Manejo: a gente te ajuda a decidir se deve castrar ou não o cavalo – parte 4

Última matéria da série: castração

Confira a finalização desse assunto que pode ser polêmico e muito importante ao mesmo tempo.

10 – Quais efeitos negativos em longo prazo que a cirurgia pode ter sobre meu cavalo?

A maioria dos cavalos se adapta à condição de castrado com muita rapidez, sem traumas físicos ou emocionais. Alguns animais, especialmente os mais velhos, parecem ter certa dificuldade em se adaptar às alterações hormonais no organismo (à semelhança de uma andropausa!).

Se o cavalo castrado após dois meses ainda estiver um pouco abaixo do peso, com aspecto deficiente na pelagem, podem ser feitos exames laboratoriais para detectar as possíveis causas. A maioria destes casos responde bem a suplementos nutricionais, mas é preciso levar em conta a possibilidade de ter havido a recidiva de um problema crônico de saúde (por exemplo, babesiose), devido à queda de resistência orgânica que toda cirurgia traz consigo.

11 – Quais são os cuidados no pós-operatório?

Um bom esquema de curativos e de movimentação controlada é essencial para a rápida recuperação do paciente e quase tão importante para o sucesso da intervenção quanto à técnica cirúrgica em si. O curativo diário deve incluir ducha fria e lavagem com sabão neutro, tanto na bolsa escrotal quanto em redor, especialmente nos primeiros dias.

A hemorragia residual dos pequenos vasos de pele e estruturas acessórias pode persistir por alguns dias. Especialmente nos meses quentes, existe o risco de miíases (bicheiras), exigindo redobrado cuidado com os curativos – não apenas em escroto, prepúcio e virilha, mas também na cauda e garupa.

A maioria dos veterinários recomenda a remoção dos coágulos que se formam na bolsa, a partir do segundo dia, pois a permanência dos mesmos pode ser foco de infecção, retardar a cicatrização e levar à formação de fístula ou fibrose do cordão.

A irrigação local com solução fraca de permanganato de potássio é uma boa ideia para auxiliar na limpeza da ferida cirúrgica. O curativo precisa ser concluído com a aplicação de um repelente contra moscas. É muito importante que o curativo seja feito diariamente até a completa cicatrização (quatro a seis semanas), para evitar abscessos.

12 – A partir de quando o cavalo pode voltar a trabalhar?

Já no dia seguinte à cirurgia, o cavalo castrado deve ser encorajado a andar a passo por alguns minutos, para reduzir o edema de membros e partes baixas, comum após a castração. Se houver um piquete com sombra e água à disposição onde o cavalo possa ficar sozinho, também pode ser usado a partir do primeiro dia.

Após uns sete dias, o cavalo estará se movendo normalmente a passo, com o edema quase desaparecido. Se tudo correr bem, duas a três semanas após a castração é possível reiniciar o trabalho montado, de preferência com passeios a passo, gradativamente introduzindo as andaduras mais aceleradas e o trabalho mais intenso.

No entanto, a cicatrização completa da ferida cirúrgica pode levar um mês ou mais, e os curativos diários precisam continuar a ser feitos enquanto houver tecido aberto (chamado pelos veterinários de ‘solução de continuidade’).

Para ser solto em grupo, caso se trate de um cavalo que não tinha contato social com outros cavalos há algum tempo, é melhor esperar até a cicatrização quase completa, para evitar complicações por brigas, coices e mordidas. Quando o cavalo castrado for introduzido ao grupo, é melhor fazê-lo gradativamente, apresentando-lhe um cavalo por vez. A maioria dos recém-castrados ainda tem níveis residuais de testosterona por uns dois meses.

Por Claudia Leschonski, Médica Veterinária
Fonte: Editora Passos
Foto: The Horse

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