Apaixonadas pelos Três Tambores, estas duas atletas tiveram que aprender a lidar com a falta de condições financeiras para se manterem em pista
Antes de mais nada, vale contextualizar que o significado da palavra amador, em seu sentido mais comum, é aquele que ama o que faz. Dessa forma, levando esse sentido para o esporte, o atleta amador, nada mais é, do que aquele que pratica determinada modalidade pelo amor, pelo prazer e, principalmente, com a grana do próprio bolso.
Como é o caso da médica veterinária Ana Paula Muniz, de 37 anos, e da treinadora Márcia Tavares Lucino, de 38 anos, que competem pelos Três Tambores. As duas precisaram e ainda precisam lidar com inúmeras dificuldades, como falta de condições financeira e apoio, para se manterem participando em provas na modalidade.
Por conta disso, o portal Cavalus resolveu conversar com estas duas competidores e saber um pouco mais da história de cada uma delas dentro do esporte. Confira!
Ana Paula Muniz
O envolvimento com o mundo dos cavalos não veio de berço, mas sempre esteve, de alguma forma, enraizado em Ana Paula. Ela lembra, inclusive, que desde muito pequena já falava sobre cavalos com os seus pais.
No entanto, foi depois de participar de muitas festas de rodeios que ela sentiu vontade de ser mais do que uma mera espectadora do evento. Ainda mais depois que viu a sua primeira prova de Três Tambores. Foi amor à primeira vista, garante ela.

Contudo, logo ela precisou lidar com as dificuldades de ser tornar uma atleta amadora, ou seja, arcar com as próprias despesas para competir pela modalidade. “Eu ouvi de familiares e amigos que o esporte não era para mim, que era esporte de gente rica”, lembra.
Depois, quando conseguiu comprar o seu primeiro animal de competição, precisou pedir ajuda para participar das provas. Buscava trocar o valor das inscrições em troca de trabalho. “Muita luta atrás de patrocínios e apoios. De pensar “Será que conseguirei pagar os custos este mês?”.
Tantas foram as dificuldades que, por um tempo, ela precisou parar de competir. “Fiquei em uma situação complicada que, ou cuidava da minha égua ou corria, pelos custos, não conseguia as duas coisas ao mesmo tempo, e resolvi ter ela ao meu lado. Ela até morreu comigo”, relembra.

Atualmente, Ana Paula está para retornar as pistas com um potro que ganhou do seu pai, o seu maior incentivador. Mas, mesmo assim, ainda encontra dificuldades para se manter no esporte que tanto ama. De acordo com ela, falta apoio dos núcleos e associações do meio.
“Deveriam pensar também em verbas sociais. Deveriam dar oportunidade para quem está na batalha, com mais competições em formatos 3D, inscrições e meios para competir justos e patrocínios para quem também obtém a necessidade. Se não tem oportunidades, fica complicado”.
Márcia Tavares Lucino
Apaixonada por velocidade e emoção, Márcia escolheu fazer parte do show do mundo dos Três Tambores. No entanto, já passou por inúmeras dificuldades para se manter em pista.
“Foram muitas vezes que fiquei sem comprar roupas ou móveis para casa, deixei de viajar com a família, deixei de sair, pois sabia que faria falta cada centavo”, desabafa a competidora.

Afinal, Márcia frisa que os gastos dela não se limitam só as provas, ela ainda precisa manter os seus animais com qualidade de vida.
“Uma vez pensei em desistir, tive grandes problemas financeiros e quase não consegui pagar o trato dos animais. Pensei o que estou fazendo se não mantemos nem um conforto, passeios e os filhos querendo mil coisas”, acrescenta.
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Contudo, foi o apoio da família que a fez se manter no meio do cavalo. “Não tinha como sair mais, estava enraizado esse jeito de ser e viver perto dos cavalos. E a família está toda unida e enfrentamos juntos as dificuldades”.
O amor de Márcia é tanto pelos Três Tambores que ela pretende organizar uma prova na sua cidade, em Paulínia/SP. “Quero fazer com que as pessoas conheçam e tenham contato com os cavalos Quarto de Milha, mudando assim a mente de muitos e construir uma boa história de vida”, finaliza.
Por Natália de Oliveira
Crédito das fotos: Divulgação