Geral

Você está com a sua ‘fortaleza mental’ em dia?

Publicado

⠀em

Para montar cavalos será que é preciso, além da técnica, uma boa ‘mente’?

Alguns bons anos atrás, em um momento crucial da temporada de futebol no Brasil, o ídolo são paulino Rogério Ceni perdeu um pênalti. Quando jogava, o goleiro era o batedor oficial do time do São Paulo. Na época, estava errando as cobranças, uma seguida da outra.

Claro que os programas esportivos na TV estavam debatendo o assunto. Em um dos debates, o ex-jogador Sorin foi perguntado se Rogério devia ou não continuar a ser o batedor oficial do time. A resposta foi que se o goleiro tivesse sua fortaleza mental em ordem, devia sim assumir a responsabilidade.

Gostei muito do termo – fortaleza mental – e na hora relacionei a ideia com alguns cavalos que trabalho de vez em quando. São os acuados, os que começam a ter medo de tudo e parecem que perdem a confiança neles mesmos. Na maioria das vezes que recebo um cavalo assim, vejo que várias tentativas foram feitas para o quadro se reverter.

O cavalo passa pelas mãos de outros treinadores, instrutores, amigos dos proprietários e, por fim, vêm até a UC. Quando chega, monto como se não soubesse de nada e tento realizar algo, qualquer coisa, desde um simples galope no campo até um salto ou atravessar um desafio.

Vejo que durante o caminho até este desafio, ou mesmo quando estou passeando pelo campo, o cavalo já mostra medo, desconfiança e começa não querer fazer as coisas que proponho. Sob a analogia acima, está com sua fortaleza mental abalada. Desconfiança que muitas vezes é mal interpretada pelas pessoas. Desconfiança é a falta de confiança. Em que? Em tudo, pois se não faz algo simples, não faz muito mais do que isso…

Assim, quando recebemos estes cavalos, procuramos fortalecer sua fortaleza mental. Fazer com que primeiro este cavalo volte a acreditar na vida, nele mesmo, nas pessoas, no manejo, nas rotinas. Quando isto começa a acontecer, começam as mudanças no trabalho também.

Muitas pessoas não levam isto em conta, não acreditam e nem querem conversar sobre isto. Preferem outros caminhos, como trocar embocaduras, mudar os horários de trabalho, trocar de treinador ou mesmo de cavalo.

Se desfazem não somente do cavalo, que não tem culpa de nada, mas principalmente de uma oportunidade de dar a este cavalo objetivos e confiança. Deixar de desconfiar é confiar. Para isto, a fortaleza mental dos nossos cavalos deve sempre estar firme, pronta para os desafios que a vida vai colocando no dia a dia.

Por Aluísio Marins
Médico Veterinário e reitor da UC, instruindo cavaleiros a mais de 20 anos
Foto: Rockbrook Camp

WordPress Ads
WordPress Ads