O esporte Três Tambores começou, eventualmente, com predominância feminina. Mas, acabou ganhando não só o mundo, assim como pessoas de todas as idades e gêneros
Se você nunca viu uma prova de Três Tambores antes, ao chegar na beira da cerca irá entender de imediato como tudo funciona. Talvez seja esse um dos segredos do sucesso desse esporte nos quatro cantos do mundo. Um cavalo, uma competidora, três tambores dispostos em uma arena e um cronômetro. Basta isso e pronto, adrenalina na certa!
Da mesma maneira que outras modalidades do Quarto de Milha, os Três Tambores começaram nos Estados Unidos. O embrião de tudo isso foi as esposas dos cowboys. Elas ficavam no pasto para acompanhar os maridos enquanto eles tratavam dos bezerros, Ou tentavam laçá-los para o manejo. Para passar o tempo, montadas, começaram a traçar esse percurso, que aperfeiçoado, virou esporte.
Algum tempo depois, nasceu a Girls Rodeo Association, em 1948. Primeira associação de mulheres, que ajudou a transformar essa atividade em esporte. Desde 1981 a entidade chama-se Women’s Professional Rodeo Association – WPRA, que todos nós conhecemos bem. Fazem o campeonato mundial de Três Tambores junto com a PRCA.
Com efeito, de uma atividade do dia a dia das fazendas, as mulheres também puderam acompanhar os maridos ou namorados que montavam ou laçavam nas competições. Tudo começou no Texas com a GRA. Lutando pelo espaço das mulheres, promoveram as primeiras competições, dando início a um ‘império’.
Como funciona?
São características essenciais para a prática dos Três Tambores a habilidade e o entrosamento do cavaleiro ou amazona com o cavalo. Como teve início no rodeio, é bastante tradicional nesse nicho. Acima de tudo, é o reduto que permanece até hoje uma prova exclusiva das mulheres. Ao passo que eventos equestres e feiras agropecuárias incluíram a modalidade em suas programações. Do mesmo modo que há uma indústria independente gigantesca.
Com a finalidade de aliar velocidade à habilidade, o objetivo da prova é contornar os três tambores dispostos de forma triangular no menor tempo possível. Os competidores, então, correm contra o cronômetro. Vale ressaltar que cada pista tem um tamanho, por isso os tempos variam de acordo com o local. Há, contudo, medidas consideradas oficiais.
A contagem do tempo inicia quando o focinho do cavalo cruza a linha de partida. É o momento em que a fotocélula é acionada. É possível escolher o lado para começar o percurso, tanto direito como esquerdo do primeiro tambor. Usualmente, a corrida começa pelo tambor do lado esquerdo.
Quando o juiz autoriza a largada, o conjunto (cavalo e cavaleiro) parte em direção ao primeiro tambor. Contorna-o em uma volta de 360º para em seguida partir para o segundo tambor. Dessa forma, realiza a mesma manobra, indo em direção ao terceiro tambor. Por fim, mais uma vez repete a volta de 360º à direita.
O percurso termina em uma corrida em linha reta até a linha de chegada, quando o tempo é paralisado. O derrube de cada tambor penaliza a competidora em cinco segundos, acrescidos ao tempo final. O competidor e seu equipamento devem ter peso mínimo exigido de 65 kg. Entre os motivos para a desclassificação do conjunto, cavalo que apresentar ferimentos advindos de maus tratos como chicote ou espora.
Três Tambores pelo mundo e outras raças
No Brasil, os Três Tambores chegaram com a ABQM por volta de 1970. Portanto, a raça Quarto de Milha já bastante utilizada nos Estados Unidos deu certo para o esporte equestre também por aqui. Atualmente, em um evento oficial da raça, do total de inscritos, praticamente a metade é constituída por conjuntos da modalidade. Por conseguinte, o montante de premiações também é maior.
As mulheres dominam os rodeios, porém em outros eventos participam competidores de todas as idades e gêneros. Há categorias desde as crianças até os mais velhos. Netos e avôs podem, por exemplo, ir a uma prova juntos. A maior parte dos treinadores, os profissionais, são homens, porém as mulheres estão ganhando espaço nessa área também. Assim, homens e mulheres dividem as pistas e as arenas. O recorde mundial do menor tempo da modalidade é do Brasil: Sidnei Pereira Junior e Game Boy EK detém 16s374.
Mas não é só o Quarto de Milha que realiza a prova de Três Tambores. As raças Paint Horse e Mangalarga também incluíram o esporte em seu quadro. Da mesma forma que não a encontramos somente no Brasil e Estados Unidos. Itália, China, Austrália e Nova Zelândia, por exemplo, também fazem seus campeonatos e reúnem milhares de apaixonados.
Do berço do esporte, também podemos ressaltar os campeonatos escolares. Desde pequenos os envolvidos com cavalos participam de campeonatos fortes. Regionais e nacionais, chegam até o período da faculdade, quando os praticantes decidem se irão ou não se profissionalizar. Muitos dos ídolos mundiais que conhecemos passaram por toda essa trajetória desde pequenos.
Associações
Além das entidades de raça, responsáveis por uma grande parte do fomento dos Três Tambores, há as associações independentes. No Brasil, algumas das mais fortes são ANTT, NBHA Brazil e ABTB. Assim como temos provas independentes que ultrapassam os três mil inscritos e têm premiação superior a R$ 1 milhão.
Nos Estados Unidos, além de WPRA encontramos como forças Better Barrel Races – BBR, NBHA, Internacional Barrel Race Association – IBRA, entre outras. Do mesmo modo que as entidades de raças, como a AQHA (Quarto de Milha) e a APHA (Paint Horse).
A NBHA realiza campeonatos muito fortes em 24 países, entre eles a Itália e a China. Na Austrália, o destaque fica para East Cost Team Roping Association – ECTRA e Sydney Western Riders Series – SWRS. Enquanto que na Nova Zelândia existe a forte New Zealand Rodeo Cowboy Association.
Por Luciana Omena
Fonte: ABQM, WPRA, Rodeo West, Revista Tambor & Baliza
Crédito da foto de chamada: Pixabay
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