Evelino Rocha, sem dúvida, é uma grande referência como treinador e competidor de Três Tambores no Brasil. Recordista mundial da modalidade em 2017 e 2021, campeão com múltiplos títulos, mais de 50 tempos na casa dos 16 segundos, seguiu em busca de um sonho antigo, trabalhar com cavalos nos Estados Unidos.
Nascido em um lugar distante da realidade do Quarto de Milha, sem recursos e estrutura, Evelino Rocha começou a treinar Tambor tarde, em relação a maioria dos treinadores. Mas isso não o impediu de alçar vôos altos. Conversamos com ele, que contou um pouco dessa sua nova fase, confira!
Evelino Rocha, quando e como tomou a decisão de ir morar, treinar e competir nos EUA?
“Desde muito novo, sonhei em morar e viver de treinar cavalos nos Estados Unidos. Sempre tive esse objetivo em mente e tracei um plano para alcançá-lo. Comecei minha carreira nos Três Tambores no Espírito Santo, com o Cicinho Varejão. Após dois anos trabalhando lá, ganhei o Potro do Futuro Castrado da ABQM, em 2009, com o primeiro potro que treinei na modalidade. Com esse resultado, recebi algumas propostas para ir para São Paulo, mas preferi seguir meu plano e ficar mais dois anos e meio com o Cicinho, ganhando experiência.
Depois, fui para o Paraná, um estado com nível competitivo alto e mais próximo de São Paulo. Trabalhei quatro anos lá, sendo dois no Rancho 3S, com a família Slaviero, e dois no Rancho Brasil, com a família Bueno. Em seguida, fui para São Paulo, onde permaneci por oito anos.
Passados dois anos lá, quebrei meu primeiro recorde mundial, em 2017. Tive propostas para vir para os EUA, mas optei por ficar [no Brasil] e tentar mais resultados com a égua que estava montando, então quebrei novamente o recorde mundial em 2021. Acabei criando vínculos e ficando mais tempo do que imaginava”.
E qual foi o gatilho para essa virada de 360 graus na vida e na carreira?
“Após dois acidentes entre 2021 e 2022 e um processo de recuperação muito doloroso, comecei a achar que meu sonho de vir para os EUA já tinha passado. Mas, em outubro ou novembro de 2023, recebi uma nova proposta. A princípio recusei, pois tinha uma boa parceria com o Haras Zopone. Mas, com o fim dessa parceria, decidi aceitar a oportunidade.
Entrei em contato com quem havia feito a proposta, conseguimos toda a documentação e, felizmente, deu tudo certo. Hoje estou nos Estados Unidos, realizando um sonho antigo e já conquistando bons resultados em pouco tempo.
O sonho sempre existiu, mas, por ter criado vínculos no lugar onde eu trabalhava, fui adiando, adiando. Cheguei até achar que já não fazia mais sentido vir para os Estados Unidos. No entanto, com o fim da parceria, decidi retomar esse sonho. Então, resolvemos mudar para cá e tentar novamente conquistar aqui o mesmo sucesso que tive no Brasil”.
Conte-nos dos primeiros meses
“A chegada foi especial — sempre foi um sonho morar aqui. Mas o lugar para onde viemos, o Colorado, tem um clima muito difícil, especialmente no inverno, que foi justamente quando chegamos. Os primeiros meses foram bastante desafiadores por causa do frio, mas eu me mantive motivado.
Logo que cheguei, comecei a montar alguns potros e gostei muito do que estava fazendo. Isso me motivou ainda mais para o BFA [grande prova de potro do futuro], que aconteceria no final do ano — minha primeira participação nesse Futurity, que é o maior do mundo.
No fim, todo esforço valeu a pena. Consegui o terceiro lugar na categoria de potros inéditos de 4 anos, competindo entre os melhores do mundo. Além disso, fiquei em segundo lugar no ‘Rookie of the Year’, que premia os estreantes no BFA. Fiquei muito feliz com esses resultados e senti que, para uma primeira participação, me saí muito bem”.
Como estão hoje?
“Continuo morando no Colorado e sigo montando os potros que estrearam em novembro no BFA e também já preparando novos para o BFA desse ano. Os principais que estou trabalhando atualmente são: Epic Lead, Mr Sassy French e Slick by Design — três potros muito promissores.
No início deste mês, competi em um Futurity em Nebraska, o Triangle Cross Futurity, na cidade de McCook, e conquistei primeiro e segundo na média do evento, o que foi uma grande conquista para mim.
Minha rotina aqui é bastante parecida com a que eu tinha no Brasil, pois continuo seguindo meu programa de treinamento. Claro, fiz algumas adaptações, já que aqui as pistas variam muito de tamanho e os cavalos precisam estar preparados para essas mudanças, além das longas viagens, que são comuns nos Estados Unidos. Os futurities acontecem em vários estados e em diferentes regiões do país.
Tudo isso traz muitos desafios, mas também oportunidades de crescimento. Esses fatores exigem mais preparo e dedicação, e é isso que me motiva: estar sempre aprendendo e buscando ser um treinador e apresentador cada vez melhor”.
Acompanhe a carreira de Evelino Rocha: @evelinorocha.
Fotos: Arquivo Pessoal
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