A importância de vacinar seu cavalo – parte 2

As vacinas em cavalos são obrigatórias ou opcionais?

 Na primeira parte desse artigo [clique aqui para ler] começamos a tratar desse assunto de extrema importância para quem tem cavalos. É imperial vacinar os animais para que estejam em boas condições de saúde e tenham uma resposta imunológica satisfatória.

 Condições para a aplicação

Primeiro, o animal precisa estar em boas condições de saúde, para que se tenha uma resposta imunológica satisfatória.

Também é importante termos certeza das condições ideais de conservação no armazenamento e transporte da vacina, desde a hora da fabricação até o momento da aplicação, tanto em termos de temperatura de conservação quanto de higiene.

É necessário que a vacina tenha vírus com subtipos relevantes para o Brasil. Observar a data de vencimento da vacina.

Encefalomielite Equina

A encefalomielite é uma zoonose (transmissível ao homem através dos mosquitos infectados). Por este motivo, deve se tomar muito cuidado na prevenção transmitida através da picada de insetos.

A enfermidade provoca alta mortalidade nos cavalos. O animal apresenta mal estar, febre, sonolência e alguns sintomas neurológicos como mudança de comportamento, cegueira transitória, salivação, convulsão, fotofobia, coordenação de cúbito dorsal e escoiceamento dos membros.

Na maioria dos casos, o cavalo não consegue comer em decorrência da paralisia dos lábios, faringe e esôfago. É comum que venha a óbito dentro de 48 a 72 horas pela parada cardíaca respiratória.

A doença é causada por várias cepas do vírus da encefalomielite. O período de incubação é de uma a três semanas. Todos os animais a partir de dois meses devem receber a primeira vacinação e um reforço após 15 dias, com revacinação anual.

A égua deve ser vacinada 30 dias antes do parto, assim como qualquer animal que chegue ao haras. Além disso, devemos isolar os animais infectados e controlar os vetores.

Tétano

É uma doença toxêmica, causada por uma potente neurotoxina específica. A maioria dos mamíferos é suscetível, inclusive o homem.

Apesar da distribuição ser mundial, o agente causador da doença tem maior predileção para áreas de clima quente, onde eles sobrevivem no solo até atingirem algum animal. Período de incubação varia de uma a três semanas.

O animal apresenta dificuldade na locomoção, orelhas e pescoço distendidos, cauda levantada, dificuldade na apreensão dos alimentos, prolapso de terceira pálpebra, fotofobia, tremores musculares, sudorese e em 80% dos casos morte do animal.

O esquema de vacinação e igual ao da encefalomielite equina, sendo que para estas duas doenças e para influenza se aconselha a vacinação com uma só vacina tríplice.

A primeira dose da vacina: seis meses; reforço: após 15 dias, frequência anual. Ainda se aconselha o reforço da imunidade com soro antitetânico, mesmo em animais vacinados, quando os mesmos sofrem algum tipo de procedimento cirúrgico, ou lesão na pele.

Quando for feita a assepsia destes ferimentos, deve-se utilizar desinfetantes a base de iodo ou cloro, pois os mesmos possuem ação contra o agente causador do tétano.

Influenza

Causada por um Ortomyxovírus, esta doença é altamente contagiosa e possui dois subtipos. Acomete principalmente animais jovens, mas pode ocorrer em animais de qualquer idade.

O animal afetado apresenta hipertermia, anorexia, depressão, febre e principalmente sinais respiratórios. O período de incubação é de três a cinco dias.

Deve-se fazer um diagnóstico diferencial com a rinopneumonite e o garrotilho, já que os sintomas são semelhantes. O manejo adequado, além da vacinação dos animais desde os potros, é muito importante para um controle efetivo da doença.

Primeira dose da vacina: cinco meses de idade, com um reforço após 30 dias; frequência anual. Quando surge um foco da doença na região, a maioria dos autores aconselha revacinar todos os animais, independentemente do prazo decorrido desde a última vacinação.

Rinopneumonite

Existem três formas desta doença de acordo com os sintomas por ela desenvolvidos: a nervosa, a respiratória e a abortiva.

É uma doença de difícil controle devido a curta duração da imunidade e pelo fato de animais aparentemente sãos, serem portadores da doença. Para controlar, devem separar as éguas prenhes de acordo com o estágio de gestação, assim como os animais jovens.

Em casos de abortos, devem ser tomadas medidas mais drásticas para que não ocorra a disseminação. A vacinação contra a rinopneumonite não é tão utilizada como as demais, porém deve ser encarada com total preocupação, principalmente após os surtos de gripe equina que ocorreram nos últimos anos.

Primeira dose: seis meses, reforço: após 30 dias, frequência: em éguas prenhez no quinto, sétimo e nono mês de gestação; anual nos demais animais.

Raiva Equina

A forma mais comum desta doença em equinos é a forma paralítica, onde o período de incubação é de três a seis semanas.

É provocada por um Lyssavirus, da família Rhabdoviridae. O animal infectado apresenta perda de apetite, inquietação, mudança dos hábitos, dificuldade de andar, com posterior paralisia dos posteriores, sialorréia, fezes ressecadas, tremores musculares, agressividade, movimentos involuntários de pedalagem.

A única maneira de controlar a raiva é através da vacinação e controle dos vetores da doença (morcegos hematófagos), que se refugiam em cavernas, ocas de árvores, bueiros, casas e poços abandonados.

Esta vacinação é de extrema importância, pois a raiva não possui tratamento e é uma zoonose, sendo transmissível ao homem. Atualmente, existe um grande número de animais com suspeitas e casos confirmados de raiva.

Todos os equinos devem ser vacinados contra raiva, para se minimizar as perdas econômicas e dores de cabeça. Primeira dose: seis meses, não possui reforço; frequência: anual.

Garrotilho

É uma doença infectocontagiosa purulenta causada por Streptococcusequi, caracterizada pela inflamação do trato respiratório superior, principalmente em animais jovens, com abscedação dos linfonodos.

Os animais infectados apresentam anorexia, aumento de temperatura corporal (39 – 40ºC.), aumento de volume dos linfonodos retrofaríngeos, tosse e espirros produtivos (exsudato purulento), dificuldades respiratórias e de deglutição.

Com a evolução da doença, os linfonodos podem abscedar em dez a 15 dias com diminuição da temperatura, podendo ocorrer a cura clínica em duas semanas.

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Há controvérsias na indicação da vacina, já que a mesma não possui efeitos comprovados e pelo fato do tratamento ser relativamente simples e de baixo custo. No sul do país esta vacina é altamente utilizada, o que não ocorre nas outras regiões.

Quando não vacinar

A vacinação deve ser adiada ou adiantada quando os animais estiverem debilitados, principalmente por doenças infecto- contagiosas. E quando houver suspeita de falha na conservação e armazenamento da vacina.

Precaução

Não é aconselhável que os animais sejam trabalhados no dia da vacinação, devendo ficar em observação durante 48 horas. Ocorrendo algum efeito colateral, como febre, reação cutânea, dor no local da aplicação, inapetência etc, devemos aumentar este período de repouso até que cessem os sintomas.

 Por Claudia Leschonski, MV
Fonte: Editora Passos
Fotos: thehorse