Saúde & Bem-estar

Cavalo x Eletricidade: entenda melhor esse ‘encontro’

Diante do reconhecimento de boas práticas de manejo e bem-estar animal, a relação entre choque elétrico e equinos têm sido frequentemente colocada em pauta

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No final de 2020, quatro animais da raça Campolina morreram por conta das ferraduras atraírem um tensão de 7.500 volts. O caso aconteceu em Taubaté/SP durante uma cavalgada e repercutiu nos grupos de aplicativos de mensagens instantâneas. Acima de tudo, o fato reascendeu a discussão sobre o binômio: cavalo x eletricidade.

Assim, diante do reconhecimento de boas práticas de manejo e bem-estar animal, a relação entre choque elétrico e equinos são frequentemente colocadas em pauta. Em outras palavras, a interação entre os cavalos e corrente elétrica nem sempre é favorável quando empregada de forma incorreta ou se relacionada a acidentes.

Cavalo x Eletricidade

Existem duas possibilidades de acidentes elétricos em equinos. A primeira delas é a de origem natural, através de raios, conhecida como fulguração; em segundo lugar vem a possibilidade por meio artificial, originada de fios e cabos de redes elétricas, conhecida como eletrocussão e/ou eletropressão.

Ambas causam o choque elétrico – passagem de uma corrente elétrica pelo corpo do animal. Na maioria dos casos, ocorre morte súbita. Os que sobrevivem apresentam sequelas neurológicas.

Com relação à eletrocussão, deve-se atentar à correta instalação das cercas elétricas em haras ou centros de treinamento. Sem dúvida, a ideia é evitar acidentes fatais.

As propriedades utilizam, de modo geral, as cercas elétricas como forma de contenção com efeito ‘psicológico’ sobre o animal. Dessa forma, condicionando-o por sensibilizações através do choque de que ali existe uma barreira impedindo sua passagem.

De acordo com o Comunicado Técnico da EMBRAPA (2001), o uso de cercas elétricas não confere riscos à saúde animal. A corrente que flui através do sistema não é contínua e emite pulsos de alta voltagem (entre 7 – 5 kV), porém de baixa amperagem (0,0001 A). Assim sendo, esta última é a intensidade da corrente elétrica.

Cuidados com as cercas elétricas

Uma boa instalação de cercas elétricas baseia-se na utilização de: eletrificador, fios condutores, isoladores e um bom aterramento.

O eletrificador é o aparelho responsável por transformar a fonte de energia em corrente pulsante. Inofensiva aos seres humanos e aos animais. Só para exemplificar, se ligar a cerca à rede elétrica sem o eletrificador o choque poderá ser mortal.

Para ser seguro, então, deve-se ligar o aparelho a três fios: um proveniente da fonte de energia, outro ligado ao aterramento e outro ligado diretamente à cerca. Para os fios condutores, geralmente utiliza-se arame e/ou fio plástico especial para cerca elétricas.

A instalação, de modo geral, se dá na altura do peito do animal – em torno de 80 cm de altura para a espécie equina. E, juntos a eles, o bom isolamento – do tipo Roldana ou Carretéis – dos fios é de extrema importância para que se evite fuga de tensão elétrica.

Por fim, considere dar um destaque maior ao correto aterramento. Tenha como base que a relação da maioria dos problemas ocasionados é com o mal aterramento do sistema. De forma simplificada, possui a função de estabelecer um circuito de retorno ao passar pelo corpo do animal.

Diante do reconhecimento de boas práticas de manejo e bem-estar animal, a relação entre cavalo x eletricidade foram colocadas em pauta

Ferraduras

Considerando os acidentes naturais, e até mesmo os artificiais, é importante destacar o papel das ferraduras. Em resumo, elas aumentam o contato do animal com o solo eletrificado.

Geralmente, as ferraduras são feitas de ferro ou alumínio. Dois materiais bons condutores elétricos. E assim, torna-se necessário tomar medidas de precaução. Como, por exemplo, a colocação de para-raios na propriedade.

Além disso, manter uma observação minuciosa dos locais nos quais o cavalo transita. A cocheira, a princípio, pode ser uma grande vilã se não observados alguns pontos.

Cheque se existe a presença de fios rompidos ou desencapados tocando o chão. Ou até mesmo em contato com alguma poça de água, ou águas impuras, pois estas, em geral, possuem condutividade elétrica considerável.

Caso constate a existência destes, chame a empresa de eletricidade da sua região. Notifique o caso para que tomem as devidas providências.

Sintomas de acidentes com choque elétrico nos cavalos

Em ocorrências de acidentes, os animais que sofreram choque elétrico poderão apresentar paralisias. Bem como contrações musculares involuntárias, apneia, fibrilação ventricular, desidratação. Podem até entrar em coma.

Também é comum a observação de queimaduras e hemorragias, além da presença de vômitos e fezes junto ao animal, decorrentes das atividades tônico-clônicas que ocorrem. Geralmente a passagem de corrente elétrica pelo corpo causa morte por parada cardíaca, fibrilação ventricular excessiva, e/ou parada respiratória.

Nos achados de necropsia é possível observar edema pulmonar, enfisema subpleural, congestão polivisceral, coração flácido contendo sangue escurecido e líquido, hemorragias puntiformes subpleurais e subpericárdicas e congestão traqueal e bronqueolar, com secreção espumosa e sanguinolenta, semelhantes a asfixia.

Tendo em vista os fatos apresentados acima, é necessário notar-se a importância entre a relação cavalo x eletricidade para que pequenos atos não se tornem futuros problemas.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, Cristiane Rocha de. Estudo das propriedades elétricas do cobre e alumínio; sobre a força magnética em um imã caindo dentro de um tubo. Trabalho de conclusão de curso. 2013.

ALVES, Sergio Renan Silva; PORTELLA, Jocely. A cerca elétrica como ferramenta de manejo de pastagens e/ou de animais: noções básicas. Embrapa Pecuária Sul-Comunicado Técnico (INFOTECAE), 2001.

DE MELO, Lídio Ricardo Bezerra et al. MORTE POR ELETROCUSSÃO EM EQUINO NO SERTÃO DA PARAÍBA.

MEIRELLES, PR de L. Cerca elétrica para a contenção de animal. Embrapa Amapá-Comunicado Técnico (INFOTECA-E), 2001.

Colaboração: M.V. Helio Itapema, Alessandra Esposito de Castro Cardoso, Ana Carolina Pereira Guilherme e Nathalia Zerbinatti Rondinelli
Crédito das fotos: Divulgação/Pexels

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