Três Tambores: o que acontece depois daquela ‘pegada’ na boca do cavalo

Claudia Ono fala em sua coluna da semana sobre os efeitos das embocaduras. Seu cavalo tem segurança dentro e fora de casa?

É muito comum nos Três Tambores as cenas de puxões nas rédeas, manobras cheias de movimentos de braços e mãos. Algumas vezes desmedidos, outras somente aleatórios. Mas isso não tira o efeito negativo dessa ação que demonstra uma baixa qualidade na equitação.

Quando você dá uma ‘catada’ na boca do seu cavalo, se esquece de que existe um ferro lá dentro. De tal forma que esse ferro causa dor e, principalmente, insegurança. De fato, a mesma insegurança que causaria dentro das nossas bocas. E olha que somos caçadores, não caças…

Psicologicamente, a ‘pegada’ causa receio e o cavalo rapidamente irá associar esse receio ao local onde a ação acontece. Ou seja, se der a ‘pegada’ no segundo tambor, logo ele entenderá que esse tambor é o local do castigo.

Mecanicamente: quando você pega forte o cavalo defende a boca (até nós faríamos isso). Assim como se perde no trabalho e deixa de focar no percurso para prestar atenção na embocadura. Além disso, a paleta dele escapa para fora e ele não consegue se manter no giro e acaba abrindo para se reequilibrar.

Os cavalos não nascem ansiosos ou nervosos, eles ficam assim como consequência das ações pelas quais passa na doma (principalmente) e inicio de treinamento. Se em casa tudo é tranquilo e seguro, quando sai para a prova existe a tensão do cavaleiro, as rédeas mais curtas, o reio, as ‘pegadas na boca’. Com isso ele aprende que na prova ele passará por situações ruins, que deve se defender disso.

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Por isso, nos Três Tambores e nas modalidades equestres de forma geral, algumas coisas não devem ser feitas nunca. Isso mesmo, nunca!

Se a adrenalina da prova de Três Tambores faz seu cavalo ficar mais duro de frente é porque ele fica mais ‘para frente’ também. Então mostre que não há motivo. Caminhe, trote, monte com seu corpo relaxado. Seja a mesma pessoa dos treinos, não mude. E trate seu cavalo como o mesmo cavalo dos treinos, não mude nada.

As consequências do aumento da pressão no dia da prova são: cavalos ansiosos, nervosos, que ‘amarram’ nas retas, que largam e só pensam em correr, que não largam, que brigam nos giros, que passam reto pelos tambores. Enfim, se mostrar ao seu cavalo que em casa ou fora dela, em treino ou em prova, tudo pode ser seguro, terá um cavalo seguro.

Apenas cavalos medrosos são inseguros. A insegurança gera nervosismo. Isso tudo reflete na hora da prova. E se ele trabalhar mal será ‘corrigido’ em casa; e tudo se agrava mais.

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O correto? Evitar o estrago ao invés de correr atrás de consertar depois

Imagine o seguinte: Todos os dias você chega na quadra da escola para jogar vôlei. Na entrada, para pegar a bola e iniciar o jogo, precisa passar por um corredor de pessoas e sempre uma delas dá um beliscão em você.

Isso aconteceu uma vez. Depois se repetiu semanalmente. Você entra na quadra, vê o corredor humano e a bola no final dele. Tem que pegar a bola para jogar, mas precisa passar pelas pessoas e levar um beliscão.

Ao final de um tempo, você estará nervosa antes de chegar à quadra. E vai sentir o beliscão toda a vez que pensar que precisa pegar a bola. Para consertar isso, as pessoas param de te beliscar. Mas você entra no corredor humano e acha que vai tomar um beliscão. Na semana seguinte, a mesma coisa.

Vai levar um bom tempo para você seguir relaxada até a quadra e passar pelo corredor para pegar a bola. Pense nisso. Pense no seu cavalo.

Por Claudia Ono
Três Giros
Crédito das fotos: Reprodução/Facebook

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