo algo normal para todos, pois de fato ela está em transição, com uma égua nova”.

Participar de uma modalidade equestre é também dividir responsabilidades com os cavalos e os treinos. Correndo na mesma categoria, inclusive, será que tiveram que modificar a forma como se preparam para cada rodeio? “Como disse, esse ano está sendo de transição. Ela está acertando a nova égua ainda com alguns erros. Como está sendo comigo também. Estamos dividindo a mesma égua em alguns rodeios para juntarmos força para o término do campeonato. Mas para o próximo, prioridade total para a Maria!”

E como toda mãe, Ana Carolina não poupa os conselhos e gosta de exigir somente o melhor de Maria Eduarda. “Primeiro de tudo, falo para ela ter ‘sangue no zóio’, ou seja, vontade de ganhar, e concentração, dar o seu máximo. Depois, gosto de trabalhar com ela a humildade para aceitar que não foi bem, que errou. Se assistir e corrigir. Não aceito xoxorô!” Mas, assistir a passada da filha dá um frio na barriga? “Meu Deus, fico muito mais nervosa do que quando vou correr. É uma sensação inexplicável! Sinto meu coração bater na cabeça (risos)”.

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Maria Eduarda já nasceu quando a mãe competia e sempre acompanhou em todos os rodeios e provas. Desde que se lembra, ficou encantada com a modalidade. E ter a mãe não só apoiando, mas lado a lado na arena é motivo de muita alegria para a jovem amazona. “É muito, muito bom, pois ela sempre me dá muitas dicas e fala sempre para eu nunca desistir!, conta Maria.

Mesmo ainda no começo da carreira, ela já está aprendendo o que precisa para se tornar uma grande competidora. Se espelhando na trajetória da mãe, Maria sabe que por competir na categoria adulta precisa estar sempre firme, ‘ir pra cima’. “Mesmo contra a minha mãe, eu tenho que apostar alto, como qualquer outra forte adversária”.  Mas ao mesmo tempo, a jovem acredita ser bem mais fácil ter sua mãe na mesma categoria. “Acredito que seja mais fácil, pelos conselhos que ela pode me dar por sua experiência. Mas na competição ela é uma forte adversária!”.

Para se aperfeiçoar, Maria Eduarda treina muito, todos os dias. Entre os sonhos, está o de ser campeã Nacional da ANTT assim como a mãe. As duas agora se preparam para a final de temporada a ANTT, que acontece dias 13 e 14 de setembro no Jaguariúna Rodeo Festival. Para Maria, é mais uma chance de brilhar ao lado da mãe. “Para me preparar, vou treinar muito e dar o meu melhor dentro da pista!”. Ana Carolina segue líder e busca o bicampeonato: “Sem estratégias. Continuar proporcionando qualidade de vida para o Cromo Jet Down WA e rezar para tudo dar certo!”

Por Luciana Omena
Colaboração: Flavia Cajé
Fotos: Arquivo Pessoal

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