Passeio é feito em Bariloche, Argentina
Já dizia Guimarães Rosa ‘o correr da vida embrulha tudo’ e para desfazer esse embaraço nada melhor do que passar alguns dias desconectado da tecnologia e dos problemas, longe do trânsito e da poluição, perto da natureza e de paisagens inspiradoras para refrescar as ideias, descansar e se revigorar.
Bordeado pela Cordilheira dos Andes, o Parque conta com a vista e o som do Cerro Tronador, um vulcão inativo com 3,5 mil metros de altura coberto por catorze geleiras, entre elas o famoso Ventisquero Negro.
Depois deste primeiro contato, cada uma de nós montou em seu cavalo e rumamos ao Ventisquero Negro, cujo acúmulo de massa de gelo no fundo do vale é composto por sedimentos de pedra e areia vulcânica com coloração negra, o que o converte num capricho único da natureza, já que se difere dos outros glaciares de cor branca imaculada. Ao chegarmos à base do glaciar, pudemos desfrutar a música produzida pelos frequentes desprendimentos de blocos das geleiras que despencam do Cerro Tronador.
Para o segundo dia, era imprescindível que o sol estivesse brilhando vigorosamente, já que iríamos enfrentar 1000 metros de subida até o Cerro Vulcânico. Seu caminho penetra bosques, cruza rios e córregos e anda por solo coberto de pedregulhos vulcânicos sempre rumo à face sul do Tronador. Além disso, tivemos o privilégio de cavalgar com neve, decorrente de uma tempestade atípica para a data, o que deixou o percurso ainda mais lindo e exigente.
Após um merecido descanso, saímos da base no terceiro dia em direção ao norte passando ao longo do rio Castaño Overo e admirando o sereno encanto de Lengas e Coihue, exemplares da região que colorem as estações com suas folhas. Chegando ao Glaciar Castaño Overo, também parte dos glaciares do Cerro Tronador, é possível admirar as cores azuis e brancas de sua parede de gelo. De lá, cai gentilmente uma cascata de 500 metros de altura, conferindo o toque final à viagem.
Por Julia Leonforte
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