Nos últimos anos, o uso da tecnologia para os negócios envolvendo o cavalo se tornou ferramenta indispensável. Fotografia de cavalos em celulares, computadores, máquinas, aliadas com as redes sociais, aplicativos de mensagens e sites acabam favorecendo nos negócios.
Uma fotografia, um vídeo, um print da árvore genealógica dos animais tudo ajuda na hora dos negócios. E quantos negócios são feitos através destes canais? Animais enviados do sul para o norte, de leste a oeste. Tudo por causa de um vídeo ou uma simples foto.
Contudo, o negócio pode ser injusto, afinal, o que está por trás de uma fotografia de cavalos?
Uma história
Precisava de uma fotografia do tipo para ‘catálogo’. Até poderia ser com o meu celular, utilizando os aplicativos de cortar aqui, girar ali, até dar uma editada, colocar uma música de fundo, etc. Vamos aprendendo a lidar com isso.
Mas, decidimos contratar um fotógrafo, já que eu queria ver aquela baita máquina fotográfica fazendo ‘o registro. Não seria qualquer fotografia.
Assustei com o preço, mas contratei o serviço, pois sabia que era um bom profissional. Valeu cada centavo! A foto ficou linda, com brilho, contraste, luz, cor, e todas as coisas que o fotógrafo explicou.
O interessante foi uma das falas dele, quando perguntei sobre o trabalho. Ele me disse: “é tranquilo”.
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Por trás de uma fotografia de cavalos
Não, não é tranquilo. Uma fotografia pode ser só uma fotografia, mas o que está por trás dela ninguém imagina. Somente o criador tem ideia o que significa aquela imagem ou vídeo. Anos de trabalho e planejamento.
Começa antes mesmo do animal nascer. Planejamento do garanhão, qual utilizar, comprar coberturas, ir buscar o sêmen debaixo de temporal, expectativa da fecundação, foi absorvido ou não, veterinário indo e vindo dentro da propriedade. Enfim está em gestação.
A partir daí é marcar 11 meses, sim 11 meses de dedicação, alimentação, suplementação, exames, medicamentos, cuidados para não perder a cria, e com todos os cuidados ainda assim perdemos o embrião ou o feto. Recomeçamos tudo novamente, pois somos criadores. Dedicamos nossa vida à criação de cavalos. Faz parte.
Nasceu, tudo certo. Curar umbigo, ajudar nos primeiros passos, torcer para as onças não comerem o potro, e assim vai 7 meses até o desmame. Todos os dias vendo e cuidando, curando algum ferimento, tosando o animal, ensinado o uso do cabresto, tirando algumas cócegas, técnicas de imprinting, etc.
Desmamando, agora pensamos no futuro do potro. Vamos vender, vamos ficar, vai pro Laço, vai pro Tambor, o que vamos fazer com esse bichinho? Vamos vender, pois somos criadores, começamos a prepará-lo. Venderemos com 1 ano ou 2 anos? Tanto faz o trabalho é o mesmo, a dedicação é a mesma, o que muda é o tempo dedicado a criação do animal.
Exercícios, alimentos, água, baia, raspa, banho, enxuga, limpa cocheira, põe cepilho, tira cepilho, sal mineral; cura alguns ferimentos, suplementos, faz os cascos, minha nossa, e isso é todo dia.
Criador não tira férias
Algumas são duas ou três vezes no dia, não tem feriado, não tem sábado nem domingo. Não tem descanso, é uma vida, precisa comer, beber, dormir.
Em casa temos que organizar quem viaja, nunca a família viaja junto, alguém tem que ficar cuidando.
Por fim, temos o animal que achamos estar no melhor nível, no melhor momento. Organizamos o leilão, para quem será vendido ou até para uma publicação no Instagram ou Facebook.
Chega o fotógrafo. “É tranquilo”, ele fala. Não, não é. O talento dele não se discute, claro. Mas para nós foram 2 anos e meio até 3 anos de muita dedicação dia e noite, com chuva ou sol, todos os dias dos anos. Uma fotografia não poderia validar toda a dedicação para um animal. É injusto.
Mas somos criadores, fazemos por gosto e amor, às vezes somos recompensados pelo que fazemos, mas muitas vezes empatamos o negócio. É nosso ofício e amamos o que fazemos.
Colaboração: Luciano Ferreira Rodrigues Filho
Cavaleiro e Pesquisador | Campeira Dom Herculano
Crédito da foto de chamada: Divulgação/Pexels
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