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Especial Dia da Mulher: conheça Isabela Padovan, tratadora de cavalos

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Essa semana o portal Cavalus vai contar a história de mulheres de sucesso que atuam no meio equestre

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher – que será celebrado no próximo domingo (8) -, o portal Cavalus irá publicar ao decorrer desta semana histórias de mulheres que se destacam em suas profissões no meio do cavalo. Acima de tudo, em áreas que, até pouco tempo, eram consideradas e dominadas apenas pelos homens.

Dessa forma, a primeira história desta semana é da Isabela Padovan. Apesar de graduada em zootecnia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), ela atualmente exerce uma função que, por conta do próprio nome, pode até ser vista como masculina: a de cavalariço. Ou seja, de tratadora, que fornece o cuidado diário dos cavalos.

Contudo, Isabela garante que, apesar da falta da versão feminina da palavra cavalariço, quando o assunto são os cuidados com os cavalos as mulheres estão se tornando a maioria no ramo. No entanto, isso não impede que ela sinta uma certa desconfiança pelo seu trabalho.

Fora do Brasil, Isabela explica que a sua função é conhecida como “grooms” ou “horse groomer”. Alguns de seus deveres, além de toda a preparação, inclui alimentar, limpar cocheiras e deixar os cavalos prontos para que os treinadores subam para a pista para treiná-los.

Entre os locais em que já trabalhou na área, a tratadora de cavalos cita: Califon, Nova Jérsei, nos EUA, onde atuou com cavalos da modalidade de salto e Hunter seat; Ocala, Florida, EUA, onde trabalhou com cavalos de salto e hunter durante o circuito de inverno HITS e após isso com éguas em reprodução e iniciação de potros e, ainda, em Sorocaba/SP, como assistente do Aluísio Marins, reitor da Universidade do Cavalo (UC).

Confira abaixo a entrevista completa com a tratadora de cavalos Isabela Padovan!

Trabalho de Isabela já foi destaque em outros veículos de comunicação

Primeiro contato com cavalos

“Meu primeiro contato com cavalos foi no sítio do meu avô, em Botucatu/SP. Onde eu e meus primos montávamos aos finais de semana junto com meus tios. Minha família não cria cavalos, tem apenas para lazer. E a maioria dos animais não tem registro, nem raça definida. Mas sempre gostei de ir para o sítio e cuidar deles, escovar, aparar a crina, dar comida, etc.”

Como surgiu o interesse pela profissão?

“Na verdade, até o final da minha graduação em Zootecnia nunca pensei que pudesse ser tratadora de cavalos. Mas após realizar intercâmbio nos EUA com cavalos de salto é que me dei conta que aquilo que eu costumava fazer no sítio do meu avô poderia ser minha profissão. Não pensei duas vezes em me especializar nessa área.

Minha especialização se iniciou quando ajudava o “groom” mais experiente da fazenda que trabalhei nos Estados Unidos. Ele era responsável pelos cavalos de grande prêmio da fazenda e eu o ajudava. Sendo assim ele me dava dicas e sugestões diárias do que fazer e como fazer.

Nunca fiz propriamente nenhum curso, mas sempre busco informação lendo artigos e assistindo vídeos de “grooms” experientes na internet.
Existem cursos de especialização, os quais pretendo fazer em breve. No Brasil, a Universidade do Cavalo (UC) oferece cursos sobre preparação de cavalos para eventos e no exterior já existem escolas que certificam grooms.”

Isabela já atuou como tratadora de cavalos nos Estados Unidos

Rotina de trabalho

“A rotina de trabalho depende do lugar onde se trabalha e da época do ano. As atividades variam um pouco quando se é tratadora em fazendas de reprodução, centro de treinamento, hospedaria, etc. Basicamente, os tratadores são responsáveis pelo bem-estar geral dos cavalos, que passa pelo fornecimento de comida, limpeza das baias, escovação, banho, checagem do estado geral dos cavalos (apetite, consumo de água, características das fezes, estereótipos, relacionamento com outros cavalos).

Assim como curativos básicos, limpeza e conservação dos materiais e do local de trabalho. Colocação de ligas de trabalho e descanso, capas. Preparação dos equinos para eventos, leilões, embarque/desembarque em trailer, acompanhamento dos animais durante transporte ou competição, entre muitas outras funções.”

Mulher x preconceito

“Acho que na parte de treinamento de cavalos acredito que o predomínio ainda seja masculino, mas no quesito “cuidados” as mulheres estão se tornando maioria no ramo do cavalo. Como trabalhei mais tempo com cavalos nos EUA, posso te garantir que as mulheres correspondem a 80% da mão de obra contratada. Na  fazenda que trabalho as mulheres estão por todo lado, desde ferradoras, veterinárias, amazonas, grooms, gerentes de fazendas, etc.

Mas claro que sempre existe a desconfiança se vamos dar conta do serviço. Muitas pessoas acreditam que trabalhar com cavalos depende muito de força, mas, pelo contrário, a partir do momento que você tentar impor força ao ser que pesa 10/12 vezes mais que você, com certeza você vai perder. Vai muito de entender como eles pensam e adaptar-se a isso.

Costumo trabalhar sempre focando no cavalo em primeiro lugar e em como eles pensam, acho que esse é o “segredo”. Procuro organizar meu dia na noite anterior e sempre em busca da melhoria contínua no trabalho, seja na escovação dos animais, limpeza e organização dos materiais, estudando sobre o comportamento dos cavalos, etc. 

Acho que as mulheres são mais detalhistas que os homens nessa profissão, mas já trabalhei com tratadores bem caprichosos também, embora estes não representem a maioria”.

Planos para o futuro

“Participar dos jogos equestres mundiais (WEG) e/ou das olimpíadas. Me especializar mais no assunto e auxiliar pessoas com dificuldades ou que queiram melhorar o manejo dos equinos”.

Por Natália de Oliveira
Crédito das fotos: Arquivo Pessoal/Isabela Padovan

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